quinta-feira, 3 de abril de 2025

ESPECULAÇÕES SOBRE O CAPÍTULO DÉCIMO DO LIVRO PRIMEIRO DE O CAPITAL.

Karl Marx oferece, no capítulo décimo do livro primeiro de sua obra magna, uma resolução para um certo paradoxo de sua teoria econômica, a saber: o que moveria o capitalista individual a buscar continuamente um aumento da força produtiva do trabalho, mediante investimento em capital fixo e decorrente aumento da composição orgânica do seu capital, se isto conduz tendencialmente a um declínio de sua taxa de lucro?

Ora, diz Marx, tal aumento da força produtiva do trabalho conduz a uma redução do tempo de trabalho necessário para que o capitalista individual produza sua mercadoria individualmente considerada, de tal sorte que ele pode então reduzir o preço de tal mercadoria e derrotar, portanto, a concorrência, com favorecer o processo de centralização de capital e formação de monopólio, o que embota o aguilhão concorrencial e permite a imposição de preços administrados, afastando, destarte, o espectro da lei tendencial da queda da taxa de lucro.

Faz-se mister, todavia, observar que o capital fixo também transfere seu valor, no processo de circulação do capital total, para a mercadoria individual produzida pelo capitalista individual, de sorte que disso se dessume uma lei econômica cujo enunciado poderia ser:

"Para que haja efetiva diminuição do preço individual da mercadoria mediante aumento da produtividade decorrente de investimento em capital fixo, o incremento da força produtiva do trabalho deve ser tal que compense o acréscimo de valor paulatinamente transferido aos produtos pela circulação de tal capital fixo"






por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.   

quarta-feira, 2 de abril de 2025

MARGINALISMO, FASE MONOPOLISTA DA TEORIA DO VALOR.

Habitualmente, a teoria marxista do valor econômico vem associada à classe trabalhadora, ao passo que a teoria marginalista do valor econômico vem associada à classe capitalista, de tal sorte que seriam mutuamente excludentes do ponto de vista epistemológico. 

Discordo em parte. 

A teoria marxista do valor, na verdade, é característica da fase histórica do capitalismo concorrencial, quando os lucros são hauridos basicamente da extração da mais-valia no âmago do processo de produção de capital, enquanto o marginalismo é característico da fase monopolista do capitalismo, quando os lucros são também, mas não somente, extraídos no processo de circulação de capital mediante imposição de preços administrados.

Faz-se mister, todavia, aduzir que, malgrado sejam teorias complementares, nos termos acima declinados, o marxismo determina o valor das mercadorias, enquanto o marginalismo detemina o respectivo preço. 

Conjecturas sub judice. 





por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

MONOPÓLIOS E PREÇOS

Parece lícito esgrimir que, nas fases mercantilista e monopolista da história econômica do capitalismo, os lucros são obtidos em grande medida na esfera da circulação de mercadorias ou de capital, mediante a imposição de preços administrados, ensejados pelo jaez exclusivista ínsito ao monopólio, de tal sorte que não há que se cogitar em extração de lucros pela produção de sobrevalor ou mais-valia, mas em apropriação de valores já produzidos, com vantagem de uma parte, em detrimento de outra, envolvidas nesta circulação de mercadorias ou de capital.

De tal asserção não resulta que no capitalismo monopolista inexista a extração de mais-valia no processo de produção de capital, mas sim que tal mais-valia é complementada na esfera da circulação de capital mediante estes preços administrados, com realização de lucros extraordinários.

Tema a desenvolver. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

terça-feira, 1 de abril de 2025

MONOPÓLIO E CONCORRÊNCIA NA HISTÓRIA ECONÔMICA

1. No período histórico do capitalismo mercantilista, na época moderna em que se observa a subsunção meramente formal do trabalho no capital, na indústria manufatureira, os lucros são basicamente hauridos no processo de circulação de capital, mediante o suporte dos monopólios e do exclusivo colonial (na nomenclatura adotada por Fernando Novais), mantidos pelo Estado absolutista e pelo antigo sistema colonial, máxime pelo mecanismo das diferenças de preços entre metrópole e colônia. 

2. No período histórico do capitalismo concorrencial, em que se observa o advento da maquinaria e grande indústria e a respectiva subsunção real do trabalho no capital, os lucros são hauridos basicamente no processo de produção de capital, mediante a extração da mais-valia absoluta e relativa, descritas por Karl Marx em sua monumental obra intitulada O Capital. 

3. No período histórico do capitalismo monopolista ou imperialismo, tão bem investigado por Lenin, Luxemburgo e respectivos discípulos como Sweezy e Baran, os lucros voltam a ser hauridos basicamente no processo de circulação de capital, mediante a imposição de preços administrados. 

4. Infere-se, do exposto, que há um certo pêndulo histórico entre monopólio e concorrência na história econômica do capitalismo. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.