Na epistemologia em geral, e no âmbito do marxismo em particular, há um certo embate provecto e vetusto entre os métodos indutivo e dedutivo, correspondentes respectivamente ao empirismo britânico e ao racionalismo francês.
No marxismo, tal embate adquiriu contornos de paroxismo na querela específica entre os autores Edward Palmer Thompson e Louis Althusser, sobre o qual já se discorreu neste portal eletrônico no texto intitulado "Breve escrito experimental", em que se releva o empirismo agudo do primeiro, com suas categorias históricas, e o racionalismo exacerbado do segundo, com seus vetores de determinações estruturais do capital.
Em Thompson, o tempo empírico corresponde aos indivíduos concretos, em suas manifestações culturais, o que remete ao tempo do segundo estudo da vertente série; em Althusser, o tempo é substituído pela lógica, como em um planetário (na analogia adotada por Thompson) de movimentos determinados, o que conduz ao tempo da física do primeiro estudo desta mesma série.
Escapa a ambos estes autores a lógica do tempo histórico, aquele da Ciência da Lógica de Hegel, tão bem estudada por Lênin em sua leitura de O Capital, em que as categorias econômicas de mercadoria, dinheiro e capital sucedem-se ao longo do tempo para conformar o modo capitalista de produção.
Marx supera destarte os métodos indutivo e dedutivo da lógica apofântica com seu método materialista dialético, em que as categorias econômicas são a um só tempo históricas e lógicas, vale dizer, categorias concretas, correspondentes ao empírico pensado, apropriado pelo pensamento mediante a lógica dialética.
(pelo coletivo do Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores)