quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A universalidade da matemática.

 Diz-se que a matemática constitui uma linguagem universal que transcende os variegados idiomas nacionais e dialetos, no que estou plenamente de acordo.


Mas isso acontece na exata medida em que as categorias econômicas de mercadoria, dinheiro e capital também exibem-se universais, com suplantar as determinações sócio-culturais de cada nação.


Isto porque os números e a matemática, consoante já postulado aqui por diversas ocasiões, são fruto de tais relações de produção contraídas pelos seres humanos entre si.


A evolução histórica da matemática segue, portanto, o evolver de tais relações de produção, cabendo destacar que o estabelecimento desta unidade de cursos entre matemática e economia ainda permanece inédito, mas tudo leva a crer que a superação histórica das relações de produção capitalistas pelo modo comunista de produção, que sobrepujará as diferenças de classes e de Estados nacionais, poderá alçar a matemática a um patamar ainda mais universal.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A matemática como ciência humana.

 No breve discurso das hipóstases publicado neste portal eletrônico, tivemos a oportunidade de postular que os números e a matemática são resultado da relação de produção consubstanciada na mercadoria e desenvolvimentos históricos ulteriores, como dinheiro e capital e, nessa exata medida, existem como criação humana, na mesma medida em que a sociedade é uma criação humana.


Em suma, existem como algo humano, demasiado humano, conquanto habitualmente associados às ciências ditas “exatas”.


Demais disso, vimos também que o dinheiro, como relação de produção alienada entre os seres humanos, oculta a realidade subjacente da exploração do homem pelo homem por meio das variegadas formas históricas da mais-valia, sendo o capital a forma mais atual dessa exploração.


Logo, podemos dessumir que os números e a matemática, conquanto funcionais no mundo dominado pelo capital, encobrem a essência desse universo, que é a exploração econômica do trabalho alheio.


A superação histórica vindoura do modo capitalista de produção pelo comunismo mundial entronizará, provavelmente, novas formas de linguagem sucedâneas da matemática, mas por ora é dever do cientista social e do historiador suplantar a aparência dos números, que o capital lhe oferece diretamente aos sentidos, para haurir a medida verdadeira da exploração econômica do trabalho alheio pressuposta na extorsão da mais-valia.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinheiro como aparência.

 O dinheiro, como forma de abstração econômica mais profunda, encerra o condão de ocultar as variegadas manifestações da exploração do homem pelo homem, a saber, as diversas figuras históricas assumidas pela mais-valia, cabendo destacar que, até o século XVIII da era cristã, o capital comercial extorque tal mais-valia mediante variações de preços na compra e na venda de suas mercadorias, na maior parte das vezes com o concurso de onerosos aparatos militares que constituem o assim designado antigo sistema colonial.


A acumulação primitiva e a inserção do capital na orbe da produção tornam esse colonialismo de jaez antediluviano, de certa forma, despiciendo, com a extorsão da mais-valia agora haurida diretamente no âmbito do processo de trabalho, mas o dinheiro remanesce como forma de ocultação da exploração do trabalhador, e quanto mais intensa tal exploração, mais imaterial a moeda, que de metálica passou a fiduciária e, hodiernamente,  eletrônica e virtual.


Os apologetas do dinheiro exibem-se, portanto, como supedâneos dessa forma de ocultação da mais-valia, sendo certo que o socialismo científico desvelou-se pioneiro na denúncia de tal camuflagem econômica, ao transpor as aparências dos preços e do dinheiro em direção à descoberta do valor e da mais-valia.


O dinheiro, por conseguinte, deve ser considerado como a aparência que oculta a essência da mais-valia, e os preços como cortina de fumaça do mundo da exploração econômica do trabalho alheio.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Hipótese metodológica de história econômica.

 Não são os seres humanos que importam para a história econômica, mas as relações de produção que eles estabelecem entre si e que os governam.


O universo empírico na história econômica somente se revela nos preços, e não nos valores das mercadorias, e portanto configura uma forma meramente mediata e indireta de se haurir a medida de exploração do homem pelo homem.


Mas é no curso do tempo, no devir que se torna inteligível tal exploração, parecendo lícito aventar que a história econômica, portanto, deve ir além do universo empírico que se lhe apresenta de forma imediata e direta.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Conjecturas sobre história econômica mundial.

 1. Anteriormente ao advento da revolução industrial inglesa do século XVIII, partes da Europa constituem impérios de alto custo burocrático-militar para garantir o fornecimento de produtos exóticos ultramarinos nos seus mercados internos, mercadorias essas compradas a preços reduzidos e vendidos a elevados preços, de tal sorte que a mais-valia do capital comercial é extorquida tanto de produtores quanto de consumidores mediante tais variações de preços.


2. Após a mencionada revolução, a Inglaterra constitui um também custoso império colimando a imposição e venda de seus produtos industrializados ao redor do mundo, para garantir a realização da mais-valia extorquida do proletariado britânico.


3. Parece que o alto custo dos aparatos burocrático-militares acima aludidos refrearam uma acumulação capitalista mais intensa na Europa, que acabou por ser penalizada pelo pioneirismo comercial de seus impérios, com conduzir o Velho Continente europeu à certa decadência que veio a favorecer a ascensão econômica dos Estados Unidos da América, que se beneficiaram, por sua vez, desse pioneirismo comercial europeu quanto à abertura e formação de um mercado mundial de produtos da maquinaria e grande indústria.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

LULA ESTRATEGISTA

 Lula estrategista:


A luta contra a ditadura militar que se instalou no Brasil 🇧🇷 a partir de 1964 desvela alguns aspectos interessantes:


A forma mais violenta dessa contenda, a saber, a guerrilha urbana, bem como fora das cidades, não se exibiu eficaz contra o aparato militar estatal.


Lula observou tal fenômeno e enveredou por uma forma de resistência mais efetiva: a luta eminentemente econômica por meio das greves, que ameaçaram a base industrial em que radicava a ditadura, com lograr êxito político inconteste contra o aparato estatal de tal regime ditatorial.


Fica a indagação:


Via militar ou via econômica de resistência e revolução políticas?


Parece que nos países mais industrializados e urbanizados, a segunda forma é mais importante.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Versatilidade capitalista

 No capítulo décimo do livro primeiro de sua obra magna, O Capital, Marx supõe que o capitalista pioneiro, ao introduzir inovação técnica no processo de produção apta a aumentar a força produtiva do trabalho, aufere lucros extraordinários em razão da redução dos preços de seus produtos, derrotando destarte a concorrência.


Todavia, hodiernamente a inovação do processo de produção vem acompanhada de inovação no valor de uso do produto, o qual, por atender a novas necessidades humanas de consumo, atinge preços mais elevados, o que encerraria o condão de atribuir ao capitalista pioneiro, da mesma forma, lucros extraordinários.


Tal combinação de preços obtidos pelo capitalista pioneiro atribui uma notável versatilidade ao modo de produção capitalista.




Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Ainda sobre marxismo e marginalismo historicamente examinados.

 As teorias marxista e marginalista do valor econômico atrelam-se ao duplo caráter da mercadoria enquanto valor de troca e valor de uso, o primeiro caráter associado à produção e o segundo à circulação de mercadorias.


Anteriormente ao advento histórico da penetração do capital no âmbito da produção de mercadorias, interessam aos mercadores europeus os valores de uso exóticos não encontrados na Europa, tais como especiarias, seda, porcelana etc, produzidos principalmente na Ásia, razão pela qual Portugal, pioneiro na expansão marítima europeia, estabelece um império no continente asiático como garantia do fornecimento a preços baixos de tais valores de uso exóticos, que eram vendidos a altos preços na Europa.


Na América do Sul, todavia, não existia um sistema produtivo de mercadorias exóticas já em funcionamento, razão pela qual Portugal foi compelido a implantar aqui um sistema escravista de produção de mercadorias exóticas, particularmente o açúcar, para fornecimento na Europa a elevados preços, conquanto adquiridos a baixos preços por intermédio do exclusivo colonial.


Os altos custos militares e burocráticos destes impérios asiático e americano estabelecidos por Portugal impediram uma acumulação primitiva de capital neste país, acumulação esta que acabou por verificar-se na Inglaterra, onde o capital penetrou pioneiramente no âmbito da produção de mercadorias, especialmente na já desenvolvida indústria têxtil no país anglo-saxão.


Com essa revolução industrial na Inglaterra no século XVIII, o capital pode enfim extrair seu lucro não apenas nas variações de preços das mercadorias, especialmente as exóticas, mas agora também na mais-valia extorquida dos próprios trabalhadores despojados dos meios de produção, o que lhe permite revolucionar tecnicamente de modo contínuo o processo de produção de mercadorias, bem assim o processo de circulação de mercadorias mediante a inauguração de novos valores de uso, inclusive como forma de arrostar a lei do declínio tendencial da taxa de lucro descoberta por Karl Marx, mercê dos elevados preços desses valores de uso inauditos.


Destarte, podemos dessumir que, grosso modo, se o marginalismo teórico explica bem a época dos lucros decorrentes das variações de preços típica do capital restrito ao âmbito da circulação de mercadorias, a hodierna época de processo de produção, e não apenas circulação, tipicamente capitalista pode ser bem desvelada pela teoria marxista do valor econômico, sem olvidar, todavia, o marginalismo quanto às inovações capitalistas nos novos e inauditos valores de uso.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Abstração econômica e sua superação.

 Anteriormente ao advento da relação de produção consubstanciada na mercadoria, a economia para a própria subsistência exibe-se concreta, no sentido da unidade entre a produção e o consumo, entre necessidade e sua satisfação.


Com advento da relação de produção consubstanciada na mercadoria e a correspondente divisão social do trabalho, rompe-se aquela unidade e a economia torna-se abstrata, no sentido de que os produtores perdem o controle sobre a satisfação das próprias necessidades.


Esta abstração econômica aprofunda-se com a transformação da força de trabalho em mercadoria e a decorrente cesura entre produtores e proprietários dos meios de produção.


A propriedade coletiva mundial dos meios de produção pelos trabalhadores, a ser implantada pelo modo comunista de produção, bem assim a planificação econômica que atribuirá a cada um segundo suas necessidades, com exigir de cada um segundo suas potencialidades, resgatará a economia concreta, com a decisão coletiva sobre produção e consumo de cada indivíduo retomando as rédeas da história econômica da humanidade.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.