sábado, 30 de novembro de 2024

ESTATISMO E LIBERALISMO

 Durante o período histórico da subsunção meramente formal do trabalho no capital, ou seja, na época da manufatura anteriormente à revolução industrial inglesa do século XVIII, os lucros são auferidos basicamente no processo de circulação de mercadorias, e o protecionismo estatal exibe-se robusto.


Com a mencionada revolução industrial, os lucros passam a ser hauridos eminentemente no processo de produção de capital, com o consequente advento do liberalismo econômico, que predominou durante todo o século XIX.


No século XX, com a segunda revolução industrial que trouxe novos valores de uso consubstanciados nos bens de consumo duráveis produzidos pela indústria mecânica pesada, o liberalismo entra em fase de refluxo, sendo certo que os lucros passam a ser extraídos em grande medida no processo de circulação de capital.


A hodierna revolução digital revigorou o liberalismo, ao entronizar novas formas de produção e exploração do trabalho agora eminentemente intelectual, de tal sorte que os lucros voltaram a ser auferidos em maior escala no processo de produção de capital.


A alternância entre protecionismo e liberalismo parece, pois, derivar da forma predominante de obtenção e maximização dos lucros.


Conjectura sub judice.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO CAPITAL FIXO

Já ventilamos aqui a hipótese de que o capitalismo hodierno, produtor de software como mercadoria de vanguarda por excelência, pressupõe a compra e venda da força de trabalho eminentemente intelectual, no que encetou uma profunda subversão na divisão do trabalho clássica entre trabalho manual (proletariado) e trabalho intelectual (capitalistas).

Todavia, esse capital moderno da atualidade, produtor de software, ainda não efetuou a subsunção real desse trabalho intelectual, quedando ainda em vigor a subsunção meramente formal do trabalho intelectual no capital, em evidente analogia com a época da manufatura (anterior à grande revolução industrial inglesa do século XVIII) em que o trabalho manual ainda não se subsumia no capital de forma real. 

A incipiente inteligência artificial de nossa época, entretanto, exibe a tendência, vale dizer, a possibilidade histórica de vindoura subsunção real do trabalho eminentemente intelectual no capital produtor de software, em evidente simetria com a maquinaria e grande indústria no que pertine ao trabalho eminentemente manual, de tal sorte que essa inteligência artificial poderia ser, no futuro, enquadrada conceitualmente como capital fixo, da mesma forma como a maquinaria também exibe o jaez de capital fixo. 

A viabilidade energética desse novo capital fixo consubstanciado na inteligência artificial, no entanto, vem sendo questionada, o que pode inverter a tendência histórica supracitada.

São hipóteses sub judice. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  





terça-feira, 26 de novembro de 2024

PRINCIPAL E ACESSÓRIO

Em sua obra intitulada "Sobre a contradição", o grande líder chinês Mao Tsé-Tung encetou uma fértil, fecunda e nada trivial distinção entre contradição principal e contradição secundária, ou acessória, cuja atualidade parece-me indiscutível. 

Sim, hodiernamente experimentamos não somente a velha contradição, vaticinada pelo socialismo científico, entre relações de produção e forças produtivas, consubstanciada nas recorrentes crises financeiras do modo capitalista de produção; mas também a contradição entre forças produtivas e equilíbrio ecológico, evidente na crise climática atual e urgente. 

Isto posto, indago-me: qual destas duas contradições é a principal, nos termos maoístas mencionados?

Colho do ensejo para destacar uma interessante opinião de alto executivo da empresa de tecnologia OpenAI, que afirma não haver sustentabilidade energética no mundo para a vindoura inteligência artificial que se insinua atualmente, malgrado essa tecnologia constitua a vanguarda das forças produtivas no capitalismo da época corrente. 

Nesse diapasão, quer me parecer que a contradição principal reside na oposição entre relações de produção e forças produtivas, pois o que fomenta o desenvolvimento inexorável e descontrolado destas últimas são as necessidades capitalistas, de tal sorte que a crise ecológica seria, nesse sentido, um epifenômeno desta contradição principal. 

São conjecturas incipientes para debate. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A DESCOBERTA DA MAIS-VALIA

 Adam Smith cingiu-se ao processo de produção de capital, enquanto os neoclássicos enfatizaram o processo de circulação de capital, mas nenhuma dessas correntes teóricas divisou em profundidade a compra e venda da força de trabalho.


Keynes vislumbrou tal compra e venda da força de trabalho, mas cingiu-se ao seu trato no âmbito do processo de circulação de capital, como ocorre com Arthur Cecil Pigou, o expoente neoclássico que ele se propôs a criticar; Keynes hauriu avanços em relação a Pigou, sem subvertê-lo completamente.


Karl Marx foi mais longe e desvelou a extração da mais-valia ao tratar a compra e venda da força de trabalho como momento do processo de produção de capital, deslocando-a do processo de circulação de capital, e nisso consiste o jaez radical e revolucionário de sua obra.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 24 de novembro de 2024

VISIONÁRIOS E MALDITOS

 Os dois maiores economistas da história, Karl Marx e Nicholas Georgescu-Roegen, expuseram de forma sistemática os limites do modo capitalista de produção e, assim, malgrado visionários, tornaram-se malditos na academia, dominada pelos clássicos e neoclássicos liberais, os quais foram objeto de acerba crítica desses dois gigantes da ciência.


Argumentarão que olvidei o nome de John Maynard Keynes, outro gigante infenso ao mainstream econômico, mas o britânico cingiu-se aos parâmetros do processo de circulação de capital, encerrando-se nos limites clássicos da oferta e demanda econômicas, na exata medida em que se propunha, na verdade, a corrigir os rumos do capitalismo, mas não a transcendê-lo.


Marx, ao contrário, expôs radicalmente as contradições endógenas do capitalismo e seus limites intransponíveis, mostrando sua injustiça, nas desigualdades sociais, e sua ineficiência, nas crises periódicas, com preconizar sua substituição por um modo de produção superior, o comunismo.


Georgescu-Roegen também demonstrou, um século depois de Marx, em 1971, os limites biofísicos e termodinâmicos do capitalismo, antevendo a hodierna crise ecológica desse modo de produção, e preconizou o decrescimento como forma de a transcender.


Marx e Georgescu-Roegen posicionaram-se radicalmente infensos ao lucro capitalista, e por isso são malditos, algo que Keynes, de certa forma, não ousou combater, restando mais aceito no âmbito acadêmico.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

REVOLUÇÃO DIGITAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Destacamos, no texto imediatamente precedente, que a revolução industrial inglesa do século XVIII encetou a compra e venda em larga escala da força de trabalho eminentemente manual, inserindo o dinheiro no âmago do processo de produção de mercadorias, com a consequente subsunção real do trabalho eminentemente manual no capital, mediante sua direção pela maquinaria e grande indústria, sendo certo que engendrou, na orbe da política econômica, o movimento liberal. 

Pois bem:

De forma simétrica, a hodierna revolução digital encetou a compra e venda em larga escala da força de trabalho eminentemente intelectual na produção de software, com a consequente subsunção meramente formal do trabalho eminentemente intelectual no capital, com engendrar o movimento neoliberal de política econômica.

É de se esperar que a inteligência artificial passe, daqui a alguns anos, a dirigir a força de trabalho eminentemente intelectual, como a maquinaria e grande indústria dirige a força de trabalho eminentemente manual, com promover a subsunção real desse trabalho eminentemente intelectual no capital. 

São hipóteses sub judice.



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

DO ASPECTO SUBVERSIVO DA REVOLUÇÃO DIGITAL

1. A grande revolução industrial inglesa do século XVIII promoveu a introdução do processo de circulação de mercadorias no âmago do processo de produção de mercadorias, com a consequente compra e venda da força de trabalho eminentemente manual e a consumação da subsunção real do trabalho no capital mediante surgimento da maquinaria e grande indústria.

2. A hodierna revolução digital, por seu turno, promoveu a introdução do processo de produção de capital no âmago do processo de circulação de capital, nomeadamente ao inserir a compra e venda da força de trabalho eminentemente intelectual na produção da mercadoria consubstanciada no software, o qual serve basicamente para acelerar o processo de circulação de capital. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

ELEMENTOS PARA UM ESBOÇO DE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO

1. Mercantilismo e fisiocracia consistem em duas facetas do período da subsunção meramente formal do trabalho no capital, ou, mais especificamente, do período da manufatura, em que os lucros são auferidos primordialmente, ainda, no processo de circulação de mercadorias, com os mercadores comprando barato, e vendendo caro, os produtos ainda de jaez predominantemente agrícola, como no antigo sistema colonial brilhantemente descrito por Fernando Novais, cabendo destacar que esta dualidade entre mercantilismo e fisiocracia decorre precisamente da situação em que a maior parte da produção permanece ainda atrelada à esfera agrícola, enquanto os lucros são extraídos das diferenças de preços no âmbito da circulação de mercadorias.

2. A teoria do valor-trabalho, encetada por Adam Smith em 1776, já é característica da subsunção real do trabalho no capital promovida pela grande Revolução Industrial inglesa do século XVIII, em que os lucros são auferidos predominantemente na orbe do processo de produção de capital, onde já prevalece a maquinaria e a grande indústria, impondo-se destacar que a crítica de tal vertente de pensamento econômico foi efetuada por Karl Marx, que desvelou a extorsão de mais-valia precisamente nesse processo de produção de capital; faz-se mister anotar, todavia, que a compra e venda da força de trabalho, talvez, possa ser subsumida no processo de circulação da capital, mas esta hipótese ainda pende de averiguação.   

3. O marginalismo econômico, da segunda metade do século XIX, também denominado "revolução marginalista", prenuncia a segunda revolução industrial, difusa na Europa e Estados Unidos da América, que incidiu não somente no processo de produção de capital, mas também no processo de circulação de capital, na exata medida em que engendrou novos valores de uso, cuja utilidade inaudita e, portanto, seu elevado valor econômico deslocou mais uma vez a extração de lucro, predominantemente, para o âmbito da circulação de capital, máxime considerando o declínio tendencial da taxa de lucro decorrente do aumento da composição orgânica do capital, cabendo destacar que a crítica do marginalismo, empreendida por John Maynard Keynes em 1936, não rompeu radicalmente com a teoria criticada, eis que, como esta, também cingiu-se ao processo de circulação de capital, conquanto tenha entronizado a demanda efetiva, em substituição à oferta econômica de Jean-Baptiste Say, como promotora da prosperidade no modo capitalista de produção. 

São elementos e conjecturas para estudo. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

domingo, 17 de novembro de 2024

CINEMA: O PODEROSO CHEFÃO, DE FRANCIS FORD COPPOLA.

A logomarca da exitosa saga cinematográfica intitulada "O poderoso chefão", de autoria de Francis Ford Coppola, exibe um manípulo de títere, em forma de cruz, segurado por uma mão desprovida de braço.

Aventaria a hipótese de que tal títere representa os indivíduos alienados pelo capital, enquanto a mão é o sucedâneo das relações de produção capitalistas que regem tais indivíduos de forma heterônoma, a saber, de forma infensa à sua volição.

Sim, pois é de capitalismo que se cuida: da teoria marginalista do valor econômico dessume-se que as mercadorias de valor de uso inaudito, ou de utilidade elevada, são mais valiosas, mas o mesmo acontece com as mercadorias ilícitas, que ensejam vultosos lucros ao capital, digamos, criminoso. 

Ora, malgrado católicas, as famílias mafiosas torturam e assassinam em nome desses lucros exorbitantes; isto é, o capital, conquanto ilícito, rege e manipula tais famílias, os títeres da logomarca acima mencionada, contra suas crenças religiosas cristãs.

Como diria Marx, a violência é a parteira de toda velha sociedade que está prenhe de uma nova, e o sonho capitalista americano pode converter-se, então, em pesadelo de matança desenfreada. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

sábado, 16 de novembro de 2024

CINEMA: A ESTRADA PERDIDA, DE DAVID LYNCH.

Há uma película cinematográfica desprezada, de certa forma, pela crítica especializada, mas que, no meu humilde modo de entender, está destinada a se convolar em clássico atemporal: cuida-se do filme intitulado "A estrada perdida" (Lost Highway, no original em inglês) de 1997, realizado por David Lynch, consagrado cineasta estadunidense.

Sob a sombra do lendário britânico Alfred Hitchcock, cuja obra "Um corpo que cai" (Vertigo, no idioma original) é homenageada na personagem da atriz Patricia Arquette (cuja cabeleira muda de cor, como aquela de Kim Novak em Vertigo), David Lynch oferece-nos uma profunda reflexão estética sobre a faceta mimética das artes.

Nesse diapasão, cabe aduzir que Pablo Picasso operou uma revolução abrangente ao romper com o figurativismo clássico, pois, evidenciando que a tela plana de sua obra pictórica não encerra a dimensão da profundidade, pintou figuras que são vistas de vários ângulos e perfis ao mesmo tempo, rompendo com a veleidade de mimetizar tal profundidade em seus quadros.

David Lynch, por seu turno, no filme em testilha, encetou uma ruptura revolucionária da veleidade cinematográfica de reproduzir a dimensão do tempo, supostamente inerente ao cinema. 

Sim, a película de Lynch exibe um tempo circular, não linear, em que a narrativa termina da mesma forma como começa, malgrado de forma invertida, e rompe com o princípio da identidade individual de suas personagens, que se transformam em outras tantas ao longo de um enredo alucinatório. 

Logo, Lynch convida-nos, com sua obra, a refletir sobre a natureza do tempo: seria uma dimensão objetiva como aquela descrita por Albert Einstein, que colima o movimento relativo dos corpos, ou uma dimensão subjetiva consoante retratada por Henri Bergson, que destaca a memória como promotora da identidade individual? 

Enfim, "A estrada perdida" é uma obra underrated até o momento, mas talvez o curso do tempo (ops!) o converta em clássico atemporal.



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

SALÁRIO MÍNIMO E REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

Consoante muito bem enfatizado pelo companheiro EDUARDO BELLANDI, que, apesar de tudo, ainda contribui significativamente com o debate no âmbito deste NÚCLEO DE ESTUDOS DO CAPITAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES, a adoção da redução da jornada de trabalho, ora em discussão, não surtirá os efeitos aguardados e poderá restar falaciosa, e mesmo um grande fiasco, se não for acompanhada por uma política pública de preservação do poder aquisitivo real do salário mínimo, ou de aumento real de seu poder de compra diante da inflação. 

Sim, eventual redução do desemprego, em resposta à contração da jornada de trabalho, de nada servirá sem a correspondente expansão da massa salarial real e da demanda efetiva dela decorrente, tornando inócua e anulando a medida legal ora em comento. 

Logo, o pacote fiscal, a ser proposto em breve pelo ministro Fernando Haddad, deve incorporar, e não afastar, uma política publica de preservação do valor real do salário mínimo diante da inflação, e não deve em hipótese alguma instituir sua eventual "desindexação" perante a carestia, pois somente assim reduzirá os gastos estatais com benefícios sociais, por exemplo, redução esta que se mostra infensa ao fenômeno inflacionário.  

Lamentavelmente, quer nos parecer que o PSOL da deputada Erika Hilton exibe-se hodiernamente mais vanguardeiramente proletário do que o meu sempre estimado Partido dos Trabalhadores.

Como dizem os franceses, c'est dommage. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

GUERRAS NAS ESTRELAS

 Uma das franquias midiáticas mais influentes da história do audiovisual é, sem embargo, a saga das Guerras nas Estrelas, de George Lucas.


Ali vemos o soft power do imperialismo estadunidense em todo o seu vigor:


Com efeito, trata-se da luta da democracia contra a tirania, isto é, das forças do bem contra as forças do mal, numa alusão velada da guerra dos Estados Unidos contra os assim denominados Estados terroristas ou autocráticos como Irã, Coreia do Norte, Cuba, China etc.


Mas o êxito retumbante da franquia reside mesmo é no complexo edipiano subliminar que veicula:


O conflito entre Darth Vader e seu filho Luke Skywalker, mais do que uma luta entre tirania e democracia, representa o complexo edipiano universal do filho contra o pai tirano.


Uma combinação exitosa entre política e psicanálise!


Irresistivelmente manipuladora!





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

A redução da jornada de trabalho constitui reivindicação histórica da classe trabalhadora que pode beneficiar o conjunto da sociedade de forma didática e pedagógica, senão vejamos:

Ela reduz o desemprego e aumenta a massa salarial, com ampliar a demanda efetiva e reduzir, assim, os gastos sociais estatais, o que mitiga destarte a pressão inflacionária e propicia redução das taxas de juros.

Tal redução das taxas de juros, por seu turno, reduz o custo do capital e, assim, compensa eventual diminuição da taxa de lucro, diminuição esta que, como muito bem destacado por LINCOLN SECCO, nem sequer se mostra provável se considerado um prazo longo, pois o capital tem historicamente auferido os ganhos de produtividade em maior escala do que a classe trabalhadora.

Em um país que exibe a pior distribuição de renda do mundo e taxas de juros asfixiantes, a redução da jornada de trabalho será benfazeja para todos. 



por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador, que hauriu tais ideias, conquanto incipientes, das discussões no NÚCLEO DE ESTUDOS DO CAPITAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES. 

terça-feira, 12 de novembro de 2024

TRUMP, LULA E A REINDUSTRIALIZAÇÃO

Aduzi alguns dias atrás que a vitória hodierna de Donald Trump resulta diretamente da revolução digital em curso, mas isto está apenas parcialmente correto.

Com efeito, malgrado Trump seja fruto da ascensão do Vale do Silício, ele venceu no Cinturão da Ferrugem e perdeu na Califórnia, o que impõe certa lapidação do exame aqui proposto.

Sem embargo, parece ter havido uma reconfiguração da divisão internacional do trabalho com a indústria manufatureira deslocando-se para a China e outras partes da Ásia, enquanto os Estados Unidos, com a decadência do Cinturão da Ferrugem e a ascensão do Vale do Silício, perderam competividade e vantagens comerciais no setor manufatureiro, o que pesa sobremodo na sua balança comercial. 

A campanha eleitoral vitoriosa de Trump, pois, mais do que exaltar a revolução digital de que seu país é vanguarda, exibiu-se uma proposta de reindustrialização estadunidense no setor manufatureiro para reverter essa nova divisão internacional do trabalho que impõe desvantagens na balança comercial norte-americana. 

Aqui no Brasil, a situação é mais complexa, pois o país desindustrializou-se, com a decadência do ABC paulista, mas não foi palco de uma revolução digital como nos Estados Unidos, pois regrediu até o predomínio econômico do setor primário da agricultura.

A reindustrialização brasileira, pois, deve ter duas vertentes: setor manufatureiro e setor de tecnologia digital.

É um grande desafio para o atual governo Lula. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

domingo, 10 de novembro de 2024

ESPECULAÇÕES SOBRE REVOLUÇÃO DIGITAL E TAXA DE LUCRO

 A hodierna revolução digital, que entronizou a produção industrial da mercadoria consubstanciada no software, provavelmente envolveu uma diminuição da composição orgânica do capital ao subverter a acepção clássica de planta fabril, com introduzir o trabalho em "home office" como uma das formas de organização possível do processo produtivo.

Todavia, também a taxa de mais-valia provavelmente diminuiu, em razão do aumento do valor da força de trabalho determinado pela exigência de sua maior qualificação intelectual, com demandar maior tempo de sua formação no âmbito escolar. 

O aumento do valor da força de trabalho pode, por óbvio, também ter reflexo na diminuição da já aludida composição orgânica do capital.     

Logo, é mister investigar qual a amplitude da queda na composição orgânica do capital em relação à amplitude da queda da taxa de mais-valia para deduzir como se comporta atualmente a taxa de lucro do capital. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

TEORIAS DO VALOR E TAXAS DE LUCRO

Parece haver um pêndulo histórico entre as teorias marginalista e marxista do valor econômico, de tal sorte que a primeira incide nos momentos em que os lucros são predominantemente extraídos no processo de circulação de capital, enquanto o marxismo incide nas épocas de lucros auferidos predominantemente no processo de produção de capital, senão vejamos:

No período manufatureiro da Idade Moderna, quando prevalece o mercantilismo e o antigo sistema colonial, os lucros são auferidos basicamente no processo de circulação de capital mediante as diferenças de preços, nos distintos lugares, dos valores de uso exóticos, prevalecendo a teoria marginalista do valor econômico.

Com o advento da maquinaria e grande indústria na revolução industrial inglesa do século XVIII, passa a prevalecer a teoria marxista do valor econômico, com extração de lucro basicamente no processo de produção de capital, sem alterações importantes nos valores de uso e, portanto, no processo de circulação de capital. 

Com a segunda grande revolução industrial entre os séculos XIX e XX, volta a prevalecer a teoria marginalista, eis que há importantes inovações nos valores de uso e no processo de circulação de capital com a adoção em larga escala da eletricidade, de tal sorte que os lucros são auferidos eminentemente neste processo de circulação. 

Hipóteses sub judice. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

sábado, 9 de novembro de 2024

REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E TAXA DE LUCRO

A revolução industrial inglesa do século XVIII, como vimos, incidiu basicamente sobre o processo de produção de capital, sem engendrar novos valores de uso.

Nesse caso, o esperado declínio da taxa de lucro do capital industrial foi arrostado mediante os preços das mercadorias envolvidas, máxime vestuário, inferiores ao seu valor, mas superiores ao tempo de trabalho necessário à sua produção para o capitalista individual, atribuindo vantagem comercial aos industriais ingleses sobre a velha manufatura no mercado internacional, nos moldes preconizados no capítulo décimo do livro primeiro de O Capital de Karl Marx.

A segunda revolução industrial, entre os séculos XIX e XX na Europa e nos Estados Unidos, trouxe alterações nos processos produtivos com a adoção em larga escala da eletricidade, mas também incidiu no processo de circulação de capital com a introdução de novos valores de uso, como eletrodomésticos e automóveis, abroquelando vários setores da economia. 

Nesse caso, a esperada queda dos lucros industriais foi arrostada pelos preços elevados em decorrência precisamente do caráter inédito dos novos valores de uso introduzidos, em consonância com a teoria marginalista do valor econômico.

São hipóteses e conjecturas para discussão.




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.    

PRODUÇÃO INDIVIDUALIZADA

É mister constatar o quanto segue:

A revolução industrial inglesa do século XVIII pouco alterou o valor de uso das mercadorias nela envolvidas, máxime quanto ao vestuário, mas as demais revoluções industriais do capitalismo envolveram alterações nos valores de uso das mercadorias no seguinte sentido:

A revolução industrial entre os séculos XIX e XX engendrou maquinário para uso individual ou familiar, máxime eletrodomésticos e automóveis, individualizando processos produtivos e de serviços. 

O mesmo pode ser verificado na atual revolução digital, com seus computadores pessoais e telefones celulares, bem assim com certa substituição das plantas fabris clássicas pelo assim denominado "home office".

Entrementes, verifica-se que o modo capitalista de produção não incide apenas na contínua revolução dos meios de produção, mas também dos meios de consumo, com engendrar continuamente novos valores de uso que individualizam o processo produtivo. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

DEMOCRACIA E EMPIRISMO

O individualismo é fruto direto da propriedade privada dos meios de produção, malgrado seja comezinho que o indivíduo não pode ser apartado e dissociado da sociedade atual em que vive e das gerações que o precederam e engendraram.

Já vimos aqui neste portal que a democracia liberal burguesa, com seus princípios basilares de representação política e liderança por indivíduos, é resultante de tal ideologia individualista, mas é mister postular que o empirismo epistemológico compartilha a mesma natureza ideológica de tal individualismo.

Sim, o universo empírico e suas evidências não encerram o condão de revelar de forma imediata toda a verdade epistêmica, conquanto constituam uma etapa necessária da ciência, mas devem ser raciocinados e cotejados com o conhecimento científico precedente e historicamente acumulado.

Não por acaso, a teoria marxista do valor e da mais-valia, verbi gratia, não se revela imediatamente nos movimentos dos preços das mercadorias e do dinheiro, mas resulta de uma crítica historicamente instruída da economia política burguesa, a qual, empirista e individualista, amarra-se precisamente aos preços e ao dinheiro. 

Democracia liberal e empirismo consistem, pois, em duas facetas do mesmo individualismo de jaez eminentemente burguês. 





por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

TRABALHO E PROCRIAÇÃO

Consoante já ventilamos nesta plataforma digital, a produção e reprodução da vida material humana efetua-se por duas vertentes, a saber: 

1. O trabalho, por intermédio do qual são mantidas relações de produção ou de propriedade que fraturam a espécie do homo sapiens em classes sociais antagônicas, tais como aquelas que representam hodiernamente o capital e o trabalho assalariado, e que por isso produz habitualmente dor e sofrimento;

2. A procriação ou reprodução biológica, através da qual é garantida a continuidade da espécie humana como um todo homogêneo e desprovido de fraturas por classes sociais, e que por isso produz habitualmente satisfação e prazer.

A grande tarefa que se impõe atualmente aos seres humanos consiste em converter o trabalho em atividade também prazerosa e satisfatória mediante a supressão das classes sociais e das relações de produção ou de propriedade que as alimentam, com o resultante resgate da dignidade de tal trabalho pela abolição da exploração do homo sapiens pelo homo sapiens.



POR LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

O AMOR SEGUNDO ISAAC NEWTON

 Na produção e reprodução de sua vida material, os seres humanos atuam em duas vertentes, a saber: o trabalho, reproduzindo as relações econômicas ou de propriedade; a procriação ou reprodução sexuada, reproduzindo a própria espécie humana.


A grande maioria dos indivíduos atua, no entanto, com ênfase nesta segunda vertente, fornecendo sua contribuição à história da humanidade mediante produção de filhos, e esta é uma ênfase que garante um sucesso mais fácil de lograr.


Destacar-se na primeira vertente, oferecendo contribuição duradoura à história econômica da humanidade, parece escolha mais arriscada e perigosa, mais difícil do que a procriação.


Pois bem, Sir Isaac Newton apostou todas as suas fichas na contribuição duradoura para a história econômica da humanidade e logrou êxito, convertendo-se no maior cientista que esta humanidade já conheceu, mas não procriou.


Um herói gigante que amava a humanidade!




Por Luis Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

INDIVIDUALISMO

 O liberalismo é individualista, mas o indivíduo nada representa fora da sociedade em que vive na atualidade e apartado das gerações precedentes que o engendraram.


Tal individualismo reflete-se na forma política da democracia burguesa, que está lastreada na acepção da representação, em que indivíduos são escolhidos para liderar a nação.


Tal democracia política será substituída pela democracia econômica do comunismo, em que todos os indivíduos serão contemplados em suas necessidades e potencialidades, sem mediação pela representação política, mas diretamente através do governo impessoal da planificação econômica descentralizada, pressuposta a propriedade coletiva dos meios de produção.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

DONALD TRUMP

Karl Marx ensinou-nos a investigar na infraestrutura econômica das relações de produção o segredo mais recôndito da superestrutura política, então vejamos. 

Donald Trump é um fenômeno político típico da hodierna revolução industrial digital, que encerra como epicentro precisamente a economia estadunidense, vanguardeira na produção da mercadoria por excelência de tal revolução industrial, a saber, o software, cujo produto mais avançado atualmente consiste na assim designada inteligência artificial.

Tal revolução trouxe como sua faceta mais evidente a adoção em larga escala do trabalho assalariado eminentemente intelectual, que mitigou a clássica divisão do trabalho entre trabalhadores manuais (proletariado) e trabalho intelectual (capital), culminando no fenômeno ideológico de certa identificação do proletariado eminentemente intelectual ou digital com o patronato também intelectual, no atual discurso ideológico do empreendedorismo, bem assim no fenômeno político do neofascismo, que nega a existência da distinção entre classes sociais e suas lutas políticas. 

Nos Estados Unidos da América, especificamente, o Vale do Silício, da indústria digital, substituiu o Cinturão do Ferrugem, da clássica indústria de transformação, na vanguarda industrial e econômica, o que resultou no advento do fenômeno político do neofascista Donald Trump, hoje sagrado eleitoralmente vitorioso. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

terça-feira, 5 de novembro de 2024

ESPECULAÇÕES SOBRE UMA APORIA

Segundo Marx, o valor de dada mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho humano abstrato socialmente necessário à sua produção, mas este trabalho humano antolha-se-nos mais afeto ao trabalho assalariado, máxime o industrial, e não ao trabalho, verbi gratia, que a família despende na formação da respectiva prole.

Por isso, Marx assevera que o valor da mercadoria consubstanciada na força de trabalho não é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção e reprodução, mas sim diretamente pelo valor de uma cesta básica composta por meios de subsistência da força de trabalho. 

Haveria aí uma real aporia ou contradição na teoria marxista do valor?

É mister destacar que Marx estudou basicamente o capital da primeira grande revolução industrial, a inglesa do século XVIII, quando a força de trabalho ainda era eminentemente manual e não intelectual, com reduzida qualificação exigida, portanto mais propriamente produzida no âmago familiar e não pelo trabalho assalariado e abstratamente intelectual dos professores no âmbito escolar.

A atual revolução industrial digital, todavia, exige uma evidente qualificação intelectual da força de trabalho, máxime na produção da sua mercadoria por excelência, o software, portanto a força de trabalho, hodiernamente, exibe-se sim produto do trabalho assalariado, aquele dos professores no âmbito escolar, de tal sorte que a aporia acima descrita resolve-se, eis que agora a mercadoria consubstanciada na força de trabalho é realmente produzida pelo trabalho humano abstrato, isto é, o trabalho assalariado intelectual dos professores.

Quer nos parecer, pois, que a aparente aporia ou contradição acima aduzida torna-se evanescente à medida que a força de trabalho torna-se mais eminentemente intelectual, sendo produto do trabalho intelectual dos professores e tendo como mercadoria por excelência um produto também eminentemente intelectual, o software, bem assim um dinheiro também digital ou intelectual.

Nessa economia capitalista eminentemente intelectual, as aporias ou contradições aparentes na teoria marxista do valor tornam-se, pois, evanescentes, ou em vias de desaparecimento.

Karl Marx era, sem nenhum embargo, um visionário. 

Hipóteses sub judice, para discussão.



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.    

sábado, 2 de novembro de 2024

EDUCAÇÃO E INDÚSTRIA DIGITAL

Consoante já muito bem ressaltado nesta plataforma digital pelo companheiro LINCOLN SECCO, professor de história da Universidade de São Paulo e membro deste núcleo temático de estudos vinculado ao Partido dos Trabalhadores, a desindustrialização brasileira é um fato consumado e irrefutável. 

Karl Marx asseverava que os países industrializados do centro do modo capitalista de produção revelam a faceta vindoura dos países da periferia deste modo de produção, parecendo lícito ventilar que os Estados Unidos da América, epicentro do capitalismo mundial hodierno, exibe a indústria mais avançada desse sistema econômico mundial, a saber, a indústria da mercadoria consubstanciada no software, cujo ápice atualmente se manifesta na assim designada inteligência artificial.

A indústria de software, todavia, demanda força de trabalho altamente qualificada sob prisma intelectual e, portanto, uma sistema educacional também altamente qualificado e voltado a tal indústria. 

Logo, uma política moderna de industrialização não dependente nem periférica, no modo de produção capitalista, demanda esforço governamental concentrado na produção industrial de software e no célere desenvolvimento do sistema educacional nacional dirigido a essa produção industrial. 

Entrementes, tal política industrial favorecerá, por óbvio, a vindoura planificação econômica descentralizada de jaez socialista lastreada em algoritmo central alimentado pela internet com dados de produção e consumo econômicos em tempo real, consoante também já aventado neste espaço. 





por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

DINHEIRO E FORÇA DE TRABALHO, parte dois.

 Parece que a manifestação do dinheiro como moeda segue a natureza da mercadoria força de trabalho.


No período da circulação simples de mercadorias, antes do advento do capital propriamente dito, a força de trabalho é eminentemente manual e física, o que se reflete na moeda metálica.


Com o advento do capital, nas duas primeiras revoluções industriais, a força de trabalho é manual e intelectual na mesma medida, o que se reflete na dualidade da moeda fiduciária ou papel moeda com lastro em metal precioso, máxime o ouro.


Com a revolução digital hodierna e o advento da força de trabalho eminentemente intelectual na produção da mercadoria software, a moeda passa a ser digital e perde seu suporte material ou metálico.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

DINHEIRO E FORÇA DE TRABALHO

 No período histórico do dinheiro enquanto circulação simples de mercadorias, a saber, anteriormente à inserção do dinheiro na compra e venda da força de trabalho, a moeda é metálica e as mercadorias exibem-se fruto do trabalho manual dos respectivos produtores.


Com o advento da força de trabalho como mercadoria, que é fruto do trabalho familiar e não industrial, o dinheiro passa a manifestar-se como moeda fiduciária ou papel-moeda, desligando-se paulatinamente da forma material equivalente às mercadorias.


Com o advento da atual revolução digital e da força de trabalho eminentemente intelectual na produção da mercadoria consubstanciada no software, força de trabalho esta que é produto do trabalho também intelectual dos professores, a moeda perde seu suporte material para se manifestar como moeda digital.


Texto para discussão.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Empreendedorismo faz parte do passado!

 Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua própria escolha, mas sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado; a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos.


A sentença de Karl Marx, acima, antolha-se-nos axial: decerto a propriedade privada dos meios de produção e o individualismo empreendedor cumpriram uma função histórica no desenvolvimento das forças produtivas, constituindo um substrato econômico sobre o qual se erguerá o modo comunista de produção lastreado na propriedade coletiva dos meios de produção e na planificação econômica mundial.


O modo capitalista de produção consistiu em fase necessária do desenvolvimento econômico da história humana, mas atualmente ele a coloca em perigo: crises financeiras e ecológicas hodiernas ameaçam a própria existência da espécie humana.


O empreendedorismo individual exibe-se, pois, atualmente extemporâneo e intempestivo e, se cumpriu a sua função no desenvolvimento histórico das forças produtivas, hoje ele não suplanta o jaez de mera ideologia burguesa conservadora e retrógrada que somente reproduz o atual estado de coisas periclitante.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.