quarta-feira, 27 de novembro de 2024

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL COMO CAPITAL FIXO

Já ventilamos aqui a hipótese de que o capitalismo hodierno, produtor de software como mercadoria de vanguarda por excelência, pressupõe a compra e venda da força de trabalho eminentemente intelectual, no que encetou uma profunda subversão na divisão do trabalho clássica entre trabalho manual (proletariado) e trabalho intelectual (capitalistas).

Todavia, esse capital moderno da atualidade, produtor de software, ainda não efetuou a subsunção real desse trabalho intelectual, quedando ainda em vigor a subsunção meramente formal do trabalho intelectual no capital, em evidente analogia com a época da manufatura (anterior à grande revolução industrial inglesa do século XVIII) em que o trabalho manual ainda não se subsumia no capital de forma real. 

A incipiente inteligência artificial de nossa época, entretanto, exibe a tendência, vale dizer, a possibilidade histórica de vindoura subsunção real do trabalho eminentemente intelectual no capital produtor de software, em evidente simetria com a maquinaria e grande indústria no que pertine ao trabalho eminentemente manual, de tal sorte que essa inteligência artificial poderia ser, no futuro, enquadrada conceitualmente como capital fixo, da mesma forma como a maquinaria também exibe o jaez de capital fixo. 

A viabilidade energética desse novo capital fixo consubstanciado na inteligência artificial, no entanto, vem sendo questionada, o que pode inverter a tendência histórica supracitada.

São hipóteses sub judice. 




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  





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