quarta-feira, 20 de novembro de 2024

ELEMENTOS PARA UM ESBOÇO DE HISTÓRIA DO PENSAMENTO ECONÔMICO

1. Mercantilismo e fisiocracia consistem em duas facetas do período da subsunção meramente formal do trabalho no capital, ou, mais especificamente, do período da manufatura, em que os lucros são auferidos primordialmente, ainda, no processo de circulação de mercadorias, com os mercadores comprando barato, e vendendo caro, os produtos ainda de jaez predominantemente agrícola, como no antigo sistema colonial brilhantemente descrito por Fernando Novais, cabendo destacar que esta dualidade entre mercantilismo e fisiocracia decorre precisamente da situação em que a maior parte da produção permanece ainda atrelada à esfera agrícola, enquanto os lucros são extraídos das diferenças de preços no âmbito da circulação de mercadorias.

2. A teoria do valor-trabalho, encetada por Adam Smith em 1776, já é característica da subsunção real do trabalho no capital promovida pela grande Revolução Industrial inglesa do século XVIII, em que os lucros são auferidos predominantemente na orbe do processo de produção de capital, onde já prevalece a maquinaria e a grande indústria, impondo-se destacar que a crítica de tal vertente de pensamento econômico foi efetuada por Karl Marx, que desvelou a extorsão de mais-valia precisamente nesse processo de produção de capital; faz-se mister anotar, todavia, que a compra e venda da força de trabalho, talvez, possa ser subsumida no processo de circulação da capital, mas esta hipótese ainda pende de averiguação.   

3. O marginalismo econômico, da segunda metade do século XIX, também denominado "revolução marginalista", prenuncia a segunda revolução industrial, difusa na Europa e Estados Unidos da América, que incidiu não somente no processo de produção de capital, mas também no processo de circulação de capital, na exata medida em que engendrou novos valores de uso, cuja utilidade inaudita e, portanto, seu elevado valor econômico deslocou mais uma vez a extração de lucro, predominantemente, para o âmbito da circulação de capital, máxime considerando o declínio tendencial da taxa de lucro decorrente do aumento da composição orgânica do capital, cabendo destacar que a crítica do marginalismo, empreendida por John Maynard Keynes em 1936, não rompeu radicalmente com a teoria criticada, eis que, como esta, também cingiu-se ao processo de circulação de capital, conquanto tenha entronizado a demanda efetiva, em substituição à oferta econômica de Jean-Baptiste Say, como promotora da prosperidade no modo capitalista de produção. 

São elementos e conjecturas para estudo. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário