domingo, 30 de abril de 2023

NOTA DE ERRATA

 Prezadas e prezados,


Em nome da honestidade intelectual e para o bem da pesquisa no âmbito científico, sou compelido a admitir a existência de equívocos na minha argumentação sobre o fenômeno inflacionário, notadamente nas publicações dos dias 25 e 29 deste mês neste portal eletrônico, razão pela qual serei obrigado a reformular os arrazoados.


Agradeço encarecidamente pela compreensão e paciência dos estimados leitores, deixo saudações cordiais e subscrevo-me 


Luís Fernando Franco Martins Ferreira

sábado, 29 de abril de 2023

Inflação e irredutibilidade dos salários

 Decorre da lei deduzida na publicação imediatamente precedente deste portal eletrônico que a inflação consiste em epifenômeno do princípio legal da irredutibilidade nominal dos salários, pois se, a cada aumento da força produtiva do trabalho nos setores econômicos produtores de meios de subsistência da classe trabalhadora, os capitalistas pudessem diminuir os salários em consonância com a respectiva redução do valor da força de trabalho, não existiria inflação!


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

A LEI PARADOXAL DA INFLAÇÃO

 Das duas publicações imediatamente precedentes deste portal eletrônico parece decorrer o seguinte:


O salário serve para remunerar aparentemente o trabalho, vale dizer, a totalidade da jornada de trabalho, quando na verdade somente paga o tempo desta jornada correspondente do valor da força de trabalho.


Destarte, quanto maior a força produtiva do trabalho e, portanto, menor o valor da força de trabalho quando este incremento de produtividade atinge os setores econômicos responsáveis pela produção dos meios de subsistência da classe trabalhadora, menor a proporção entre trabalho efetivamente pago e a totalidade da jornada de trabalho, ou maior a proporção entre o sobretrabalho e a totalidade da jornada de trabalho.


Segue que o mesmo salário nominal deve comprar um valor também menor em meios de subsistência da classe trabalhadora, o que acarreta uma elevação dos preços desses meios de subsistência!


Daí a lei paradoxal consoante a qual o aumento da produtividade do trabalho nos setores econômicos que produzem meios de subsistência da classe trabalhadora engendra um aumento dos preços desses produtos, ou dessas mercadorias, ensejando o fenômeno da inflação!


Eis o paradoxo da inflação!


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 25 de abril de 2023

SOBRE A INFLAÇÃO

 Vimos na publicação imediatamente anterior deste portal eletrônico que o salário em moeda fiduciária serve para ocultar a mais-valia, pois parece pagar o trabalho quando na verdade remunera a força de trabalho.


Deve-se considerar ainda a aparente dissonância entre o aumento gradativo e constante da força produtiva do trabalho ao longo da história e a persistência do fenômeno inflacionário: ora, o aumento da produtividade do trabalho deveria diminuir os preços das mercadorias individualmente consideradas, mas o que se observa é a resistência do fenômeno inflacionário.


Bem, o desenvolvimento histórico do modo capitalista de produção engendra o aumento da força produtiva do trabalho e a mais-valia relativa dele decorrente.


Desse modo, a jornada de trabalho divide-se em um sobretrabalho cada vez maior com a correspondente diminuição do trabalho pago.


Ora, como a moeda fiduciária serve para remunerar o trabalho (pago) e ocultar o sobretrabalho, mas parecendo remunerar toda a jornada de trabalho, segue que esse dinheiro perde paulatinamente valor, com a consequente diminuição do respectivo poder de compra, vale dizer, ele é constantemente corroído em seu poder aquisitivo, fenômeno este denominado comumente como inflação.


Demais, o dinheiro vai perdendo valor e simultaneamente sua própria materialidade, partindo do dinheiro metálico típico da era pré capitalista até culminar nas hodiernas criptomoedas e moedas digitais oficiais.


São conjecturas sujeitas ao crivo crítico.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 23 de abril de 2023

Sobre dinheiro e mais-valia

Por que a teoria marxista do valor exibe-se como algo abstrato, sem correspondência aparente com a realidade empírica imediata, ou mais precisamente, sem correspondência imediata com a contabilidade capitalista ou empresarial, ou ainda, por que é tão difícil a questão da transformação do valor em preço expresso em dinheiro?


Em uma primeira aproximação, ainda em âmbito conjectural, a resposta parece-me residir em uma constatação bastante evidente:


O dinheiro serve, no modo capitalista de produção, para esconder as respectivas relações de produção, ou, sendo mais explícito, o dinheiro serve, no capitalismo, para esconder e camuflar a mais-valia!


Sim, o pagamento do salário em dinheiro serve para esconder do trabalhador a extração de mais-valia!


Ao tratar do dinheiro, ou da circulação de mercadorias, no livro primeiro de sua obra máxima, O Capital, Marx supõe a princípio uma correspondência imediata entre valor e preço no dinheiro-mercadoria, a saber, no dinheiro metálico feito de ouro ou prata, típico dos modos de produção pré capitalistas, mas à medida que avançam o capitalismo e a extração de mais-valia pela subsunção real do trabalho no capital, o dinheiro metálico vai sendo substituído pela moeda fiduciária, ou papel moeda emitido pelo Estado capitalista, em que aquela correspondência imediata entre valor e preço, típica do ouro e da prata, é rompida, vale dizer, a moeda fiduciária apenas aparece como correspondente imediata do valor, quando na verdade esconde e camufla a mais-valia.


A moeda fiduciária, portanto, com a qual é pago o salário, parece pagar o trabalho, quando na verdade remunera a força de trabalho, e portanto oculta a mais-valia.


São conjecturas sujeitas a posterior desenvolvimento e ao crivo crítico.

Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 16 de abril de 2023

Exórdio sobre inteligência artificial e comunismo

Inclino-me a concordar com o filósofo Slavoj Zizek quanto ao prognóstico de que a inteligência artificial fulminará o modo capitalista de produção, e o pânico de parte da elite econômica diante dessa nova tecnologia da informação funda-se precisamente nisso.


Há o receio manifesto de que a inteligência artificial poderá suplantar as faculdades intelectuais individuais e esquivar-se do controle humano, como nos filmes de ficção científica, mas o verdadeiro motivo do pânico, não manifesto, consiste no provável declínio acentuado das taxas de lucro do capital, indutor de crise sistêmica, consoante já tive a oportunidade de suscitar aqui neste portal eletrônico.


Mas os prognósticos apocalípticos inspirados na ficção científica exibem-se como temores típicos da perspectiva nitidamente liberal e individualista, pois a inteligência artificial superará sim as faculdades intelectuais individuais, da mesma forma como a maquinaria e grande indústria já superam as capacidades físicas individuais.


Faz-se mister aduzir que os algoritmos do comércio eletrônico, por exemplo, já armazenam e processam dados econômicos de forma inaudita, e encerram o potencial de auxiliar com grande eficiência uma vindoura planificação econômica comunista em âmbito mundial.


Sim, para os fundadores do socialismo científico, o verdadeiro comunismo somente será atingido em escala mundial, como se dessume da leitura detida de A ideologia alemã, verbi gratia, sendo certo que as relações de produção comunistas, que suplantam o individualismo capitalista, poderão gerir com eficiência e segurança uma tecnologia capaz de superar as faculdades intelectuais individuais, como se espera do desenvolvimento da inteligência artificial, de tal sorte que a verdadeira humanidade inaugurada pelo comunismo saberá haurir o máximo proveito dessa nova tecnologia e do aumento exponencial da força produtiva por ela ensejado.


Por derradeiro, parece-me que o individualismo liberal capitalista guarda suas razões em temer a inteligência artificial, mas o movimento comunista internacional deve exultar com esse novo meio de produção e o incremento da força produtiva por ele proporcionado, sob pena de se tornar uma mera atualização do vetusto movimento luddista.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Preâmbulo sobre revoluções industriais e divisão internacional do trabalho

Em linhas gerais, a primeira revolução industrial caracterizou-se pelo advento de máquinas produtoras de bens de consumo imediato; a segunda revolução industrial, pelo advento de máquinas produtoras de outras máquinas, ou de processos produtivos geradores de bens de produção e bens de consumo duráveis, isto é, máquinas enquanto bens de consumo imediato; já a hodierna terceira revolução industrial destaca-se pelo advento de bens de produção de ciência e tecnologia.


Estas revoluções industriais refletem-se na divisão internacional do trabalho: por exemplo, os EUA lideram atualmente a terceira revolução industrial, situando-se na vanguarda da produção de software; a China encerra hodiernamente um parque industrial característico da segunda revolução industrial, com produção maciça de bens de consumo duráveis e bens de produção, o que fundamenta sua atual política externa denominada Nova Rota da Seda; outros países, como o Brasil, cingem-se à primeira revolução industrial, destacando-se na produção de bens de consumo imediatos e matérias primas para países mais avançados no plano industrial, como os aludidos EUA e China.


Eis aqui alguns elementos para encetar o debate.


(por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador)

sábado, 8 de abril de 2023

Brevíssimos elementos provisórios sobre inteligência artificial

Surgiu no final do ano passado, no Vale do Silício, onde se situa a atual vanguarda industrial mundial, um novo modelo de software denominado inteligência artificial generativa, capaz de produzir textos e imagens.


Estima-se que tal tecnologia em breve produzirá outros programas de software, vale dizer, consistirá em software produtor de software, com substituir tarefas mais repetitivas e menos complexas hoje atribuídas aos programadores de tecnologia da informação, liberando-os para tarefas intelectuais mais sofisticadas.


Assumindo que tal inteligência artificial encerra o jaez de capital constante, a adoção dessa nova tecnologia pelo capital empregado na produção de software resultará em aumento da composição orgânica desse capital.


Ora, consoante já aventado neste portal eletrônico, a revolução digital atual aumentou o valor da força de trabalho, diminuindo portanto a taxa de mais-valia.


Esta diminuição da taxa de mais-valia, combinada com o aumento da composição orgânica do capital decorrente da adoção da inteligência artificial na produção de software, culminará em declínio tendencial das taxas de lucro do capital, na esteira do que Marx prevê no livro terceiro de sua obra magna, O Capital.


São singelas hipóteses e conjecturas sujeitas ao crivo crítico.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador e membro fundador do Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores