A chapa Lula-Alckmin deve ser fechada até o fim de abril. Não vejo outros nomes sendo cogitados a sério para a vaga de vice do Lula. O PT precisa dos votos do Alckmin? A pergunta nem é essa, a pergunta é: o Alckmin tem votos? Por óbvio que o PT não precisa desses votos. Mas precisa do simbolismo desse acordo para acalmar a oposição liberal a sua candidatura e principalmente a seu futuro governo. Alckmin é elitista, liberal no pensamento econômico, profundamente conservador quanto aos costumes, com uma ligação odiosa com a Opus Dei, organização da extrema direita católica, que apoiou a ditadura de Franco na Espanha. Não só não tem nenhuma afinidade com as ideias que, pelo menos nos corações e mentes da militância, norteiam a política petista, ideias estas de inclusão da população mais pobre, valorização do trabalho e desenvolvimentismo e independência nacional, liberalidade nos costumes, como também sempre atuou no sentido contrário quando esteve no poder. A seu favor conta um histórico de fidelidade e honestidade. Pelo que se sabe, não procurou a política com objetivos fisiológicos, de enriquecimento pessoal, foi fiel a seu partido enquanto ele foi um partido de verdade, respeita os acordos que firma e é um interlocutor civilizado ao negociar esses acordos. Estes dois últimos aspectos são avalizados pelo Haddad, experenciados durante sua prefeitura de São Paulo. Não é um político carismático, como fica óbvio pela alcunha que ganhou de “Picolé de Chuchu”, nem muito habilidoso, dado o fato de ter alimentado o monstro Dória que o traiu e terminou de afundar seu partido. Não temo que venha a articular um golpe contra Lula, como Temer foi capaz de fazer com Dilma, mas acho que existe o risco de, caso Lula venha a se afastar da presidência, por doença, o que é possível por conta de sua idade avançada, assumindo a presidência, dê uma guinada de cento e oitenta graus nos rumos do governo.
A candidatura do Marreco acabou, como já tinha sido anunciado que aconteceria até abril, por todo mundo que sabia alguma coisa de política e se manifestava com alguma honestidade intelectual. Uma candidatura obviamente condenada ao fracasso. O sujeito é antipático, arrogante, ignorante e tem sérias limitações cognitivas. Além disso, ou por isso mesmo, não tem nenhuma aptidão para o diálogo e a articulação política. Não tem nenhuma proposta e baseia sua campanha no antipetismo e no combate à corrupção, a suposta causa de todos os males do país. Uma plataforma duplamente vencida. O antipetismo está passando e as pessoas hoje veem a economia e não a corrupção como o principal problema. Está isolado desde o início e sua candidatura só saiu do traço por conta de intensa e exaustiva campanha da imprensa corporativa, principalmente a Globo, único setor, além de um segmento corporativista do judiciário, que o apoia. Antes mesmo de sair candidato, já havia ganhado a pecha de traidor, tanto para a esquerda quanto para a direita. À esquerda por ter traído a justiça e a pátria, ao entregar tanto uma quanto outra a interesses estrangeiros em troca de ganhos pessoais e à direita por ter barganhado com o Bozo um ministério e, ao ser contrariado, sair do posto atirando contra seu chefe e benfeitor (e beneficiário de seus desmandos na justiça). Para confirmar a má fama, agora trai o partido que o acolheu e pagou polpudo salário além de disponibilizado vultuosas verbas de campanha e muda-se para o monstrengo União Brasil, a Arena rediviva, em busca de mais fundos, a convite de um de seus caciques. Verdade seja dita que nenhum dos dois partidos o quer, pois, sua rejeição no eleitorado hoje já consegue ser maior que a do Bozo. Um fenômeno, de fato, esse marreco. Fazemos votos que em algum momento a justiça seja finalmente feita, após amplo direito de defesa que ele sempre negou a suas vítimas, e ele seja encarcerado por um bom tempo, junto com o resto da quadrilha de Curitiba.
Outro que afunda, em índices de intenção de votos pífios, é Doria, o jestor, como dizia o saudoso Paulo Henrique Amorim. Eu não tenho acompanhado a política paulista, mas, aparentemente, seu governo de São Paulo é desastroso, apesar de ter conduzido a vacinação de maneira correta e relativamente eficiente. Aparentemente, este foi o único mérito de sua jestão. Seus índices de rejeição parecem ser altíssimos, a ponto de ninguém, nem seu candidato à sucessão no governo do estado, querer tê-lo no palanque, segundo artigo publicado na imprensa. É pedante, arrogante, autoritário, elitista e sua aversão aos pobres é tão evidente que é incapaz de gerar qualquer empatia com a maioria da população. Tem massacrado o funcionalismo, do professor ao pesquisador ao barnabé, o que gera um enorme contingente de pessoas a lhe fazerem oposição. Diante de sua inviabilidade, há uma espécie de motim ou guerra civil dentro do PSDB, onde Eduardo Leite, o desconhecido, tenta dar o golpe nas prévias e assumir a candidatura presidencial. É o penúltimo prego no caixão da legenda.
Junto com Marreco e Dória, vai-se a imaginária terceira via, sonho inefável da imprensa corporativa, entreguista e golpista, que nunca decolou e também não vai decolar com Ciro ou Eduardo Leite ou qualquer outro nome inventado e sem história. As pesquisas e a história têm demonstrado que tanto o PT quanto o Bozo têm, além de um teto de votos, inferido pelo seu índice de rejeição, um piso de votos. Este é de trinta por cento para o primeiro e vinte e um por cento para o segundo. Para uma candidatura da tal terceira via emplacar, precisaria somar pelo menos os vinte e um por cento do piso do Bozo para tirá-lo do segundo turno. Hoje, nem somando os índices de todos os nomes apresentados para essa empreitada chega-se perto disso. A eleição vai ser mesmo plebiscitária: barbárie ou democracia. Fantasia autocrática e violenta ou experiência de administração bem-sucedida. Morte ao preto pobre e bandido ou inclusão, trabalho e consumo. É assustador que a escolha apresentada seja essa, e que a possibilidade da opção pela barbárie possa vencer novamente, mas esses são os fatos.
Finalmente, o inominável, o Bozo, cresce ligeiramente nas pesquisas. Muita gente parece ter se assustado, mas é o esperado, não há nenhuma surpresa nisso. Com o desaparecimento da terceira via, os votos desta migram, majoritariamente para a extrema direita. Ou alguém acredita que os parcos votos do Marreco e do jestor poderiam migrar, significativamente, para o Lula? Os eleitores da terceira via são os antipetistas alfabetizados, envergonhados pela grosseria do elemento que hoje ocupa indevidamente a cadeira presidencial. E o incomível tem o seu carisma torto, é um fascista raiz e a sua tropa de desajustados sociais o reconhece e se identifica. Além disso ele tem enormes recursos financeiros e tecnológicos, advindos não só de uma burguesia nacional atrasada, ignorante e de mentalidade colonial escravagista, mas também da extrema direita internacional do qual se tornou um baluarte, apesar de sua inépcia, sem falar dos interesses da geopolítica estadunidense que sempre trabalhou e trabalhará para que nenhum país se estabeleça como uma economia ou liderança rival no continente americano. A eleição provavelmente será suja e violenta, com notícias falsas, hoje constrangedoramente chamadas de fake news, sendo distribuídas intensamente e em larga escala para dezenas de milhões de eleitores e vários episódios de atentados pelas milícias fascistas, fortemente armadas durante o desgoverno do Bozo, com eventuais episódios fatais mesmo nos bairros de classe média dos grandes centros. Digo isso porque episódios fatais no campo, nas pequenas cidades e nas periferias dos grandes centros são a regra, já são a regra hoje.
Encerro dizendo que mesmo apesar de tudo, acho que o mais provável é mesmo a eleição do Lula e o fim desse período trágico de nossa história, para um novo começo, difícil, lento, suado, da construção de um país que nos orgulhe a todos, principalmente o povo mais pobre, preto, mestiço, indígena que são os deserdados desta terra. E repito a palavra de ordem sempre levada pelo nosso camarada, o Satânico Dr. Mao: O Socialismo Avança e o Capitalismo se Esfacela! E acrescento: Uahahahaha! (risada de monstro).
Pedro Crem