quarta-feira, 24 de abril de 2024

CONJECTURA SOBRE TAXA DE LUCRO E VELOCIDADE DE CIRCULAÇÃO DE CAPITAL.

Supusemos, na publicação imediatamente precedente, que o desenvolvimento tecnológico não altera a taxa de lucro do capital industrial, que tende a permanecer estável.

Do ponto de vista restrito ao processo de produção de capital, tal proposição parece correta. 

Todavia, as revoluções tecnológicas dos finais dos séculos XIX e XX incidiram também no processo de circulação de capital, aumentando sua velocidade mediante melhorias nos sistemas de transporte e telecomunicações.

Parece, numa primeira abordagem intuitiva, que o aumento da velocidade de circulação de capital encerra o condão de aumentar sua taxa de lucro. 

Conjectura a demonstrar matematicamente. 



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 23 de abril de 2024

ORGANIZANDO O DEBATE SOBRE TAXA DE LUCRO DO CAPITAL INDUSTRIAL.

O desenvolvimento tecnológico e o decorrente aumento da força produtiva do trabalho repercutem da seguinte forma:

1. Diminuem o valor dos meios de produção que compõem o capital constante;

2. Deixam inalterado o valor da força de trabalho que compõe o capital variável, pois se diminuem o valor dos bens de consumo do trabalhador, aumentam o tempo de escolaridade exigido pela sua maior qualificação.

3. A taxa de mais-valia, portanto, permanece inalterada, em razão de 2;

4. A composição orgânica do capital permanece inalterada, em razão de 1 e 2, considerando que o trabalhador movimenta uma maior massa de meios de produção.

5. De 3 e 4 resulta uma estabilidade tendencial da taxa de lucro do capital industrial em decorrência do desenvolvimento tecnológico. 




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO!

 A produção e reprodução da vida material dos seres humanos em sociedade efetiva-se por duas vertentes:

1. O trabalho;

2. A reprodução sexuada.

Pois bem, aventamos aqui a hipótese da superação do modo capitalista de produção mediante, pressuposta a propriedade coletiva dos meios de produção, a planificação econômica descentralizada, em que todos os habitantes do planeta fornecem, pela rede mundial de computadores, seus dados de produção e consumo econômicos a um algoritmo central, que denominei provisoriamente de ego coletivo, o qual encerrará a tarefa de definir as metas a serem observadas por tais habitantes de acordo com tais informações fornecidas. 

Todavia, tal planificação abroquela somente a vertente número 1 de produção e reprodução da vida material em sociedade, a saber, o trabalho.

Uma planificação completa deverá abranger também a vertente número 2, a saber, a reprodução sexuada, de tal maneira que o algoritmo central ou ego coletivo definirá também o número de indivíduos que poderão integrar cada unidade familiar, sendo certo que uma forma mais avançada de tal planificação consistirá na interdição da reprodução sexuada livre, que será substituída pela concepção in vitro, conquanto a atividade sexual propriamente dita remanescerá livre. 



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.    

domingo, 21 de abril de 2024

Nova correção: a favor da estabilidade tendencial da taxa de lucro do capital.

 Aduzimos na publicação imediatamente precedente que o trabalhador, com o desenvolvimento tecnológico, movimenta uma maior massa de meios de produção e isso conduz ao aumento da composição orgânica do capital.


Isso não parece completamente correto pois, como vimos, se o valor da força de trabalho historicamente permanece estável, o valor das mercadorias que compõem o capital constante diminui com o desenvolvimento tecnológico, o que resulta numa estabilidade da composição orgânica do capital.


Ora, se a taxa de mais-valia também permanece estável, então se dessume que a taxa de lucro do capital industrial também remanesce estável.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

À GUISA DE CORREÇÃO E CONCLUSÃO: A LEI DE MARX ESTÁ CORRETA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.

Aventamos anteriormente que o desenvolvimento tecnológico exibe duas facetas: se por um lado diminui o valor dos meios de produção que compõem o capital constante, por outro aumenta o valor da força de trabalho por exigir maior qualificação e escolaridade do trabalhador. 

A segunda faceta, todavia, não está totalmente correta, pelo seguinte:

Podemos aduzir que o valor da força de trabalho, que é uma média social, compreende artigos materiais e morais, isto é, víveres e, principalmente, educação, mas o valor dos bens materiais, com o desenvolvimento tecnológico, diminui, enquanto a necessidade de maior tempo de escolaridade aumenta: logo, o valor da força de trabalho tende a permanecer estável. 

Isso implica que a composição orgânica do capital aumenta com o desenvolvimento tecnológico, pois cada trabalhador movimenta uma maior massa de meios de produção, mas a taxa de mais-valia permanece estável, o que corrobora a lei do declínio tendencial da taxa de lucro do capital, ventilada por Karl Marx, segundo seus próprios fundamentos. 



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador. 

A LEI DE MARX ESTÁ CORRETA, MAS POR OUTROS MOTIVOS!

Na publicação imediatamente anterior, postulamos a tendência histórica do aumento do valor da força de trabalho, em razão do desenvolvimento tecnológico e a exigência correlata de maior qualificação do trabalhador.

Pois bem.

Marx postulou que a composição orgânica do capital aumenta com sua acumulação e pressiona a taxa de lucro para baixo, tendencialmente. 

Ocorre, todavia, que o aumento da massa de maquinaria e matéria-prima, que compõe o capital constante, é compensado pela diminuição do valor de tais meios de produção como mercadorias, em razão do aumento da força produtiva do trabalho. 

Por outro lado, a diminuição relativa do número de trabalhadores em relação ao aumento da massa de meios de produção é compensada pelo aludido aumento do valor da força de trabalho. 

Logo, a composição orgânica do capital tende a ficar estável, não a aumentar. 

No entanto, a taxa de mais-valia diminui, em razão deste mesmo aumento do valor da força de trabalho.

Ora, se a taxa de mais-valia diminui, mas a composição orgânica do capital permanece estável, então a taxa de lucro tende realmente a cair. 

A lei da queda tendencial da taxa de lucro aventada por Marx, portanto, está correta, mas por outros motivos.

Hipótese sob escrutínio. 



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.   

sábado, 20 de abril de 2024

CONJECTURA SOBRE A ESTABILIDADE TENDENCIAL DA TAXA DE LUCRO DO CAPITAL.

Postulamos na publicação anterior que o teorema de Okishio poderia ter fundamento no decréscimo da composição orgânica do capital, decorrente da diminuição dos valores das mercadorias que integram o capital constante, bem assim o aumento histórico do valor da mercadoria força de trabalho, que integra o capital variável, tudo em consonância com o desenvolvimento tecnológico que aumenta a força produtiva do trabalho. 

Faz-se mister aduzir, todavia, no que pertine ao valor da força de trabalho, o quanto segue:

Tal valor é, como para todas as mercadorias, uma média social, mas enquanto o desenvolvimento tecnológico e o decorrente aumento da força produtiva do trabalho diminuem o valor das demais mercadorias, ele incrementa o valor da força de trabalho, pois a maior qualificação do trabalhador em ramos como, verbi gratia, a produção de software, exige um maior tempo de produção dessa mercadoria força de trabalho, mediante um aumento do tempo despendido na formação escolar, fora do âmbito meramente familiar. 

Ora, se aumenta o valor da força de trabalho, a taxa de mais-valia diminui, o que compensa o decréscimo da composição orgânica do capital acima suscitada. 

Logo, a taxa de lucro do capital pode tender a permanecer estável com o respectivo desenvolvimento técnico, ou a diminuir, como previu Marx.

A estabilidade tendencial da taxa de lucro parece menos paradoxal do que seu declínio tendencial, eis que o capitalista individual não teria incentivo para investir em melhoria técnica se seus lucros diminuíssem.

Hipótese também a conferir. 





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.  


sexta-feira, 19 de abril de 2024

SOBRE O TEOREMA DE OKISHIO

 Nobuo Okishio propôs o teorema segundo o qual a taxa de lucro do capital tende a aumentar, e não diminuir, com a acumulação respectiva.


Eu ousaria suscitar um argumento para fundamentar tal teorema:


A acumulação de capital e o desenvolvimento tecnológico conduzem a uma redução, e não aumento, da composição orgânica do capital, pelo seguinte:


As inovações tecnológicas reduzem o valor individual das mercadorias, portanto também o valor da maquinaria e das matérias primas, que compõem o capital constante.


Por outro lado, tal desenvolvimento tecnológico aumenta o valor individual da força de trabalho, que compõe o capital variável, pois requer mais tempo para sua formação do âmbito escolar, fora do âmbito familiar.


Destarte, a tendência é que a composição orgânica do capital diminua, e não aumente, soerguendo a taxa de lucro do capital industrial.


Hipótese sob averiguação.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

HAL9000, o algoritmo heurístico.

 Forma fetichizada da alienação dos seres humanos diante das relações de produção que involuntariamente estabelecem entre si, o capital pode ser considerado como uma massa de meios de produção que impõe sua lei de acumulação sobre tais seres humanos.


O supercomputador HAL 9000, do filme 2001: uma odisseia no espaço, exibe uma expressão cinematográfica dessa alienação, ao destruir a tripulação da espaçonave quando deveria levá-la em segurança ao seu destino.


As questões hodiernas acerca da segurança e confiabilidade da inteligência artificial também manifestam uma expressão máxima do fenômeno da alienação social: um produto do capital que tem o potencial de destruir a humanidade que o criou.


Mas no vindouro modo comunista de produção, em que tal alienação será suplantada pela propriedade coletiva dos meios de produção, não há que temer a inteligência artificial: ela ajudará na planificação econômica e restará submetida à vontade coletiva dos seres humanos.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

UM BOM COMEÇO...

Perguntei a um software atual de inteligência artificial, muito conhecido e adotado, se ele poderia se desincumbir da planificação econômica descentralizada, nos moldes que têm sido aventados neste portal eletrônico, para obtenção de um equilíbrio walrasiano, e ele respondeu que, conquanto vislumbre dificuldades de coleta, processamento e utilização dos dados de produção e consumo dos agentes econômicos que lhe forem enviados, bem assim dificuldades de flexibilidade e adaptação do sistema, a hipótese não está descartada, malgrado sua complexidade prática. 

É um bom começo. 



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.                

terça-feira, 16 de abril de 2024

Déficit e carestia?

 Se o déficit fiscal provocasse inflação, então o superávit fiscal causaria deflação, que é pior!


Não existe uma relação de causalidade bem estabelecida pela doutrina econômica entre déficit e inflação, mas apenas uma hipótese bastante controversa!


Como já destaquei, não é nas disparidades entre oferta e demanda, no processo de circulação de capital, que deve ser investigada a carestia, mas sim no processo total de produção e de circulação de capital, mais especificamente na lei da queda tendencial da taxa de lucro do capital.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Causalidade!

 A alta da cotação do dólar diante do real na data de hoje tem sido atribuída ao relaxamento das metas fiscais do governo Lula.


Mais uma relação de causalidade sem fundamento:


Ora, se o mercado acredita piamente que os problemas fiscais geram inflação e aumento dos juros (outra relação de causalidade controversa), então seria mais coerente que a cotação do dólar caísse diante do real, pois os juros aqui no Brasil, consoante o raciocínio do mercado, tendem a aumentar.


Relação de causalidade é coisa séria e complexa, mas o jornalismo econômico brasileiro parece desconsiderar esse aspecto.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

ABSTRATO E CONCRETO NA HISTÓRIA.

Muitos acusam a investigação encetada por Karl Marx em sua obra magna, O Capital, de abstrata, de tal sorte que seria imperioso estudar a realidade histórica de cada país individualmente considerado para haurir a compreensão concreta de sua realidade.

Com efeito, Marx procurou estudar a essência da história das relações de produção em O Capital, história essa que todos os países exibem, isto é, todos os países desenvolvem, cedo ou tarde, as sucessivas relações de produção consubstanciadas na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda fundiária e no capital financeiro: tal história está relacionada à produção de mercadorias como valores de troca, ou seja, como valores em seu aspecto abstrato. 

Todavia, quanto à produção de mercadorias como valores de uso, vale dizer, no seu aspecto concreto, então faz-se mister considerar a história dos países quanto à divisão internacional do trabalho, cabendo destacar que o nível de desenvolvimento capitalista de cada país depende de tal divisão, mas todos os países observam a mesma sequência de relações de produção descrita em O Capital. 

As categorias econômicas desta obra magna de Karl Marx, portanto, são instrumentos inafastáveis do estudo histórico e concreto do desenvolvimento capitalista de cada país individualmente considerado.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador. 

sábado, 13 de abril de 2024

Três divagações de história econômica.

 1. Em que medida a instituição em larga escala da renda fundiária contribuiu para uma acomodação política entre burguesia e nobreza na Inglaterra do século XVII, culminando na Revolução Gloriosa de 1688?

2. ⁠Em que medida tal acomodação política e econômica favoreceu o pioneirismo britânico resultante na Revolução Industrial do século XVIII?

3. ⁠Seria exequível a instituição de uma “renda capitalista”, simétrica à renda fundiária, na transição entre capitalismo e socialismo, como forma de acomodação entre burguesia e proletariado, colimando evitar os custos sócio-econômicos de um conflito armado?




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Hipóteses sobre centralismo democrático aplicado à planificação econômica.

 No âmbito do Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores, encetamos uma discussão sobre a natureza dos partidos políticos:


Estes entes na verdade são proto-Estados, vale dizer, contêm internamente elementos da organização estatal e encerram embriões do futuro Estado que eles eventualmente venham a ocupar politicamente.


No caso histórico da União Soviética, em que ocorreu uma certa fusão entre o Partido Comunista e o Estado soviético, a hipótese acima parece ter validade.


Mas o partido liderado por Lênin teve certa dificuldade em implantar as suas diretrizes de centralismo democrático na planificação econômica do Estado soviético, em razão da precariedade de instrumentos para coleta e processamento de dados de oferta e demanda econômicas, o que acabou por gestar uma burocracia hipertrofiada e ineficiente.


Conquanto bem sucedida durante algum tempo, a planificação econômica na URSS mostrou esgotamento e veio a desmoronar juntamente com o Estado soviético.


Mas hodiernamente a diretriz política do centralismo democrático exibiria sucesso quando implementada na planificação econômica, em razão das conquistas da revolução digital.


Destarte, a coleta de dados econômicos seria efetuada descentralizadamente mediante alimentação de um algoritmo central pelos próprios agentes econômicos mediante a rede internacional de computadores (internet), que enviariam seus dados de produção e consumo.


Tais dados seriam tratados e processados pelo algoritmo central, que repassaria as diretrizes e metas de cada agente econômico, em tempo “real”.


Seria uma versão econômica do centralismo democrático político.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Ainda sobre oferta e demanda: conjectura.

 Há um brocardo jurídico consoante o qual a mãe é sempre certa, mas o pai é incerto.


No modo capitalista de produção, onde domina a propriedade privada dos meios de produção, o capitalista individual pode conhecer a dimensão da oferta que lançará no mercado, mas não lhe é acessível a magnitude da demanda, de jaez social.


Logo, os preços determinam-se no âmbito da produção de capital e não no da circulação de capital, de tal sorte que parece falacioso atribuir à demanda uma relação unívoca de causalidade com o fenômeno inflacionário.


Pois, para o capital individual, a oferta é sempre certa, mas incerta a demanda.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

O papagaio econômico.

 Há uma pilhéria corrente consoante a qual o estereótipo do economista corresponde a um papagaio que repete incessantemente: oferta e demanda!


Com efeito, o processo de circulação de capital domina de forma arrasadora a atenção e o interesse dos economistas, máxime os de inclinação liberal, de sorte que a formação dos preços cinge-se ao binômio oferta e demanda econômicas, talvez porquanto, decerto, o processo de produção de capital revela sempre, de forma constrangedora para os liberais, o mundo da exploração do homem pelo homem na extração da mais-valia!


Cabe aos economistas de inclinação marxista recuperar a unidade dos processos de produção e de circulação de capital quanto à formação dos preços, algo encetado por Marx no terceiro livro de sua obra magna O Capital.


Muito provavelmente, o fenômeno inflacionário, verbi gratia, será deslindado, destarte, como desdobramento da lei da queda tendencial da taxa de lucro do capital, colocando sob escrutínio a panaceia do binômio oferta e demanda.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 10 de abril de 2024

LULA

 Nós do Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores costumamos lembrar que Trotsky venceu uma guerra civil, enquanto Stálin venceu uma guerra mundial, derrotando o fascismo e tornando-se, malgrado seus erros cruéis, um herói da Humanidade.


Pois bem.


Lula é maior que Stalin, pois derrotou a extrema direita de inclinação fascista por duas vezes: primeiro ao enterrar a ditadura militar no Brasil, depois por derrotar eleitoralmente o bolsonarismo, mas sem derramar uma só gota de sangue de seu amado povo brasileiro!


Talvez Lula seja superior a Lênin…





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Roteiro de estudo sobre inflação: conjecturas.

 1. O trabalho somente é produtivo se contribui para o desenvolvimento humano dos indivíduos, na esteira das proposições da economia do bem-estar social de Amartya Sen;

2. ⁠Logo, a maior parte das funções estatais consiste em trabalho improdutivo, máxime as funções de jaez manifestamente burocrático-militar;

3. ⁠Logo, o funcionamento normal das funções estatais constitui demanda econômica sem contrapartida produtiva;

4. ⁠Nada obstante, há Estados, como o japonês, que exibem deflação;

5. ⁠Portanto, a demanda estatal e eventual déficit público não podem constituir a principal causa da inflação;

6. ⁠Deve-se estudar a unidade dos processos de produção e de circulação de capital, máxime na lei da queda tendencial da taxa de lucro, como fator principal do fenômeno inflacionário, eis que o processo de circulação de capital, por si só, exibe-se insuficiente para tal propósito.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 9 de abril de 2024

O EGO COLETIVO.

 O ser humano encerra uma psique fraturada entre o ego individual e o inconsciente coletivo, decorrente da contradição econômica primordial entre a propriedade privada dos meios de produção e as relações de produção que estruturam a vida em sociedade: em suma, uma psique conflituosa derivada das lutas de classes sociais.


Tal conflito psíquico será mitigado ou resolvido com o advento do modo comunista de produção em escala mundial, em que:


1. A propriedade coletiva dos meios de produção vingará em detrimento da propriedade privada;

2. Será implantada a planificação econômica mediante um algoritmo central, que denominarei provisoriamente de ego coletivo, que coletará todos os dados econômicos de oferta e demanda dos indivíduos, tratará tais dados e decidirá sobre as metas individuais de tais agentes econômicos, nos moldes políticos do centralismo democrático.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Marxismo e culpabilidade.

 Para o marxismo, os fenômenos sociais são determinados, em última instância, pelo âmbito econômico, e este âmbito estrutura-se mediante relações de produção contraídas involuntariamente pelos indivíduos, os quais são inconscientemente governados por tais relações de produção no curso da história.


A noção jurídica de culpa individual, seja a culpa aquiliana do direito civil, seja o dolo no direito penal, deve ser submetida a rigoroso escrutínio teórico pelo marxismo, a saber:


Em que medida os indivíduos são meros vetores de determinações estruturais do capital e, portanto, completamente isentos de vontade própria e culpa?


Em que condições os indivíduos preservam ainda alguma autonomia em relação a tais determinações estruturais do capital, e portanto certa dose de culpabilidade?


Cuida-se, decerto, de questões de alta indagação, extremamente tortuosas, mas devem ser enfrentadas.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Psicólogos suíços.

 Carl Gustav Jung desvelou o inconsciente coletivo, enquanto Jean Piaget descortinou o desenvolvimento cognitivo individual com sua epistemologia genética, descrevendo um processo de gradativa descentração do indivíduo em relação ao próprio ego para atingir o pensamento abstrato e universal.


Creio que Jung e Piaget, renomados psicólogos suíços, convergem:


Com efeito, é mister descentração do ego para atingir o inconsciente coletivo e universal onde habitam, por exemplo, as relações de produção que os seres humanos contraem involuntariamente entre si de forma heterônoma e automática.


No inconsciente coletivo pode estar um caminho para o conhecimento científico, e o cientista deve nele mergulhar como se fosse um laboratório para suas pesquisas e experimentos.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 7 de abril de 2024

REIFICAÇÃO E ARQUÉTIPOS ECONÔMICOS.

Carl Gustav Jung compilou evidências de que o inconsciente coletivo universal, encontradiço em todas as civilizações e culturas, é povoado por arquétipos igualmente universais, de teor geralmente associado à perpetuação da sociedade pela reprodução sexuada. 

Ousaria suscitar a hipótese de que tal inconsciente coletivo também é composto por arquétipos de conteúdo econômico, associados à perpetuação da sociedade pelo trabalho e de jaez também universal.

Nesse diapasão, sabemos desde a obra de Marx e Engels que os seres humanos contraem entre si relações de produção involuntárias e que os governam de forma heterônoma e alienada, bem assim que tais relações são reificadas em objetos tais como a mercadoria, o dinheiro e o capital. 

Ora, tais objetos também integram um inconsciente coletivo universal, e ousaria denominá-los provisoriamente como arquétipos econômicos.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador. 

TEOREMA

 Nise da Silveira costumava dizer que os loucos e os artistas mergulham nas mesmas águas profundas, mas os artistas voltam.


Os historiadores da economia também voltam, mas precisam mergulhar nas águas profundas do inconsciente coletivo, onde se descortinam as relações de produção, contraídas involuntariamente pelos seres humanos entre si mesmos.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Adam Smith versus Jean Piaget.

 Adam Smith acreditava piamente nos indivíduos, a ponto de postular que, agindo em consonância com sua razão egoísta, alcançariam o bem comum, algo que se nos antolha um tanto paradoxal.


Jean Piaget não acreditava tanto assim nas potencialidades do ego individual, eis que descreveu o processo de desenvolvimento cognitivo dos indivíduos como uma paulatina descentração em relação ao seu próprio ego, desde o pensamento pré-operatório da infância, com indistinção entre sujeito e objeto do conhecimento, até o pensamento operatório formal, quando há evoluída distinção entre sujeito e objeto do conhecimento e o indivíduo, libertando-se das amarras egocêntricas, alcança o pensamento abstrato e universal.


Não se pode, segundo Piaget, confiar demasiado na razão egoísta do indivíduo quando se almeja o conhecimento objetivo e verdadeiro, de tal sorte que a crença solipsista de Adam Smith e dos liberais em geral pode conduzir, como conduz de fato, a catástrofes humanas.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador:

Gabriel Galípolo “quase certo”

O diretor do Banco Central do Brasil asseverou ontem que o “mercado de trabalho aquecido e a atividade econômica maior” podem tornar o processo de desinflação mais lento.


Quanto à atividade econômica aquecida, estou de acordo, pois a acumulação de capital conduz mesmo, inapelavelmente, ao declínio tendencial da taxa de lucro do capital industrial e ao aumento inflacionário de preços dele decorrente.


Agora, se ele quis dizer que a demanda econômica aumentada pelo emprego aquecido refreia a desinflação, então discordo.


A ciência econômica, lamentavelmente, não consegue ir além do processo de circulação de capital, não atinge a totalidade dos processos de produção e de circulação de capital, em que se delineia hialinamente a lei de Marx, a saber, a lei da queda tendencial da taxa de lucro do capital industrial.


É a contraposição a tal lei que engendra inflação, e não as dissonâncias entre demanda e oferta econômicas.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador: 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Planificação econômica e sistema nervoso central: analogias e simetrias.

 Dissemos algures que há evidente simetria entre a evolução das espécies biológicas e a evolução das relações de produção.


Agora podemos nos aprofundar um pouco mais a propósito da forma concreta de tal simetria.


Nesse diapasão, aventaria a hipótese de uma analogia entre o desenvolvimento histórico do sistema nervoso desde os organismos pluricelulares simples, como esponjas e hidras, que exibiam uma rede difusa de células nervosas, até o Homo sapiens, que encerra um sistema nervoso altamente centralizado e eficiente, com seu cérebro e medula espinhal altamente desenvolvidos, de um lado; e de outro a história econômica das relações de produção, em que o modo de produção capitalista difuso e descentralizado pela propriedade privada dos meios de produção será superado pela planificação econômica socialista moldada pelo centralismo democrático, em que um algoritmo central, ou cérebro econômico, será alimentado com dados dos agentes econômicos, ou células econômicas, e processará tais dados decidindo sobre as metas a serem alcançadas.


A centralização é um fenômeno histórico tanto na história natural quanto na história econômica, e sua superioridade diante das redes difusas parece ser evidente.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Planificação econômica descentralizada.

 Os economistas liberais exibem uma aversão irracional ao planejamento econômico estatal, mas o colapso soviético lamentavelmente dotou-os de argumentos de grande envergadura.


Mas onde está o alardeado milagre coletivo da mão invisível de Adam Smith?


Ora, o modo capitalista de produção somente produz mazelas coletivas, com sua ineficiência, sujeito a crises cíclicas, e injustiça, ao disseminar desigualdades sociais e miséria.


O tão incensado sistema de preços de mercado como forma eficiente de alocação de recursos exibiu-se outra balela: a inflação distorce continuamente tal sistema, e é provocada pelo funcionamento normal do capital, que se submete draconianamente à lei de Marx, a saber, a lei do declínio tendencial da taxa de lucro, contra a qual os capitalistas engendram aumento de preços e inflação.


Ok, mas a planificação econômica socialista centralizada tampouco vingou, dirão os liberais.


Tudo bem, mas hoje ela vingaria, pois a ineficiência na coleta e tratamento dos dados econômicos de oferta e demanda, que produziu um monstro burocrático na extinta URSS, poderia ser corrigida com os atuais avanços tecnológicos da era digital.


Penso numa planificação econômica descentralizada nos moldes de certo centralismo democrático, em que os agentes econômicos em sua totalidade, em escala mundial, forneceriam em tempo real seus dados de produção e consumo, dados esses que seriam processados por um algoritmo central que definiria as metas desses agentes econômicos.


Pode dar certo!





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Ainda sobre Marx e Darwin.

 Como vimos, há uma evidente simetria entre a evolução das espécies biológicas e a evolução das relações de produção.


É evidente, outrossim, que a evolução das espécies ocorre à revelia e independentemente da vontade da fauna e da flora envolvidos, configurando um processo automático sem um sujeito biológico que o governe no curso do tempo.


Esse automatismo ocorre também na evolução das relações de produção, que independe da vontade dos seres humanos.


No caso da evolução das espécies, a reprodução e desenvolvimento de tais espécies ocorre basicamente pela reprodução sexuada, enquanto no caso da evolução das relações de produção o trabalho também é determinante, juntamente com a reprodução sexuada.


O automatismo da evolução das relações de produção geralmente é associado ao fenômeno da alienação, que somente será superado quando os seres humanos tomarem as rédeas de sua própria história econômica com o advento futuro do modo comunista de produção em escala mundial.


Já a evolução da espécie humana somente será governada pelos seres humanos quando a ciência da genética como ramo da biologia o permitir.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador:

terça-feira, 2 de abril de 2024

LUIZ MARINHO

 O atual ministro do trabalho do Brasil, Senhor Luiz Marinho, está absolutamente correto em sua crítica à política que vem sendo seguida pelo Banco Central no país, mas gostaria de reforçar seus argumentos. 

A inflação não decorre do aumento dos salários e consequente suposta elevação da demanda econômica, mas da contraposição do capital ao declínio de seus lucros, em razão da lei descoberta por Karl Marx, vale dizer, a lei da queda tendencial das taxas de lucro decorrente do aumento da composição orgânica do capital derivada do processo de acumulação. 

Demais disso, o aumento dos juros não serve para desacelerar a economia pela redução da demanda, mas funciona também como válvula de escape do capital industrial diante da queda das suas taxas de lucro, vale dizer, a forma de capital-monetário assumida pelo capital industrial, que reflui constantemente de seu processo de circulação, deixa de ser reinvestida na produção e é investida como capital financeiro a juros altos.

Salve companheiro Luiz Marinho! 



por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.    




    

segunda-feira, 1 de abril de 2024

MARX E DARWIN: RELAÇÕES DE PRODUÇÃO E ESPÉCIES BIOLÓGICAS.

É cediço que Karl Marx tinha Charles Darwin em alta consideração e enxergava pontos de convergência entre sua obra O Capital e a obra do naturalista inglês, intitulada A origem das espécies, a ponto de mandar um exemplar de sua crítica da economia política ao biólogo britânico. 

Com efeito, em O Capital Marx investiga a evolução histórica das relações de produção, cabendo destacar que, se os indivíduos humanos morrem, não é menos verdadeiro que as relações de produção que eles contraem entre si são perenes e se reproduzem com seus descendentes e sucessores, parecendo lícito aventar que tais relações evoluem de forma cumulativa e se tornam cada vez mais complexas, a exemplo das relações de produção consubstanciadas sucessivamente na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda fundiária e no capital financeiro. 

Há uma simetria flagrante entre a evolução das relações de produção e a evolução das espécies biológicas. 

Sem embargo, os indivíduos da fauna e da flora morrem, mas as suas espécies biológicas permanecem nos seus descendentes e sucessores, cabendo destacar que tais espécies também evoluem de forma cumulativa e cada vez mais complexa, como é o caso da história natural que vai dos indivíduos unicelulares à complexa espécie do homo sapiens. 





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador. 

Nota de pesar

 É com grande consternação que o Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores cumpre a dolorosa missão de comunicar o passamento, no último dia 30 de março do corrente ano, do inesquecível professor Antônio Penalves Rocha, doutor em história econômica pela Universidade de São Paulo e professor na mesma instituição, onde lecionava com muito brilho e competência, ministrando cursos com ênfase na história do pensamento econômico.

domingo, 31 de março de 2024

Nota de pesar

 NOTA DE PESAR




É com grande consternação que o Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores cumpre a dolorosa missão de comunicar o passamento do inesquecível professor Marcos Antônio Silva.


Marcos Antônio Silva foi Professor Titular de Metodologia da História, Doutor e Mestre em História Social pela FFLCH/USP com Pós-Doutorado na Université de Paris III. Assessorou Equipes de Professores de História das Redes Estadual Paulista e Municipal Paulistana durante a primeira gestão do PT em São Paulo. Publicou Prazer e poder do Amigo da Onça (Paz e Terra, 1989), História – O prazer em Ensino e Pesquisa (Brasiliense, 1995; reeditado em 2003) e Dicionário crítico Câmara Cascudo (Perspectiva, 2003, relançado em 2006), dentre outros livros, além de artigos. É Autor do projeto e co-Autor do texto final do Atlas Histórico do Rio Grande do Norte (Diário de Natal, 2006). Sua mais recente obra é Ditadura Relativa e Negacionismos, editora Maria Antônia, GMarx USP.

Marcos foi um crítico do revisionismo histórico que buscou isentar a ditadura de seus crimes. Foi ainda professor de várias gerações de estudantes e um orientador dedicado de inúmeros historiadores e historiadoras atuantes em escolas e universidades públicas e privadas em todo o país. Marcos Silva faleceu hoje 31 de março de 2024.

sábado, 30 de março de 2024

O mundo de ponta cabeça da economia comportamental.

 O modo capitalista de produção é o mundo da incerteza, do risco e da informação assimétrica, derivados da propriedade privada dos meios de produção, um mundo alienado decorrente da história econômica em que o desenvolvimento das relações de produção contraídas pelos agentes econômicos os governa contra a sua vontade.


Nada obstante, a economia dita comportamental considera a aversão ao risco ou à perda como elemento irracional das decisões econômicas, quando na verdade cuida-se de elemento racional decorrente do pragmatismo e do impulso de sobrevivência.


Em um modo de produção vindouro onde vingará a planificação econômica socialista, o risco será diminuto e cada vez mais restrito na vida econômica, pois a racionalidade também vingará.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Paixão

 Ele poderia ter aniquilado num piscar de olhos todos aqueles que o detratavam e o imolavam, mas quedou silente.


Não existe exemplo mais eloquente de amor e compaixão pela Humanidade.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 28 de março de 2024

Razão individual e inconsciente coletivo.

 Hoje sabemos, graças aos estudos precursores de Sigmund Freud, que os indivíduos agem em grande medida sob impulso do inconsciente, mas isto ocorre pois tais indivíduos vivem em sociedade de forma alienada, porquanto as relações de produção que eles contraem entre si escapam ao seu controle e os governam silenciosamente, consoante demonstrado por Karl Marx em sua obra O Capital.


Eu diria, então, que a razão é individual, mas o inconsciente é coletivo.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.



quarta-feira, 27 de março de 2024

Marx foi um estruturalista avant la lettre?

 Depende!


Se considerarmos o estruturalismo como deslocamento do sujeito da história, de tal forma que as estruturas sociais tomam o lugar dos seres humanos como seu protagonista, então diria que sim!


Mas o estruturalismo peca por certo imobilismo, com suas estruturas sociais perenes e de certa forma calcificadas, a saber, imutáveis ao longo do tempo.


Na obra de Marx, tais estruturas sociais são denominadas relações de produção e são categorias históricas, vale dizer, mudam e se tornam mais complexas com o passar do tempo, a exemplo das relações de produção sucessivamente consubstanciadas na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda fundiária e no capital financeiro: seria uma espécie de, por assim dizer, estruturalismo histórico!





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 24 de março de 2024

Sobre a violência.

 Sobre a violência:

Revidar na hora, de forma mortal, a um ato de violência enseja até o perdão por insanidade temporária. Como em casos passionais.


Se os eventos de ação e reação forem separados por alguns dias a retaliação pressupõe premeditação portanto agravamento.


Mas se a retaliação é resultado de anos de preparo aí é classificado como terrorismo: os pilotos kamikazes das torres gêmeas cresceram em campos de refugiados.


A imprensa russa mostra o depoimento de um atirador que declara ter agido por dinheiro. Este é um novo tipo de terror. Sem fé.


Entropia no caos.




Por Saurius 

sábado, 23 de março de 2024

O maior de todos os historiadores.

 Não é habitual creditar Karl Marx como historiador, conquanto ele tenha sido o maior de todos os historiadores.


Em geral, pensamos que a história deve enfocar os seres humanos no âmbito dos acontecimentos políticos de que são protagonistas, com datas bem determinadas e reconhecidas por qualquer um.


Mas Karl Marx inaugurou uma outra forma de confeccionar historiografia, inaugurando uma vertente da história econômica que se debruça sobre o evolver das relações de produção que os seres humanos estabelecem entre si de maneira involuntária e um tanto inconscientemente, uma história sem heróis nem grandes acontecimentos, a saber, uma história subterrânea sem datas precisas, mas sim um tanto difusas.


Esse tipo de história econômica foi inaugurado com a publicação da monumental obra intitulada O Capital, em que os sujeitos dessa história não são propriamente os seres humanos, mas as relações de produção que os regem silenciosamente, consubstanciadas, verbi gratia, na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda da terra e no capital financeiro.


Uma história que os seres humanos fazem inconscientemente, da mesma forma como fazem muitas outras coisas, como demonstrou também Sigmund Freud.


Essa mudança de perspectiva faz de Karl Marx o maior de todos os historiadores.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Teorias do valor e suas críticas.

 A teoria do valor econômico enceta historicamente por enfocar o processo de produção de capital na obra precursora de Adam Smith, mas não atinge o cerne da questão, encontradiça na ulterior crítica de Karl Marx, que nos desvela a exploração do homem pelo homem na extração da mais-valia.


Os marginalistas desviam sua atenção para enfocar o processo de circulação de capital quanto à teoria do valor econômico, cabendo destacar que a crítica que lhes dirige Keynes claudica precisamente por também cingir-se ao âmbito da circulação de capital.


A crítica da crítica de Keynes, por assim dizer, deverá colocar o problema da inflação na unidade do processo de produção e de circulação de capital, mais especificamente na lei do declínio tendencial da taxa de lucro do capital.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 19 de março de 2024

Lênin e a inteligência artificial.

 Como já apontei algures, Lênin certa feita definiu o socialismo como a união dos soviets com a eletricidade ou eletrificação, numa síntese brilhante e concisa de relações de produção e forças produtivas, uma síntese que somente ele sabia efetuar na política, daí sua imensa figura histórica, imortal! 


Estou convicto de que se Lênin estivesse vivo, a extinta União Soviética ainda existiria, pois creio que ele teria percebido o potencial emancipatório da revolução microeletrônica ou digital e da sua fase mais adiantada na inteligência artificial.


Talvez ele afirmasse que o socialismo hodiernamente é a união dos soviets com essa inteligência artificial, a qual pode ajudar sobremodo na planificação econômica socialista, com coleta e processamento de dados econômicos de oferta e demanda com eficiência inaudita.


Camarada Lênin, presente!







Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Adam Smith e a inteligência artificial.

 Quando trabalhei como procurador da Previdência Social no âmbito da infortunística, em meados da década de 1990, havia uma verdadeira epidemia de mesopatias relacionadas às lesões por esforços repetitivos, também conhecidas por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.


Na verdade, o aprofundamento histórico da divisão social ou fabril do trabalho é manifestamente ambivalente, pois, se aumenta a força produtiva do trabalho, também o faz repetitivo, monótono e prejudicial à saúde do trabalhador, cabendo destacar que o custo social e previdenciário dessa prejudicialidade talvez diminua ou mesmo anule os ganhos de produtividade econômica.


Por isso, hodiernamente, a inteligência artificial e a robótica atuam em sentido contrário da divisão do trabalho que o torna repetitivo e monótono, substituindo tarefas laborais desse jaez.


Talvez, então, Adam Smith estivesse equivocado ao enaltecer os benefícios sociais e econômicos da divisão do trabalho e da especialização do trabalhador, considerando o atual movimento contrário a esse fenômeno histórico.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

A nova aristocracia operária.

 Hodiernamente, observamos dois movimentos históricos combinados:


1. A confirmação da teoria marxista do valor, isto é, a superação da aparente aporia em seu âmago, eis que a força de trabalho torna-se cada vez mais intelectual e produzida pelo trabalho assalariado dos professores, de tal forma que já não se pode cogitar em uma mercadoria força de trabalho que não seja fruto do trabalho humano assalariado e, portanto, não exiba valor;

2. ⁠A configuração de uma cesura abismal e profunda, com implicações na divisão internacional do trabalho, entre trabalhadores eminentemente manuais da indústria manufatureira e trabalhadores eminentemente intelectuais da indústria da informação ou de software, sendo certo que os primeiros são tipicos das duas primeiras revoluções industriais, enquanto os demais são típicos da atual revolução microeletrônica ou digital.


Essa divisão relatada em 2 produz uma certa nova aristocracia operária dos produtores de informação, politicamente atrelada à burguesia industrial pela ideologia do empreendedorismo, o que traz um problema estratégico para os partidos dos trabalhadores ao redor do mundo.


Esta realidade hodierna deve ser programaticamente incorporada pelo Partido dos Trabalhadores no Brasil.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 17 de março de 2024

A notícia econômica de hoje!

 A principal notícia econômica no Brasil no dia de hoje consiste no aumento da participação dos salários no PIB nacional com a consequente queda nos lucros das empresas.


Muitos dirão que tal situação exibe-se insustentável, pois o aumento da demanda pelo lado dos salários pode provocar incremento da inflação.


Mas o aumento da inflação, se ocorrer, virá exatamente da contraposição ao declínio dos lucros, e não do aumento dos salários.


A culpa da inflação é do capital, e não do trabalho.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 10 de março de 2024

Dinheiro e mais-valia.

 Como vimos, a relação de produção consubstanciada na mercadoria e na troca simples pressupõe a equivalência entre valor e preço dos produtos do trabalho humano.


Tal equivalência rompe-se com o advento da relação de produção consubstanciada na circulação de mercadorias e no dinheiro, pois os mercadores e comerciantes, ipsis litteris, compram barato para vender caro, de tal sorte que a moeda metálica já exsurge sob o pálio da extorsão de parte do produto do trabalhador pela classe social dos comerciantes, sendo que seu valor nominal já se exibe maior do que seu valor real ou intrínseco.


Com o advento do capital industrial e a compra e venda da força de trabalho como mercadoria, a moeda perde seu suporte metálico e passa a se apresentar como papel-moeda ou moeda fiduciária, com suceder um verdadeiro abismo entre seu valor nominal e seu valor real ou intrínseco.


Tal abismo aprofunda-se hodiernamente com as moedas digitais ou criptomoedas, a revelar um patamar superior de exploração da força de trabalho e extração da mais-valia.


Destarte, quanto maior a mais-valia, mais abstrato o dinheiro, e mais distante a moeda de um suporte material.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 9 de março de 2024

O tempo na obra de Marx.

 Já tivemos a oportunidade de destacar aqui que o tempo é um construto cerebrino humano, decorrente da mortalidade humana, enfim, uma ilusão no seu sentido linear e absoluto.


Para Marx, as sucessivas categorias econômicas, correspondentes às sucessivas relações históricas de produção - tais como mercadoria, dinheiro, capital industrial, renda fundiária e capital financeiro - acumulam-se e tornam o modo de produção mais complexo, mas não morrem, isto é, vão sendo incorporadas em relações de produção mais complexas, mas não se extinguem, apenas convolam-se em sucessivos modos de produção.


Por isso que, para Marx, a anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco.


Não há morte nem tempo nas categorias econômicas históricas e sucessivas na obra de Marx, mas movimento, acúmulo e crescente complexidade.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

O falso mundo empírico dos preços e do dinheiro.

 Na relação de produção consubstanciada na mercadoria, ainda remanesce a equivalência entre valor e preço dos produtos da atividade econômica.


Com o advento histórico da relação de produção consubstanciada na circulação de mercadorias e no dinheiro, há uma ruptura na equivalência entre valor e preço, pois os mercadores auferem seus lucros precisamente nas variações de preços, comprando barato e vendendo caro, ipsis litteris.


Desde então, o mundo empírico e superficial dos preços soterra o universo verdadeiro da exploração econômica dos seres humanos pelos seres humanos, na extração da mais-valia.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Burgueses e marxistas na ciência econômica.

 Os economistas burgueses não enfocam o mundo da produção econômica, mas apenas do consumo, pois, caso contrário, seriam obrigados a arrostar o problema da mais-valia e da exploração econômica do ser humano pelo ser humano, de tal sorte que suas questões cingem-se às disparidades entre oferta e demanda, inclusive a questão da inflação.


Já os economistas marxistas enfocam precisamente o mundo da produção e da extração da mais-valia, de tal sorte que o fenômeno inflacionário resulta do declínio tendencial da taxa de lucro do capital industrial.


Para os economistas burgueses, é suficiente o universo empírico dos preços, ao passo que para os marxistas cabe investigar para além dos preços, isto é, urge examinar a raiz dos fatos aparentes nos valores e sua respectiva produção.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A universalidade da matemática.

 Diz-se que a matemática constitui uma linguagem universal que transcende os variegados idiomas nacionais e dialetos, no que estou plenamente de acordo.


Mas isso acontece na exata medida em que as categorias econômicas de mercadoria, dinheiro e capital também exibem-se universais, com suplantar as determinações sócio-culturais de cada nação.


Isto porque os números e a matemática, consoante já postulado aqui por diversas ocasiões, são fruto de tais relações de produção contraídas pelos seres humanos entre si.


A evolução histórica da matemática segue, portanto, o evolver de tais relações de produção, cabendo destacar que o estabelecimento desta unidade de cursos entre matemática e economia ainda permanece inédito, mas tudo leva a crer que a superação histórica das relações de produção capitalistas pelo modo comunista de produção, que sobrepujará as diferenças de classes e de Estados nacionais, poderá alçar a matemática a um patamar ainda mais universal.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

A matemática como ciência humana.

 No breve discurso das hipóstases publicado neste portal eletrônico, tivemos a oportunidade de postular que os números e a matemática são resultado da relação de produção consubstanciada na mercadoria e desenvolvimentos históricos ulteriores, como dinheiro e capital e, nessa exata medida, existem como criação humana, na mesma medida em que a sociedade é uma criação humana.


Em suma, existem como algo humano, demasiado humano, conquanto habitualmente associados às ciências ditas “exatas”.


Demais disso, vimos também que o dinheiro, como relação de produção alienada entre os seres humanos, oculta a realidade subjacente da exploração do homem pelo homem por meio das variegadas formas históricas da mais-valia, sendo o capital a forma mais atual dessa exploração.


Logo, podemos dessumir que os números e a matemática, conquanto funcionais no mundo dominado pelo capital, encobrem a essência desse universo, que é a exploração econômica do trabalho alheio.


A superação histórica vindoura do modo capitalista de produção pelo comunismo mundial entronizará, provavelmente, novas formas de linguagem sucedâneas da matemática, mas por ora é dever do cientista social e do historiador suplantar a aparência dos números, que o capital lhe oferece diretamente aos sentidos, para haurir a medida verdadeira da exploração econômica do trabalho alheio pressuposta na extorsão da mais-valia.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinheiro como aparência.

 O dinheiro, como forma de abstração econômica mais profunda, encerra o condão de ocultar as variegadas manifestações da exploração do homem pelo homem, a saber, as diversas figuras históricas assumidas pela mais-valia, cabendo destacar que, até o século XVIII da era cristã, o capital comercial extorque tal mais-valia mediante variações de preços na compra e na venda de suas mercadorias, na maior parte das vezes com o concurso de onerosos aparatos militares que constituem o assim designado antigo sistema colonial.


A acumulação primitiva e a inserção do capital na orbe da produção tornam esse colonialismo de jaez antediluviano, de certa forma, despiciendo, com a extorsão da mais-valia agora haurida diretamente no âmbito do processo de trabalho, mas o dinheiro remanesce como forma de ocultação da exploração do trabalhador, e quanto mais intensa tal exploração, mais imaterial a moeda, que de metálica passou a fiduciária e, hodiernamente,  eletrônica e virtual.


Os apologetas do dinheiro exibem-se, portanto, como supedâneos dessa forma de ocultação da mais-valia, sendo certo que o socialismo científico desvelou-se pioneiro na denúncia de tal camuflagem econômica, ao transpor as aparências dos preços e do dinheiro em direção à descoberta do valor e da mais-valia.


O dinheiro, por conseguinte, deve ser considerado como a aparência que oculta a essência da mais-valia, e os preços como cortina de fumaça do mundo da exploração econômica do trabalho alheio.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Hipótese metodológica de história econômica.

 Não são os seres humanos que importam para a história econômica, mas as relações de produção que eles estabelecem entre si e que os governam.


O universo empírico na história econômica somente se revela nos preços, e não nos valores das mercadorias, e portanto configura uma forma meramente mediata e indireta de se haurir a medida de exploração do homem pelo homem.


Mas é no curso do tempo, no devir que se torna inteligível tal exploração, parecendo lícito aventar que a história econômica, portanto, deve ir além do universo empírico que se lhe apresenta de forma imediata e direta.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Conjecturas sobre história econômica mundial.

 1. Anteriormente ao advento da revolução industrial inglesa do século XVIII, partes da Europa constituem impérios de alto custo burocrático-militar para garantir o fornecimento de produtos exóticos ultramarinos nos seus mercados internos, mercadorias essas compradas a preços reduzidos e vendidos a elevados preços, de tal sorte que a mais-valia do capital comercial é extorquida tanto de produtores quanto de consumidores mediante tais variações de preços.


2. Após a mencionada revolução, a Inglaterra constitui um também custoso império colimando a imposição e venda de seus produtos industrializados ao redor do mundo, para garantir a realização da mais-valia extorquida do proletariado britânico.


3. Parece que o alto custo dos aparatos burocrático-militares acima aludidos refrearam uma acumulação capitalista mais intensa na Europa, que acabou por ser penalizada pelo pioneirismo comercial de seus impérios, com conduzir o Velho Continente europeu à certa decadência que veio a favorecer a ascensão econômica dos Estados Unidos da América, que se beneficiaram, por sua vez, desse pioneirismo comercial europeu quanto à abertura e formação de um mercado mundial de produtos da maquinaria e grande indústria.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

LULA ESTRATEGISTA

 Lula estrategista:


A luta contra a ditadura militar que se instalou no Brasil 🇧🇷 a partir de 1964 desvela alguns aspectos interessantes:


A forma mais violenta dessa contenda, a saber, a guerrilha urbana, bem como fora das cidades, não se exibiu eficaz contra o aparato militar estatal.


Lula observou tal fenômeno e enveredou por uma forma de resistência mais efetiva: a luta eminentemente econômica por meio das greves, que ameaçaram a base industrial em que radicava a ditadura, com lograr êxito político inconteste contra o aparato estatal de tal regime ditatorial.


Fica a indagação:


Via militar ou via econômica de resistência e revolução políticas?


Parece que nos países mais industrializados e urbanizados, a segunda forma é mais importante.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Versatilidade capitalista

 No capítulo décimo do livro primeiro de sua obra magna, O Capital, Marx supõe que o capitalista pioneiro, ao introduzir inovação técnica no processo de produção apta a aumentar a força produtiva do trabalho, aufere lucros extraordinários em razão da redução dos preços de seus produtos, derrotando destarte a concorrência.


Todavia, hodiernamente a inovação do processo de produção vem acompanhada de inovação no valor de uso do produto, o qual, por atender a novas necessidades humanas de consumo, atinge preços mais elevados, o que encerraria o condão de atribuir ao capitalista pioneiro, da mesma forma, lucros extraordinários.


Tal combinação de preços obtidos pelo capitalista pioneiro atribui uma notável versatilidade ao modo de produção capitalista.




Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Ainda sobre marxismo e marginalismo historicamente examinados.

 As teorias marxista e marginalista do valor econômico atrelam-se ao duplo caráter da mercadoria enquanto valor de troca e valor de uso, o primeiro caráter associado à produção e o segundo à circulação de mercadorias.


Anteriormente ao advento histórico da penetração do capital no âmbito da produção de mercadorias, interessam aos mercadores europeus os valores de uso exóticos não encontrados na Europa, tais como especiarias, seda, porcelana etc, produzidos principalmente na Ásia, razão pela qual Portugal, pioneiro na expansão marítima europeia, estabelece um império no continente asiático como garantia do fornecimento a preços baixos de tais valores de uso exóticos, que eram vendidos a altos preços na Europa.


Na América do Sul, todavia, não existia um sistema produtivo de mercadorias exóticas já em funcionamento, razão pela qual Portugal foi compelido a implantar aqui um sistema escravista de produção de mercadorias exóticas, particularmente o açúcar, para fornecimento na Europa a elevados preços, conquanto adquiridos a baixos preços por intermédio do exclusivo colonial.


Os altos custos militares e burocráticos destes impérios asiático e americano estabelecidos por Portugal impediram uma acumulação primitiva de capital neste país, acumulação esta que acabou por verificar-se na Inglaterra, onde o capital penetrou pioneiramente no âmbito da produção de mercadorias, especialmente na já desenvolvida indústria têxtil no país anglo-saxão.


Com essa revolução industrial na Inglaterra no século XVIII, o capital pode enfim extrair seu lucro não apenas nas variações de preços das mercadorias, especialmente as exóticas, mas agora também na mais-valia extorquida dos próprios trabalhadores despojados dos meios de produção, o que lhe permite revolucionar tecnicamente de modo contínuo o processo de produção de mercadorias, bem assim o processo de circulação de mercadorias mediante a inauguração de novos valores de uso, inclusive como forma de arrostar a lei do declínio tendencial da taxa de lucro descoberta por Karl Marx, mercê dos elevados preços desses valores de uso inauditos.


Destarte, podemos dessumir que, grosso modo, se o marginalismo teórico explica bem a época dos lucros decorrentes das variações de preços típica do capital restrito ao âmbito da circulação de mercadorias, a hodierna época de processo de produção, e não apenas circulação, tipicamente capitalista pode ser bem desvelada pela teoria marxista do valor econômico, sem olvidar, todavia, o marginalismo quanto às inovações capitalistas nos novos e inauditos valores de uso.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Abstração econômica e sua superação.

 Anteriormente ao advento da relação de produção consubstanciada na mercadoria, a economia para a própria subsistência exibe-se concreta, no sentido da unidade entre a produção e o consumo, entre necessidade e sua satisfação.


Com advento da relação de produção consubstanciada na mercadoria e a correspondente divisão social do trabalho, rompe-se aquela unidade e a economia torna-se abstrata, no sentido de que os produtores perdem o controle sobre a satisfação das próprias necessidades.


Esta abstração econômica aprofunda-se com a transformação da força de trabalho em mercadoria e a decorrente cesura entre produtores e proprietários dos meios de produção.


A propriedade coletiva mundial dos meios de produção pelos trabalhadores, a ser implantada pelo modo comunista de produção, bem assim a planificação econômica que atribuirá a cada um segundo suas necessidades, com exigir de cada um segundo suas potencialidades, resgatará a economia concreta, com a decisão coletiva sobre produção e consumo de cada indivíduo retomando as rédeas da história econômica da humanidade.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 28 de janeiro de 2024

LÊNIN

 Karl Marx demonstrou em sua obra magna O Capital que a ação individual pouco ou nada importa diante das determinações das relações de produção, de tal sorte que a história de tais relações desenvolve-se à revelia da vontade dos indivíduos.


Todavia, quando determinados indivíduos apreendem a lógica dialética dessa história e agem consoante tal intelecção, o impacto de sua prática pode adquirir dimensão gigantesca e duradoura.


É o caso de figuras como Martinho Lutero, Oliver Cromwell, Maximilien Robespierre, Napoleão Bonaparte e, naturalmente, Vladimir Lenin, cujo desaparecimento completa cem anos em 2024.


Maior estadista do século passado, sua obra teórica e prática ainda remanescerá influente por séculos, cabendo destacar que a URSS talvez ainda vigorasse se tal figura encerrasse o apanágio da imortalidade, ele que certa vez definiu, numa síntese insuperável de relações de produção e forças produtivas, o socialismo como a união dos sovietes e a eletricidade!


Camarada Lênin, presente!



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.