Para a psicanálise freudiana, parece lícito dessumir que a sociedade reflete as fraturas inerentes à natureza da psique humana, de tal sorte que a divisão entre Estado (autoridade da força ou da violência), capital (razão) e trabalho (pragmatismo ou necessidade vital) decorre na verdade da dissociação entre, respectivamente, superego, ego e id nos seres humanos.
Para o marxismo, ao contrário, a natureza humana propriamente não existe, mas deve ser encontrada no ser social alienado, ou seja, a divisão da psique humana entre id, ego e superego é que reflete a dissociação histórica entre, respectivamente, trabalho, capital e Estado.
Marxismo e psicanálise representam sinais invertidos da teoria ou da filosofia da história, sendo que o primeiro vê no ser humano um fruto da sociedade que lhe domina, enquanto, para o freudismo, a sociedade é um reflexo do ser humano.
Por isso, o mal estar na civilização deve ser combatido pelo marxismo com mudança social, ao passo que a psicanálise apregoa a mudança individual.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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