sexta-feira, 26 de maio de 2023

HAIKAI 2

 (Este texto é dedicado ao camarada Agnaldo dos Santos)


A produção e reprodução material imediata dos seres humanos pressupõe a reprodução sexuada dos próprios indivíduos humanos, sendo certo que, por esta razão, as obras de Marx e Freud complementam-se de alguma forma:


Marx descortinou a mais-valia oculta no dinheiro que parece pagar o trabalho, mas na verdade remunera a força de trabalho, enquanto Freud trouxe à baila as determinações, sobre a ação humana, do inconsciente moldado pela reprodução sexuada, que se realiza privada e veladamente.


Ambos são caudatários da tradição filosófica platônica, que colima a essência velada pelas aparências.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 24 de maio de 2023

HAIKAI

A singela hipótese do vertente haikai prosaico consiste na suposição de que, grosso modo, na história da humanidade, a filogênese recapitula a ontogênese, a saber, a história das sociedades humanas mimetiza a história do indivíduo humano, de tal sorte que a tripartição diacrônica deste em id, ego e superego (descrita por Freud) manifesta-se na tripartição histórica das sociedades humanas em trabalho, capital e Estado (ver meu texto “O legado londrino”), como se no genoma da espécie homo sapiens já estivesse inscrito, por assim dizer, o fenótipo da história das sociedades humanas.

(Dedico este poema em prosa aos diletos camaradas Carlos Wellington e Ciro Seiji)

Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Razão capitalista e razão humana

 Em prossecução da publicação imediatamente anterior, é de rigor aduzir que a razão individual confunde-se com a razão capitalista, enquanto a razão coletiva identifica-se com a razão humana.


Sim, pois somente quando sobrepujadas as diferenças de classe e de nações será exequível atingir a verdadeira Humanidade, em que o problema da produção e reprodução material imediata dos seres humanos restará resolvida com supedâneo na propriedade coletiva dos meios de produção e na planificação econômica centralizada, em escala mundial.


A razão fundada na mão invisível de Adam Smith, individual e capitalista, esta conduz à pobreza de um quarto da população mundial, segundo dados coligidos pela ONU em 2021, algo que refuta a capacidade de geração de riqueza e justiça social pela busca incessante de lucro.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

terça-feira, 23 de maio de 2023

Razão individual e razão coletiva

 O capital caracteriza-se pela propriedade privada dos meios de produção, algo que confere ao capitalista individual uma razão determinada pela busca da maximização dos lucros com informações parciais e assimétricas, limitadas no espaço e no tempo.


O comunismo caracteriza-se pela propriedade coletiva dos meios de produção em escala mundial, algo que conferirá à espécie humana a viabilidade da planificação econômica mediante uma razão também coletiva com informações completas sobre oferta e demanda econômicas, provavelmente materializada fora dos cérebros humanos individuais, numa forma de inteligência artificial comunista.


Nesse último caso, os segredos industriais serão anulados para garantir a integridade dos dados econômicos que informarão a inteligência artificial comunista, uma razão coletiva inaudita.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Festina lente, segunda parte.

 A teoria clássica do valor, notadamente na obra de Adam Smith, que examina o valor no âmbito do processo de produção de capital, é coetânea da primeira revolução industrial, que afetou primordialmente esse processo de produção, sem incidir intensivamente no processo de circulação de capital, eis que manteve inalterados os valores de uso das mercadorias, máxime no ramo têxtil.


O marginalismo em teoria econômica, por seu turno, é coetâneo da segunda revolução industrial, e examina o valor no processo de circulação de capital, sendo certo que a mencionada segunda revolução industrial incidiu não apenas no âmbito da produção de capital, mas também no da circulação de capital, porquanto inaugurou novos valores de uso, correspondentes a novas necessidades humanas.


A terceira revolução industrial, a saber, a hodierna revolução microeletrônica ou digital, provavelmente ressuscitará de forma hegemônica a teoria marxista do valor, que operou uma síntese, notadamente no livro terceiro de O Capital de Marx, entre os processos de produção e de circulação de capital.


A confirmar.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Conjectura sobre mais-valia relativa

 Para que haja efetiva diminuição do valor individual da mercadoria mediante aumento da produtividade decorrente de investimento em capital fixo, o incremento da força produtiva do trabalho deve ser tal que compense o acréscimo de valor paulatinamente transferido aos produtos pela circulação de tal capital fixo. 

Isto deve ser considerado quanto ao teor do capítulo décimo do livro primeiro da obra magna de Karl Marx, O Capital, que trata da mais-valia relativa.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

sábado, 13 de maio de 2023

“Toda a velha merda”

 Quem, sinceramente, aprecia seu próprio trabalho de jaez heterônomo?


A necessidade diária de trabalhar para o próprio sustento é um fardo mundial que somente fenecerá quando a sociedade resolver adequadamente o problema da produção e reprodução da vida material imediata dos seres humanos, algo que o modo capitalista de produção não encerra o condão de oferecer.


E enquanto o capitalismo não for sobrepujado e substituído pelo comunismo, em âmbito mundial, a política somente pode versar sobre essa produção e reprodução diária da vida imediata material do Homo sapiens, ou, de forma mais prosaica, sobre economia, ainda que em última instância.


Quando a planificação econômica comunista mundial resolver esse problema, provavelmente mediante adoção da inteligência artificial para coletar e processar dados da oferta e demanda econômicas, em ambiente de propriedade coletiva dos meios de produção, aí então a política poderá versar sobre outros assuntos que não a economia, sendo certo que o trabalho heterônomo tenderá ao desaparecimento.


O genial Antônio Gramsci já divisava isso ao vaticinar sobre a sociedade regulada, quando toda a velha merda, na locução de Marx, daria lugar ao comunismo.


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.