quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A PAIXÃO SEGUNDO NIETZSCHE

 Jesus Cristo e Sócrates foram ambos condenados à morte, o primeiro por exaltar o amor, o outro por enaltecer a razão, mas esta dicotomia está profundamente radicada no duplo caráter das relações de produção consubstanciadas na categoria econômica da mercadoria enquanto valor de uso e valor de troca, seus aspectos respectivamente concreto e abstrato.


Friedrich Nietzsche colimou encetar a crítica desta dicotomia na denúncia tanto da religião quanto da razão, ao preconizar uma nova ética consubstanciada na acepção do sobre humano.


Mas sua crítica é apenas teórica e não prevê as condições práticas para o advento desta nova ética!


Quem propugna com fundamento as condições práticas para a superação de dita dicotomia é Karl Marx, em sua crítica da mercadoria e seu desdobramento no capital.


Seriam Marx e Nietzsche filósofos mutuamente complementares sob prisma teórico e prático?


Voltaremos a esse assunto!




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

FORÇAS PRODUTIVAS E GEOPOLÍTICA

 Na busca hodierna pela superação do capitalismo por um modo de produção superior, de jaez socialista, a China desempenha um papel geopolítico axial, senão vejamos:


A derrocada da União Soviética foi promovida precisamente por aquilo que Marx previra como contradição entre relações de produção e forças produtivas, mas de maneira invertida: sem embargo, as avançadas relações de propriedade da antiga URSS foram arrostadas e anuladas pelo caráter incipiente das suas forças produtivas, eis que a planificação econômica soviética não dispunha dos meios tecnológicos para lograr êxito.


Supondo que a planificação econômica demande um certo nível mínimo de desenvolvimento tecnológico que envolva internet, big data, algoritmos de inteligência artificial e mesmo computação quântica, consoante temos proposto neste portal eletrônico, parece lícito ventilar que a política desenvolvimentista do partido comunista chinês está correta, pois de nada adianta a instituição de relações de produção avançadas sem a correspondente excelência das forças produtivas, como o demonstra o desaparecimento da União Soviética.


A China moderna já alcançou um bom patamar na questão da assim designada inteligência artificial, mas precisa desenvolver com urgência a tecnologia da computação quântica, única forma de processar bilhões ou trilhões de dados econômicos de produção e consumo a nível mundial para fins de planificação econômica socialista.


Sem tal amadurecimento das forças produtivas, o socialismo remanescerá inviável.


Daí o papel geopolítico axial da hodierna China.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

ECONOMIA SOLIDARIAMENTE PLANIFICADA: UMA HOMENAGEM A PAUL SINGER

Tenho acalentado neste portal eletrônico a defesa da planificação econômica descentralizada mediante adoção de relatórios de produção e consumo individuais enviados pela internet em tempo real a um algoritmo central de inteligência artificial incumbido de coadunar oferta e demanda econômicas de toda a sociedade, com atender as necessidades e capacidades da cada indivíduo. 

Faz-se mister avançar um pouco nesta ainda incipiente proposta.

Nesse diapasão, aventaria que a economia solidária preconizada por Paul Singer já efetua esta coordenação de oferta e demanda econômicas em âmbito local e restrito às cooperativas, colimando atender às necessidades e capacidades dos indivíduos cooperados.

Logo, os relatórios de produção e consumo, a serem encaminhados ao algoritmo central, seriam confeccionados não pelos indivíduos cooperados, mas pelas próprias cooperativas.

Elas funcionariam, por assim dizer, como neurônios encarregados de enviar informações ao cérebro do algoritmo de planificação econômica.   

Em homenagem ao nosso grande incentivador e inspirador, o saudoso economista Paul Singer, denominaria tal sistema como ECONOMIA SOLIDARIAMENTE PLANIFICADA. 





POR LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.    

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O PROBLEMA DAS INFORMAÇÕES DISPERSAS NO SÉCULO XXI

Friedrich August von Hayek, deve-se admitir, foi um intelectual de grande envergadura nas ciências sociais, mas não viveu o suficiente para testemunhar o atual avanço tecnológico que as ciências da computação vêm logrando neste século, particularmente no que pertine à internet e à assim denominada inteligência artificial. 

Nesse diapasão, parece-me que suas objeções à economia centralmente planificada exibem-se hodiernamente obsoletas: com efeito, o problema das informações dispersas, no universo de complexidade essencial das ciências sociais, foi superado precisamente pelos avanços da tecnologia da informação no século corrente. 

Sem embargo, atualmente a coleta de tais informações, dispersas entre bilhares de agentes econômicos, foi ensejada pela internet, mediante a qual cada indivíduo poderia prestar informações privadas, em tempo real, de sua produção e consumo individuais, familiares ou empresariais a um algoritmo central que seria encarregado da consecução do equilíbrio entre oferta e demanda econômicas de toda a sociedade, o qual forneceria ainda, de forma dinâmica e flexível pela contínua atualização de dados, as diretrizes de produção e consumo a serem observadas por cada indivíduo prestador das informações. 

Penso em uma estrutura de planificação econômica descentralizada, nos moldes do centralismo democrático vigente no já antológico partido bolchevique, em que os partícipes contribuem com o debate entre os mesmos, mas se submetem à direção central que toma decisões com fundamento em tal debate e votação coletivos.

Discorrerei em breve sobre a submissão individual às decisões centrais e coletivas. 





POR LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

DeepSeek

 As grandes empresas de tecnologia da informação estadunidenses, com destaque para a fabricante de microprocessadores NVidia, acumularam perdas estratosféricas em valor de mercado na data de ontem por influência de informações sobre o novo modelo de inteligência artificial chinês intitulado DeepSeek, mais eficiente do que os modelos norte americanos.


Esse movimento pode ser atribuído em parte ao temor e assombro com o vislumbre da possibilidade de uma vindoura planificação econômica socialista na China mediante aplicação de algoritmos para tal espécie de planejamento, algo que já expus aqui de forma bastante incipiente, todavia, no singelo texto intitulado “Planificação econômica descentralizada”


Vamos aguardar os próximos movimentos.







Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

MONOPÓLIOS E TEORIAS DO VALOR

 Tanto a teoria marxista quanto a teoria marginalista do valor econômico pressupõem a socialização da produção de determinado valor de uso, isto é, radicam na suposição de um mercado livre composto por capitalistas concorrentes entre si, o que se nos antolha infenso ao que se observa amiúde no universo empírico da economia real, em que a tendência à formação de monopólios e a decorrente imposição de preços administrados parece flagrante, sendo certo que a livre concorrência de mercado exibe-se uma forma muito evanescente e transitória na história econômica.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

AS DUAS VIAS DOS MONOPÓLIOS

 Diviso duas vias básicas de formação de monopólios: 


1. Pela centralização de capital;

2. ⁠Pelo lançamento de um novo valor de uso.


Em ambos os casos, a produção deixa de ser socializada, de tal forma que a teoria do valor trabalho deixa de incidir para ceder lugar à teoria marginalista do valor econômico e aos preços administrados, eis que inexistente o jaez social do trabalho necessário para produzir a respectiva mercadoria.


Conjectura sub judice.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.