sábado, 24 de fevereiro de 2024

O dinheiro como aparência.

 O dinheiro, como forma de abstração econômica mais profunda, encerra o condão de ocultar as variegadas manifestações da exploração do homem pelo homem, a saber, as diversas figuras históricas assumidas pela mais-valia, cabendo destacar que, até o século XVIII da era cristã, o capital comercial extorque tal mais-valia mediante variações de preços na compra e na venda de suas mercadorias, na maior parte das vezes com o concurso de onerosos aparatos militares que constituem o assim designado antigo sistema colonial.


A acumulação primitiva e a inserção do capital na orbe da produção tornam esse colonialismo de jaez antediluviano, de certa forma, despiciendo, com a extorsão da mais-valia agora haurida diretamente no âmbito do processo de trabalho, mas o dinheiro remanesce como forma de ocultação da exploração do trabalhador, e quanto mais intensa tal exploração, mais imaterial a moeda, que de metálica passou a fiduciária e, hodiernamente,  eletrônica e virtual.


Os apologetas do dinheiro exibem-se, portanto, como supedâneos dessa forma de ocultação da mais-valia, sendo certo que o socialismo científico desvelou-se pioneiro na denúncia de tal camuflagem econômica, ao transpor as aparências dos preços e do dinheiro em direção à descoberta do valor e da mais-valia.


O dinheiro, por conseguinte, deve ser considerado como a aparência que oculta a essência da mais-valia, e os preços como cortina de fumaça do mundo da exploração econômica do trabalho alheio.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

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