Nos dois primeiros estudos investigamos brevemente os tempos, respectivamente, da física e dos indivíduos humanos, agora tangenciaremos grosso modo o tempo das sociedades humanas.
Nesse diapasão, faz-se mister aduzir que o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel aparece como o pioneiro a descortinar a inteligibilidade da história das sociedades humanas, a saber, o precursor da intelecção do evolver dos grandes aglomerados humanos que suplantam a história do indivíduo humano, sendo certo que descobriu a lógica que rege tal desenvolvimento social consubstanciada no trinômio dialético tese/antítese/síntese, notadamente em sua Ciência da Lógica.
Mas Hegel cinge-se à história humana, pois seu idealismo absoluto, ou racionalismo radical, não autorizam a intelecção daquilo que veio antes do homo sapiens, limitação esta que foi superada quase simultaneamente por Charles Darwin e Karl Marx, que adotaram uma postura materialista e inverteram o idealismo de Hegel: nesse sentido, Darwin descortinou a lógica da história natural ao desvelar a evolução das espécies mediante a luta pela sobrevivência dessas espécies, enquanto Marx descobriu a lógica da história humana nas lutas de classes sociais e na contradição primordial entre relações de produção e forças produtivas.
A lógica do tempo histórico no planeta Terra, destarte, mediana entre o tempo da física e o tempo dos indivíduos humanos, foi assim descortinada por tais grandes pensadores europeus entre os séculos XVIII e XIX.
Mas é preciso também asseverar que o determinismo positivista suscitado pelo filósofo francês Auguste Comte também inspirou sobremodo a ciência da história, senão vejamos.
Parece cediço o grande desenvolvimento da historiografia a partir da noção de longa duração concebida pelo historiador francês Fernand Braudel, cujo mar Mediterrâneo, todavia, foi sensivelmente inspirado no sertão de Euclides da Cunha.
Sim, pois Braudel morou e trabalhou no Brasil na década de 1930, onde teve contato com a grande obra do gênio de Cantagalo, que por seu turno era discípulo de Auguste Comte por intermédio do militar brasileiro Benjamin Constant.
Destarte, o determinismo geográfico de Euclides da Cunha, notadamente em Os Sertões, foi decisivo na formulação do conceito de longa duração na obra O Mediterrâneo de Fernand Braudel, conquanto este jamais tenha admitido manifestamente sua influência pelo Euclides brasileiro.
(pelo coletivo do Núcleo de Estudos do Capital do Partido dos Trabalhadores)
Nossa, não sabia dessa influência de Euclides sobre Braudel! Bem interessante. Obrigado
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