quarta-feira, 30 de outubro de 2024

REVOLUÇÃO DIGITAL E DIVISÃO DO TRABALHO

A hodierna revolução digital, ao promover a adoção em larga escala do trabalho assalariado eminentemente intelectual na produção de software, atenuou, como anteriormente postulado, a linha limítrofe clássica entre o trabalho manual (proletariado) e o trabalho intelectual (capitalistas).

Promoveu, ainda, uma profunda fissura no âmago da classe operária, composta agora por uma aristocracia de trabalhadores assalariados eminentemente intelectuais, suscetíveis de mobilização pelo fascismo e atual ideologia do empreendedorismo, que se opõe ideologicamente aos clássicos trabalhadores assalariados eminentemente manuais da indústria fabril.

Encetou, ainda, uma nova divisão internacional do trabalho, com o centro do sistema capitalista mundial, liderado pelos Estados Unidos, caracterizado pela produção de software sofisticado, como a inteligência artificial, e uma periferia consumidora de desse produto e ainda dependente do trabalho eminentemente manual da indústria fabril tradicional. 

Hipótese sub judice



por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

DINHEIRO E CAPITAL

 Anteriormente ao advento do capital propriamente dito, que extrai mais-valia diretamente do processo de produção, os mercadores detentores do dinheiro extorquem mais-valia ou excedente no processo de circulação de mercadorias, comprando barato e vendendo caro como no denominado antigo sistema colonial, o que exaure o âmbito produtivo e determina crise de subprodução, que conduziu ao declínio do Império colonial ultramarino ibérico.


Com a inserção do dinheiro na produção, mediante compra e venda da mercadoria consubstanciada na força de trabalho pelo capital propriamente dito, a mais-valia agora é extraída do processo de produção, o que determina crises de superprodução como descritas por Rosa Luxemburgo.




Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

UMA HIPÓTESE MONETÁRIA

A existência do dinheiro, a saber, o fenômeno monetário decorre diretamente da dissociação entre produção e consumo, nomeadamente da diminuta velocidade de circulação de mercadorias e de capital, de tal sorte que, quanto maior a velocidade supracitada, menor a necessidade e a quantidade de dinheiro circulante, bem assim mais independente de um suporte material exibe-se o dinheiro, que de moeda metálica evoluiu para as modernas moedas digitais. 

Anteriormente à sua inserção no âmbito da produção como capital propriamente dito, o dinheiro beneficiava-se da reduzida velocidade da circulação de mercadorias e ensejava a extração de mais-valia mediante as variações de preços dos distintos valores de uso, com os mercadores comprando barato e vendendo caro, de tal sorte que, quanto menor a velocidade de circulação de mercadorias, maior era a mais-valia extorquida.     

Com o advento do capital propriamente dito, a saber, do dinheiro na compra e venda da força de trabalho, inserindo-se no âmbito da produção de mercadorias, a relação supracitada inverte-se, de tal maneira que quanto maior a velocidade de circulação de mercadorias ou de capital, maior a taxa de lucro do capital industrial, em razão da diminuição dos faux frais

A atual revolução digital aumentou a velocidade de circulação de capital e incrementou, assim, a taxa de lucro do capital industrial.

Hipótese sub judice.




por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

ELEIÇÕES DE 2024 NO BRASIL

 Peço licença pra ventilar uma hipótese sobre o pífio desempenho da esquerda nas eleições:


A difusão em larga escala do trabalho assalariado eminentemente intelectual, máxime na produção de software, abalou a divisão social do trabalho entre assalariados e capitalistas, tornando tênue a linha limítrofe entre eles: uma mudança industrial que se reflete na crise da CLT e difusão da ideologia do empreendedorismo, com a identificação ideológica entre empregado e empregador!


Vamos ter que lidar com esse problema!


Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.


sábado, 19 de outubro de 2024

ECONOMIA INTELECTUAL

 O advento da adoção em larga escala do trabalho assalariado eminentemente intelectual subverte um dos pilares da divisão capitalista do trabalho, a saber, a oposição entre trabalho intelectual (capital) e trabalho manual (trabalho assalariado), com decorrente subversão, também, da oposição entre processo de produção de capital e processo de circulação de capital, inclusive com advento do dinheiro digital ou intelectual.


A difusão em larga escala das formas intelectuais do trabalho assalariado, da mercadoria (enquanto informação) e do dinheiro torna exequível o advento vindouro da planificação econômica socialista descentralizada, lastreada em algoritmo central mundial alimentado pela internet com todos os dados de produção e consumo mundiais, que encerrará a função de coadunar oferta e demanda econômicas, presumida a propriedade coletiva dos meios de produção.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Brevíssima filosofia do valor econômico.

 Já tive a oportunidade de ventilar que a dicotomia platônica entre corpo e alma constitui fundamento do duplo caráter da mercadoria como valor de uso e valor de troca, estabelecido por Marx.


Tal duplicidade mercadológica, por seu turno, engendrou a dissociação entre marxismo e marginalismo quanto à teoria do valor, parecendo lícito destacar que o primeiro focaliza o aspecto abstrato, quantitativo e objetivo da mercadoria, enquanto o outro ressalta o jaez concreto, qualitativo e subjetivo da mesma mercadoria.


A determinação final do valor da mercadoria, todavia, parece incorporar um amálgama das duas teorias supracitadas, com a teoria marxista do valor incidindo no processo de produção de capital, enquanto a teoria marginalista funciona no processo de circulação de capital.


Faz-se mister aduzir ainda que a primeira revolução industrial, no final do século XVIII, incidiu basicamente no valor de troca das mercadorias, sem modificar substancialmente seu valor de uso, enquanto a segunda revolução industrial dos estertores do século XIX alterou a ambos, engendrando novos valores de uso e novos processos de trabalho com a adoção intensiva da eletricidade.


A atual revolução digital também atua nos processos de produção e de circulação de capital, com repercussão nos valores de troca e de uso das mercadorias, mas implicou uma novidade ainda a ser investigada com profundidade:


A utilização intensa do trabalho assalariado eminentemente intelectual, com grandes alterações na mercadoria força de trabalho.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.