quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Brevíssima filosofia do valor econômico.

 Já tive a oportunidade de ventilar que a dicotomia platônica entre corpo e alma constitui fundamento do duplo caráter da mercadoria como valor de uso e valor de troca, estabelecido por Marx.


Tal duplicidade mercadológica, por seu turno, engendrou a dissociação entre marxismo e marginalismo quanto à teoria do valor, parecendo lícito destacar que o primeiro focaliza o aspecto abstrato, quantitativo e objetivo da mercadoria, enquanto o outro ressalta o jaez concreto, qualitativo e subjetivo da mesma mercadoria.


A determinação final do valor da mercadoria, todavia, parece incorporar um amálgama das duas teorias supracitadas, com a teoria marxista do valor incidindo no processo de produção de capital, enquanto a teoria marginalista funciona no processo de circulação de capital.


Faz-se mister aduzir ainda que a primeira revolução industrial, no final do século XVIII, incidiu basicamente no valor de troca das mercadorias, sem modificar substancialmente seu valor de uso, enquanto a segunda revolução industrial dos estertores do século XIX alterou a ambos, engendrando novos valores de uso e novos processos de trabalho com a adoção intensiva da eletricidade.


A atual revolução digital também atua nos processos de produção e de circulação de capital, com repercussão nos valores de troca e de uso das mercadorias, mas implicou uma novidade ainda a ser investigada com profundidade:


A utilização intensa do trabalho assalariado eminentemente intelectual, com grandes alterações na mercadoria força de trabalho.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

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