sábado, 13 de setembro de 2025

AMARCORD

Em uma das melhores películas cinematográficas de todos os tempos, com trilha sonora idem, a vida pulsa cintilantemente, malgrado a onipresente luta de classes consubstanciada no embate entre fascismo e socialismo. 

Este é AMARCORD, do inigualável Federico Fellini, com música incidental do eloquente Nino Rota.

Por inúmeras vezes, tivemos a oportunidade de assinalar aqui que a produção e reprodução da vida material humana em sociedade desdobra-se em duas instâncias fundamentais, a saber, o trabalho e a reprodução sexuada.

Pela primeira instância, os seres humanos contraem entre si relações de produção, ou de propriedade dos meios de produção, heterônomas e alienadas, que os governam à revelia de sua vontade e que os dividem em classes sociais antípodas e inconciliáveis, o que engendra o mundo da política. 

Pela instância da reprodução sexuada, os seres humanos perpetuam a espécie do homo sapiens, conquanto a ideia de humanidade, propriamente dita, remanesça abstrata e irreal enquanto houver luta de classes sociais antagônicas e, portanto, política.   

Bem, Fellini empreende uma sátira da política no filme em comento, exaltando o universo da reprodução sexuada à flor da pele na juventude retratada de forma cômica e lúdica, mas com um lirismo insuperável.

Mas, nota bene, se a luta de classes sociais e a política nos dividem, a reprodução sexuada nos une, ao menos até o advento vindouro de um modo de produção em que tais classes sociais desaparecerão: o comunismo mundial, quando a humanidade deixará de ser um conceito vago e abstrato para vingar como realidade concreta.




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

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