sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O SUICÍDIO DE ALTHUSSER

Seguem algumas conjecturas bem incipientes e esquemáticas, na confluência entre psicanálise e marxismo, sobre o relato autobiográfico de Louis Althusser intitulado "O futuro dura muito tempo".

Nesse diapasão, partimos de três pressupostos, a saber:

1. A produção e reprodução da vida material humana em sociedade processa-se mediante duas instâncias bem delineadas, a saber: o trabalho, estudado por Karl Marx, e a reprodução sexuada, investigada por Sigmund Freud em seu aspecto psicológico. 

2. Louis Althusser não suportava o casamento monogâmico, tanto que estabelecia casos extraconjugais para constituir o que ele mesmo denominou como uma certa reserva de mulheres. 

3. Louis Althusser cometeu um injustificável feminicídio contra a própria esposa, mas foi considerado inimputável e confinado em manicômio judiciário. 

Sabemos que, através do complexo de Édipo descrito por Freud, o indivíduo separa-se do seu passado consubstanciado na família que o engendrou e constitui o seu próprio Ego, fundamento psicológico da propriedade privada dos meios de produção econômica e reprodução sexuada, típica da sociedade burguesa.

Ventilo aqui a conjectura de que Althusser exibia um Ego malformado decorrente de um complexo de Édipo incompleto, de tal sorte que o injustificável assassinato de sua própria esposa pode ser interpretado como uma forma de tentativa de aniquilação desse Ego e da correlata propriedade privada dos meios de reprodução sexuada, equivalente ao casamento monogâmico do ponto de vista jurídico burguês, ou seja, uma forma de suicídio.

De outro bordo, o comunismo teórico de Althusser pode ser visto como uma rebeldia contra o próprio Ego e a correlata propriedade privada dos meios de produção e reprodução típicos da sociedade burguesa. 

Conjecturas sub judice.




por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.     

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