Seguem algumas conjecturas bem incipientes e esquemáticas, na confluência entre psicanálise e marxismo, sobre o relato autobiográfico de Louis Althusser intitulado "O futuro dura muito tempo".
Nesse diapasão, partimos de três pressupostos, a saber:
1. A produção e reprodução da vida material humana em sociedade processa-se mediante duas instâncias bem delineadas, a saber: o trabalho, estudado por Karl Marx, e a reprodução sexuada, investigada por Sigmund Freud em seu aspecto psicológico.
2. Louis Althusser não suportava o casamento monogâmico, tanto que estabelecia casos extraconjugais para constituir o que ele mesmo denominou como uma certa reserva de mulheres.
3. Louis Althusser cometeu um injustificável feminicídio contra a própria esposa, mas foi considerado inimputável e confinado em manicômio judiciário.
Sabemos que, através do complexo de Édipo descrito por Freud, o indivíduo separa-se do seu passado consubstanciado na família que o engendrou e constitui o seu próprio Ego, fundamento psicológico da propriedade privada dos meios de produção econômica e reprodução sexuada, típica da sociedade burguesa.
Ventilo aqui a conjectura de que Althusser exibia um Ego malformado decorrente de um complexo de Édipo incompleto, de tal sorte que o injustificável assassinato de sua própria esposa pode ser interpretado como uma forma de tentativa de aniquilação desse Ego e da correlata propriedade privada dos meios de reprodução sexuada, equivalente ao casamento monogâmico do ponto de vista jurídico burguês, ou seja, uma forma de suicídio.
De outro bordo, o comunismo teórico de Althusser pode ser visto como uma rebeldia contra o próprio Ego e a correlata propriedade privada dos meios de produção e reprodução típicos da sociedade burguesa.
Conjecturas sub judice.
por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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