Já observamos que a produção e reprodução da vida material humana em sociedade processa-se por meio de duas instâncias bem delineadas, a saber: a reprodução sexuada e o trabalho.
Entre tais instâncias insinuam-se duas contradições básicas evidentes:
1. O trabalho é realizado de forma coletiva pela divisão social desse mesmo trabalho, enquanto a reprodução sexuada é efetuada de forma individual, o que engendra tensão entre o indivíduo e a sociedade nas relações de produção, ou seja, nas relações de propriedade dos meios de produção econômica.
2. Da reprodução sexuada pode-se extrair o máximo de prazer, enquanto do trabalho pode-se obter o máximo de dor.
A contradição em 2 provoca o sentimento de culpa, eis que, para a manutenção da população e extração de prazer pela reprodução sexuada, é preciso também trabalhar e experimentar a dor do trabalho, sob pena de extinção.
Tal sentimento de culpa aparece de forma evidente no simbolismo do pecado original inserto nas Sagradas Escrituras da tradição judaico-cristã.
por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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