1. De forma ainda bastante incipiente, penso que a assim designada indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, consiste em esforço para aumentar a velocidade de circulação de capital mediante certa adequação entre demanda e produção, inclusive com a possibilidade de customização do produto final.
2. Ocorre que, sob a égide do sistema capitalista, oferta e demanda são antípodas, porquanto o processo de produção do capital colima tão somente a obtenção de mais-valia e lucro, sem qualquer consideração com a demanda, de que resultam crises de superprodução decorrentes do princípio da demanda efetiva descortinado por autores como Luxemburgo, Kalecki e Keynes.
3. De 1 e 2 dessume-se que a indústria 4.0 está em contradição com o próprio sistema capitalista, conquanto, em um primeiro momento, sirva para diminuir os custos de circulação de capital e assim arrostar a queda tendencial da taxa de lucro. Evidentemente, isto apenas confirma as previsões de Marx e Engels de que o desenvolvimento das forças produtivas deve necessariamente entrar em contradição com as relações de produção.
4. Penso ainda que, com a supressão da propriedade privada dos meios de produção sob o pálio do comunismo, em que a demanda é que deve determinar a produção, e não o contrário, a indústria 4.0 poderá assumir diversas funções da planificação econômica, favorecendo-a ao torná-la mais automática e menos dependente de funções burocráticas.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador e membro do NEC-PT)
Concordo. E se o grande problema é a inadequação com as relações de produção (relações sociais), essa contradição ainda deve levar a humanidade a passar por maus bocados. Abraço!
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