terça-feira, 13 de julho de 2021

AS TRÊS GRANDES RUPTURAS HISTÓRICAS E SEUS CONSECTÁRIOS EPISTÊMICOS

1. Com a revolução neolítica ou agrícola, ocorrida há aproximadamente 12.500 anos, os seres humanos, que eram basicamente nômades coletores e caçadores, sedentarizam-se e passam a domesticar plantas e animais, influindo decisivamente sobre o ciclo biológico de tais seres vivos. Há então a ruptura entre humanos e natureza, com a consectária dissociação entre sujeito e objeto do conhecimento, e os problemas ecológicos entram na ordem do dia. 

2. Com o advento do trabalho escravo ou servil, uma parcela da humanidade passa a produzir e, a outra parcela, começa a viver do produto do trabalho da primeira, mediante extorsão de tal produto pela violência. Mas os trabalhadores ainda conservam certa posse dos meios de produção e ainda controlam, em certa medida, o ritmo do trabalho e da produção, mas observa-se já uma ruptura entre trabalho intelectual e trabalho manual, com aviltamento deste último, de que resulta o platonismo filosófico, com suas dicotomias entre corpo e alma, sensível e inteligível etc., culminando na grande cesura epistemológica entre empirismo e racionalismo. 

3. Com o advento da maquinaria e grande indústria, na revolução industrial inglesa do século XVIII, os trabalhadores perdem por completo a posse e a propriedade dos meios de produção e já não controlam mais o ritmo e a velocidade do trabalho, eclodindo destarte uma classe proletária que traz, em seu âmago, o potencial de uma revolução social hábil a reintroduzir a unidade historicamente perdida entre trabalhadores e meios de produção; entre trabalho intelectual e manual; entre seres humanos e natureza. Exsurge no plano epistemológico o materialismo histórico, arcabouço teórico e metodológico em que os seres humanos são sujeito e objeto, ao mesmo tempo, do processo de conhecimento. 

(por LUIS FERNANDO GORDO FRANCO)    

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