Há uma aporia aparente na teoria marxista do valor consistente no fato de que a força de trabalho não é produto do trabalho assalariado, mas dos cuidados no âmbito familiar e doméstico, notadamente exercidos pela mulher neste núcleo familiar.
Isso é válido para a primeira revolução industrial, do século XVIII, que não exigia qualificação da força de trabalho industrial no âmbito escolar, vale dizer, fora do núcleo familiar.
Mas a atual revolução microeletrônica ou digital mostra que a força de trabalho deve cada vez mais exibir-se como produto da formação escolar extrafamiliar, pois a produção de software, atualmente vanguardeira na indústria, exige trabalho intelectual cada vez mais sofisticado.
Tal situação refuta a aparente aporia acima mencionada, mas o papel dos cuidados da mulher no núcleo familiar será sempre inafastável como fase inicial da produção da mercadoria consistente na força de trabalho.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
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