quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Prolegômenos para uma história do valor e da mais-valia

 1. Na época do predomínio da manufatura, do mercantilismo e do antigo sistema colonial, prevalece a teoria marginalista do valor econômico, sendo certo que a mais-valia é extraída no processo de circulação de capital, onde os valores de uso exóticos de ultramar são vendidos por preços mais elevados na Europa do que nas praças ultramarinas onde são adquiridos pela burguesia mercantil.


2. Com a revolução industrial inglesa do século XVIII, passa a prevalecer a teoria do valor-trabalho, com extração de mais-valia no processo de produção de capital, sem introdução de valores de uso inovadores e inauditos, eis que tal revolução incidiu sobre uma produção prévia já estabelecida de vestuário por meio da manufatura.


3. Com a segunda revolução industrial, volta a prevalecer a teoria marginalista do valor econômico, eis que a mais-valia passa a ser novamente extraída no processo de circulação de capital, por meio de valores de uso inauditos de preços elevados, conquanto oriundos do processo de produção de capital, vale dizer, o caráter por assim dizer “exótico” da mercadoria é engendrado no próprio modo de produção capitalista local, e não importado de ultramar como no antigo sistema colonial.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Conjectura sobre teoria do valor incidente sobre valores de uso inauditos

 A grande revolução industrial inglesa do século XVIII já encontrou uma produção socializada prévia bem estabelecida, pela manufatura e artesanato, de vestuário, isto é, do valor de uso sobre o qual tal revolução incidiu de maneira mais evidente, de tal sorte que se podia cogitar em um valor de troca, ou valor tout court, prévio de tal valor de uso, a saber, de um tempo de trabalho humano socialmente necessário para o produzir.


A segunda revolução industrial, todavia, engendrou novos valores de uso, como o telefone, verbi gratia, que não exibiam uma produção prévia socialmente estabelecida, mas, ao contrário, eram produzidos por monopólios pioneiros e transitórios, como já postulado nesta plataforma digital.


Nesse caso, inexistente portanto um tempo de trabalho socialmente necessário para produzir tais valores de uso inauditos, como determinar o seu valor de troca ou tout court?


Acalentamos nesse caso a conjectura de que o valor é determinado pela utilidade marginal desses novos valores de uso, consoante preconiza a teoria marginalista, cabendo destacar a elevada dimensão de tal valor, dada a novidade da sua utilidade.


Conjectura sub judice.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.