quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

O PROBLEMA DAS INFORMAÇÕES DISPERSAS NO SÉCULO XXI

Friedrich August von Hayek, deve-se admitir, foi um intelectual de grande envergadura nas ciências sociais, mas não viveu o suficiente para testemunhar o atual avanço tecnológico que as ciências da computação vêm logrando neste século, particularmente no que pertine à internet e à assim denominada inteligência artificial. 

Nesse diapasão, parece-me que suas objeções à economia centralmente planificada exibem-se hodiernamente obsoletas: com efeito, o problema das informações dispersas, no universo de complexidade essencial das ciências sociais, foi superado precisamente pelos avanços da tecnologia da informação no século corrente. 

Sem embargo, atualmente a coleta de tais informações, dispersas entre bilhares de agentes econômicos, foi ensejada pela internet, mediante a qual cada indivíduo poderia prestar informações privadas, em tempo real, de sua produção e consumo individuais, familiares ou empresariais a um algoritmo central que seria encarregado da consecução do equilíbrio entre oferta e demanda econômicas de toda a sociedade, o qual forneceria ainda, de forma dinâmica e flexível pela contínua atualização de dados, as diretrizes de produção e consumo a serem observadas por cada indivíduo prestador das informações. 

Penso em uma estrutura de planificação econômica descentralizada, nos moldes do centralismo democrático vigente no já antológico partido bolchevique, em que os partícipes contribuem com o debate entre os mesmos, mas se submetem à direção central que toma decisões com fundamento em tal debate e votação coletivos.

Discorrerei em breve sobre a submissão individual às decisões centrais e coletivas. 





POR LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

DeepSeek

 As grandes empresas de tecnologia da informação estadunidenses, com destaque para a fabricante de microprocessadores NVidia, acumularam perdas estratosféricas em valor de mercado na data de ontem por influência de informações sobre o novo modelo de inteligência artificial chinês intitulado DeepSeek, mais eficiente do que os modelos norte americanos.


Esse movimento pode ser atribuído em parte ao temor e assombro com o vislumbre da possibilidade de uma vindoura planificação econômica socialista na China mediante aplicação de algoritmos para tal espécie de planejamento, algo que já expus aqui de forma bastante incipiente, todavia, no singelo texto intitulado “Planificação econômica descentralizada”


Vamos aguardar os próximos movimentos.







Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

MONOPÓLIOS E TEORIAS DO VALOR

 Tanto a teoria marxista quanto a teoria marginalista do valor econômico pressupõem a socialização da produção de determinado valor de uso, isto é, radicam na suposição de um mercado livre composto por capitalistas concorrentes entre si, o que se nos antolha infenso ao que se observa amiúde no universo empírico da economia real, em que a tendência à formação de monopólios e a decorrente imposição de preços administrados parece flagrante, sendo certo que a livre concorrência de mercado exibe-se uma forma muito evanescente e transitória na história econômica.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

AS DUAS VIAS DOS MONOPÓLIOS

 Diviso duas vias básicas de formação de monopólios: 


1. Pela centralização de capital;

2. ⁠Pelo lançamento de um novo valor de uso.


Em ambos os casos, a produção deixa de ser socializada, de tal forma que a teoria do valor trabalho deixa de incidir para ceder lugar à teoria marginalista do valor econômico e aos preços administrados, eis que inexistente o jaez social do trabalho necessário para produzir a respectiva mercadoria.


Conjectura sub judice.






Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

A ILUSÃO DO DINHEIRO

 Na época do dinheiro como circulação simples de mercadorias, ele, dinheiro, serve para iludir os produtores diretos, ensejando à burguesia mercantil comprar as mercadorias por um preço menor que o seu valor, como no antigo sistema colonial descrito de forma irrepreensível por Fernando Novais.


Quando o dinheiro transforma-se em capital, ele continua iludindo os trabalhadores, especificamente na compra da força de trabalho, pois encerra a falsa percepção de que adquire, na verdade, o trabalho, com ocultar a extração da mais-valia.


Marx descobriu esta última categoria, a mais-valia, vulnerando a ilusão promovida pelo dinheiro, seja como circulação simples de mercadorias, seja como capital.


Pavimentou, assim, o caminho da revolução que transcenderá toda forma de exploração oculta sob a forma de normalidade contratual.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

Prolegômenos para uma história do valor e da mais-valia

 1. Na época do predomínio da manufatura, do mercantilismo e do antigo sistema colonial, prevalece a teoria marginalista do valor econômico, sendo certo que a mais-valia é extraída no processo de circulação de capital, onde os valores de uso exóticos de ultramar são vendidos por preços mais elevados na Europa do que nas praças ultramarinas onde são adquiridos pela burguesia mercantil.


2. Com a revolução industrial inglesa do século XVIII, passa a prevalecer a teoria do valor-trabalho, com extração de mais-valia no processo de produção de capital, sem introdução de valores de uso inovadores e inauditos, eis que tal revolução incidiu sobre uma produção prévia já estabelecida de vestuário por meio da manufatura.


3. Com a segunda revolução industrial, volta a prevalecer a teoria marginalista do valor econômico, eis que a mais-valia passa a ser novamente extraída no processo de circulação de capital, por meio de valores de uso inauditos de preços elevados, conquanto oriundos do processo de produção de capital, vale dizer, o caráter por assim dizer “exótico” da mercadoria é engendrado no próprio modo de produção capitalista local, e não importado de ultramar como no antigo sistema colonial.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Conjectura sobre teoria do valor incidente sobre valores de uso inauditos

 A grande revolução industrial inglesa do século XVIII já encontrou uma produção socializada prévia bem estabelecida, pela manufatura e artesanato, de vestuário, isto é, do valor de uso sobre o qual tal revolução incidiu de maneira mais evidente, de tal sorte que se podia cogitar em um valor de troca, ou valor tout court, prévio de tal valor de uso, a saber, de um tempo de trabalho humano socialmente necessário para o produzir.


A segunda revolução industrial, todavia, engendrou novos valores de uso, como o telefone, verbi gratia, que não exibiam uma produção prévia socialmente estabelecida, mas, ao contrário, eram produzidos por monopólios pioneiros e transitórios, como já postulado nesta plataforma digital.


Nesse caso, inexistente portanto um tempo de trabalho socialmente necessário para produzir tais valores de uso inauditos, como determinar o seu valor de troca ou tout court?


Acalentamos nesse caso a conjectura de que o valor é determinado pela utilidade marginal desses novos valores de uso, consoante preconiza a teoria marginalista, cabendo destacar a elevada dimensão de tal valor, dada a novidade da sua utilidade.


Conjectura sub judice.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.