Na magistral película cinematográfica intitulada O Veredito, de 1982, realizada por Sidney Lumet com roteiro do inequívoco David Mamet, o poder corrosivo do dinheiro não poupa nenhuma instituição, seja ela religiosa, hospitalar ou judiciária, mas sabemos que tal ubiquidade do dinheiro radica na sua natureza como forma autônoma do aspecto abstrato da forma-mercadoria, vale dizer, seu valor de troca.
Há uma cena do filme, axial, em que o advogado Frank Galvin se depara com o bispo Brophy numa tentativa de conciliação jurídica que malogra, pois Galvin aduz procurar a verdade do caso em questão, ao que o bispo redargue:
"Mas o que é a verdade?"
Ora, Lumet, nessa cena, equipara o bispo a Pôncio Pilatos e o advogado a Jesus Cristo, por óbvio.
Mas a figura de Cristo, como Deus na forma de ser humano, pode ser compreendida como a ascensão do abstrato ao concreto, a superação concreta desse instituto abstrato que é o dinheiro.
Por isso o advogado Frank Galvin, nas razões finais de sua atuação perante o tribunal judiciário, apela aos jurados não como representantes do Poder Judiciário, mas como indivíduos que encerram a justiça concreta em seus corações, ou seja, a justiça como manifestação concreta do reino de Deus.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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