O camarada professor de história Lincoln Secco, da USP, redigiu duas obras importantes para entender a trajetória deste que vos dirige humildemente a palavra, quais sejam, os livros "História do PT" e "A batalha dos livros", onde expõe, com a maestria que lhe é peculiar, respectivamente a história do Partido dos Trabalhadores no Brasil e a difusão do socialismo científico nesse mesmo país.
Sendo o mais objetivo possível, digo sem rebuços que a existência do Partido dos Trabalhadores e a tradição histórica brasileira de difusão do marxismo no país explicam a trajetória deste "nerd" de classe média, desprovido de qualquer traquejo social, mas muito curioso.
Com efeito, na primeira metade da década de 1980, durante o ensino básico, tive a oportunidade de entrar em contato com o socialismo científico sob a batuta de um exímio professor de história, filiado ao PT e oriundo da Libelu, que me abriu as portas para obras como o resumo de O Capital de Marx, elaborado por Carlo Cafiero, e a coleção Primeiros Passos da editora Brasiliense, da qual me recordo de ter lido pelo menos "O que é socialismo" de Arnaldo Spindel e "O que é mais-valia" de Paulo Sandroni, leituras estas que me descortinaram a lógica dialética da história, o que me fascinou de plano, já que até então imaginava que somente as disciplinas de exatas e de biológicas exibiam um jaez verdadeiramente científico.
Já no ensino médio, entre 1986 e 1988, minhas convicções pró-soviéticas foram reforçadas e lapidadas por outro grande e influente professor de história, oriundo do PCB, que me conduziu naturalmente à leitura de O Capital, agora na íntegra, e também do Manifesto do Partido Comunista de Marx e Engels: consolidava-se, destarte, minha formação científica no socialismo.
Paradoxalmente, quanto fui admitido no curso de história da USP, em 1989, quase abandonei o socialismo científico por influência de um potente movimento revisionista, fomentado pela decadência da URSS e em curso contra as obras de expoentes do marxismo do porte de Caio Prado Júnior, Nélson Werneck Sodré, Jacob Gorender e outros, sendo certo que minha vulnerabilidade epistemológica típica de classe média por pouco não me conduziu a desviar-me do caminho socialista.
Foi então que, por assim dizer, "fui salvo" por dois colegas de faculdade que me convidaram gentilmente a participar de um grupo de estudos da obra de Marx e Engels, grupo este que mais tarde foi oficialmente incorporado ao Partido dos Trabalhadores em 1991 para originar o ora aniversariante Núcleo de Estudos do Capital do PT.
Estas brevíssimas linhas são evidentemente insuficientes para traçar a história deste que vos fala, mas é um começo, e gostaria de registrar aqui meu encarecido agradecimento aos companheiros, companheiras e camaradas do NEC-PT.
(por LUIS FERNANDO "GORDO" FRANCO)
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