De proêmio, mister destacar a existência de robustas evidências empíricas a relacionar a escolaridade, ou tempo de permanência na escola, à grandeza do salário, de tal sorte que quanto maior a escolaridade, maior a remuneração salarial: observe-se, por exemplo, que as investigações dos laureados do prêmio Nobel de economia do corrente ano corroboram justamente tais evidências empíricas.
Pois bem, a questão do valor da força de trabalho em O Capital de Karl Marx antolha-se-nos bastante controversa, pelas razões a seguir expostas:
Parece inconteste, para Marx, que o valor de uma mercadoria é determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Ora, a força de trabalho exibe-se como uma mercadoria especial, porquanto não é produzida pelo trabalho industrial, abstrato, estudado em O Capital, mas é engendrada em parte pela natureza, em parte pela família do trabalhador e em parte pela educação que ele recebe fora do âmbito familiar.
Diante de tal impasse, Marx nos informa que o valor da força de trabalho, essa mercadoria especial, é determinado por uma cesta de produtos socialmente necessária para produzi-la e reproduzi-la, mas tal "cesta básica", digamos assim, parece atrelar-se mais adequadamente à época da primeira revolução industrial, quando a qualificação dos trabalhadores exibia-se bastante exígua e não exigia grandes esforços fora do âmbito familiar.
Mas à medida que avançam as ulteriores revoluções industriais, o trabalho torna-se mais complexo e demanda qualificação que somente a educação oficial, não adstrita ao âmbito familiar, pode oferecer.
Destarte, imperioso investigar, hodiernamente, o exato papel da Educação na determinação do valor da força de trabalho sob prisma do materialismo histórico.
Eis acima algumas anotações para eventual debate.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
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