Colho do ensejo para render homenagem ao exímio historiador José Rodrigues Mao Júnior, que costuma aduzir que o centenário Partido Comunista Chinês promove o desenvolvimento das forças produtivas no gigante asiático, asserção com a qual estou plenamente de acordo, mas apenas acrescentaria o seguinte: e promove também o amadurecimento histórico da classe trabalhadora chinesa para conduzir o país rumo ao socialismo.
Sim, pois a classe trabalhadora sofre mutações históricas que devem ser examinadas e consideradas, tanto tática como estrategicamente, pelo partido que representa sua vanguarda política.
Tomemos, por exemplo, o caso da classe trabalhadora dos Estados Unidos da América, o país de capitalismo mais desinibido: os trabalhadores do Cinturão da Ferrugem foram suplantados pelos trabalhadores do Vale do Silício, sendo certo que, nesse particular, a velha indústria de transformação foi superada pela revolução digital e pela tecnologia da informação, sem que a classe trabalhadora assumisse os meios de produção, conquanto tal classe tenha haurido, nesse movimento histórico, ganhos efetivos em qualificação técnica e de educação em geral.
O caso emblemático da extinta URSS, de outro bordo, exibe movimento histórico diverso: aqui a classe trabalhadora da indústria de transformação tradicional, conduzida pelo Partido Bolchevique, assumiu o controle do Estado e dos meios de produção, mas se deparou com o problema da planificação econômica, desafio histórico para o qual ainda não estava amadurecida e preparada, devido à sua baixa qualificação técnica e educacional em geral.
No caso chinês, todavia, o Partido Comunista vem conduzindo a respectiva classe trabalhadora a uma qualificação técnica e educacional sem precedentes, acompanhando a revolução digital no país, o que exibe o potencial de habilitar tal classe a assumir o controle dos meios de produção e encetar a planificação econômica de jaez socialista, com total êxito, em futuro não muito distante.
São singelas anotações para eventual debate.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
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