(Advertência: o vertente texto consiste em prossecução da publicação precedente, intitulada "Ampliação histórica do conceito econômico de trabalho produtivo", sendo-lhe, todavia, antípoda, de tal sorte que ambos devem ser submetidos ao crivo do teste empírico)
Até o advento da revolução industrial inglesa do século XVIII, o fator limitante da produção da vida material corresponde às forças naturais, máxime a força natural da terra arável, vale dizer, a força produtiva consiste basicamente na força da natureza e seus ciclos, sendo certo que a produção de valor econômico, portanto, restava condicionada pela força da natureza e seus ciclos, situação de que resultou a teoria fisiocrática de Quesnay, Mirabeau, Badeau, Rivière, Dupont e outros economistas, consoante a qual o trabalho produtivo era essencialmente aquele atrelado às atividades agropecuárias.
Com o advento de tal revolução industrial, as forças da natureza começam a ser dominadas e potencializadas pelo capital, de tal sorte que o fator limitante da produção econômica passa a corresponder à força de trabalho, a saber, o próprio corpo humano, e não mais às forças naturais. Por isso, o valor econômico passou a ser determinado essencialmente pelo trabalho predominantemente manual, potencializado pelo processo fabril, máxime na teoria do valor-trabalho de jaez ricardiano-marxista.
As ulteriores revoluções tecnológicas no modo capitalista de produção da vida material da sociedade tornaram tendencialmente ínfima a quantidade de trabalho predominantemente manual incorporado aos respectivos produtos econômicos, de tal sorte que o fator limitante deixou de corresponder ao trabalho manual, físico, e passou a identificar-se com o trabalho intelectual, agora potencializado pela revolução digital do último quartel do século passado.
Hodiernamente, portanto, o valor econômico é produzido predominantemente pelo fator limitante correspondente ao trabalho intelectual, de tal sorte que a produção de inovação tecnológica domina a criação de valor econômico.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)