terça-feira, 25 de março de 2025

ADOLESCÊNCIA

A hodierna revolução digital entronizou o trabalho intelectual, máxime na produção de software e, com isso, abriu as portas do mercado de trabalho para as mulheres, que anteriormente eram de certa forma preteridas nesse mercado pelo predomínio do trabalho manual, dominado pelos homens, fisicamente mais adequados a tal espécie de trabalho.

A reação a tal situação manifesta-se atualmente no recrudescimento de uma certa, digamos, "guerra dos sexos", com a decorrente intensificação tanto da misoginia quanto do feminismo.

Mas a revolução digital é produto histórico do desenvolvimento espontâneo do modo capitalista de produção, cuja contradição principal reside na oposição entre capital e trabalho, a saber, nas lutas de classes, sendo que a assim designada guerra dos sexos exibe-se como epifenômeno ou contradição secundária, como ensinava Mao Tsé-Tung.

Mas o neoliberalismo, oportunista, soube instrumentalizar essa guerra dos sexos em seu favor, no âmago do embate essencial contra o marxismo e as lutas de classes. 

A série audiovisual intitulada "Adolescência", tecnicamente muito boa, perde-se, todavia, na guerra dos sexos em detrimento das lutas de classes. 

Como dizem os franceses, c´est dommage. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.     

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