segunda-feira, 22 de junho de 2020

WALTER BENJAMIN NA CALIFÓRNIA: LIGEIRAS IMPRESSÕES

O objeto de investigação de Walter Benjamin em seu opúsculo A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica, concebido em 1935/36, corresponde primordialmente ao cinema e sua capacidade de massificação do consumo da produção audiovisual, notadamente em uma época de patente ascensão do fascismo e decadência da democracia na Europa e outras plagas, parecendo lícito aventar que tal autor preocupa-se sobretudo com as tendências de jaez político e cultural desse fenômeno de massas. 

É cediço que Hollywood encerra a mais acabada expressão do fenômeno cinematográfico em âmbito mundial, e não por acaso foi também na Califórnia, nomeadamente no Vale do Silício, que se desinibiu com maior intensidade o processo de ampliação e aprofundamento da tendência histórica de reprodutibilidade técnica e massificação do consumo da produção audiovisual, evidente com a eclosão da assim designada revolução digital ou microeletrônica.

Ex positis, faz-se mister investigar, na esteira dos estudos de Walter Benjamin na década de 1930, alguns aspectos da atual era de revolução digital, a saber:

1. A relação possível entre tal revolução técnica e a emergência de movimentos políticos de matiz neofascista, com a correlata crise da democracia em âmbito global. 

2. As tendências econômicas de tal fenômeno, especialmente quanto à criação de novos valores-de-uso e novas necessidades humanas, com a massificação do respectivo consumo, máxime no que pertine à sua influência no hodierno ciclo do capitalismo, sem olvidar a hipótese de que tal revolução digital e consectários possam ter ingerência sobre os problemas da demanda efetiva e queda tendencial das taxas de lucro.       

(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
       

Nenhum comentário:

Postar um comentário