Já tive a oportunidade de obtemperar que a dicotomia platônica entre corpo e alma está arraigada na dupla faceta da mercadoria como valor de uso e valor de troca, que se desdobra historicamente na divisão do trabalho entre produção e circulação de mercadorias, ou entre produção e dinheiro, que por sua vez se fratura entre trabalho manual e trabalho intelectual.
Pois bem, Caio Prado Júnior debruçou-se sobre a circulação de mercadorias no dinheiro, descortinando pioneiramente aquilo que Fernando Novais denominará “antigo sistema colonial”, ao passo que Gilberto Freyre estudou o universo do trabalho, isto é, o primeiro investigou as relações de produção, enquanto o outro estudou as relações interpessoais.
A superioridade da abordagem de Caio Prado decorre simplesmente do fato de que o dinheiro domina o setor produtivo, de tal sorte que a circulação de mercadorias sobrepunha-se à produção de mercadorias na época colonial no Brasil.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
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