quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A MERCADORIA: TEORIAS DO VALOR E LUTAS DE CLASSES

(em homenagem ao camarada Maurício Barbara)

As lutas de classes exibem-se presentes, conquanto ainda de forma tácita, desde o primeiro capítulo da obra magna de Karl Marx, O Capital, que versa sobre a mercadoria, notadamente nas teorias do valor que derivam do duplo aspecto deste objeto de exame, a saber, o duplo aspecto da mercadoria expresso em seu valor de uso e seu valor de troca.

Quanto ao primeiro aspecto, o valor de uso, que consiste na aptidão da mercadoria para satisfazer necessidades humanas concretas, resta em destaque, evidentemente, o universo do consumo econômico, sendo certo que influiu decisivamente para o advento da teoria marginalista do valor, elaborada pioneira e concomitantemente por Jevons, Menger e Walras. 

O segundo aspecto da mercadoria, seu valor de troca, que para Marx é determinado pelo tempo de trabalho humano abstrato socialmente necessário para produzi-la, releva, a toda evidência, o âmbito da produção econômica, sendo certo que contribuiu de maneira decisiva para o advento da teoria marxista do valor, em certa medida derivada das postulações de Adam Smith e David Ricardo. 

Ora, antolha-se-nos, de forma hialina, que a produção e o consumo econômicos encerram, no modo capitalista de produção, caráter antagônico, concernente a classes sociais também antagônicas, porquanto, se o proletariado encarrega-se eminentemente da produção, o consumo mostra-se dominado pelos detentores dos meios de produção. 

Não por acaso, o grande debate teórico da Economia Política, notadamente entre as teorias marginalista e marxista do valor econômico, descortina uma cada vez mais evidente luta de classes entre, respectivamente, conservadores e progressistas no universo político. 

(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)  

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