No primeiro capítulo de sua obra magna, O Capital, Karl Marx discorre de forma percuciente sobre a contradição primordial ínsita à mercadoria, notadamente entre seu valor de uso e seu valor de troca.
O primeiro aspecto da mercadoria, o valor de uso, refere-se à sua aptidão para satisfazer necessidades humanas concretas, enquanto o outro aspecto, o valor de troca, exibindo-se concernente à intercambialidade entre as mercadorias, é determinado pelo tempo de trabalho humano abstrato socialmente necessário para produzir determinada mercadoria.
Aventaríamos então, com supedâneo no acima aduzido, que o valor de uso é o aspecto concreto da mercadoria, enquanto o valor de troca é seu aspecto abstrato.
Destarte, o dinheiro, o equivalente geral, nasce precisamente desta contradição entre os aspectos concreto (tese) e abstrato (antítese) da mercadoria, realizando uma síntese de tal contradição no ouro, o aspecto abstrato concretizado, vale dizer, a concretização do aspecto abstrato.
São anotações sujeitas ao crivo crítico.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
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