Em sua obra Ciência da Lógica, o filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel disciplinou o pensamento a se conduzir de forma dialética, captando o movimento e a dinâmica do tempo histórico mediante, grosso modo, o trinômio tese-antítese-síntese.
De proêmio, parece que apenas o pensamento obedece tal trinômio dinâmico, sendo certo que a síntese exibe-se como a culminância desse processo cognitivo, a revelar a potência e a relevância da intelecção daquele que a atinge.
Vejamos, nesse diapasão, exemplos hauridos da ciência da Física:
O cientista escocês James Clerk Maxwell, verbi gratia, ao conjugar as forças da eletricidade e do magnetismo, obteve uma síntese assombrosa no eletromagnetismo, e não por acaso o grande desafio da física moderna consiste precisamente na consecução da síntese entre a teoria da relatividade e a mecânica quântica, na coloquialmente denominada teoria de tudo, ou teoria de campo unificado.
Mas a síntese dialética não acontece somente no âmbito do pensamento, ela ocorre sobretudo na própria realidade objetiva que o pensamento colima apreender. Senão vejamos.
A história econômica pode se exibir como um bom exemplo nesse aspecto: a revolução industrial inglesa do século XVIII incidiu primordialmente sobre o processo de produção de capital, sem afetar de maneira importante o processo de circulação, a saber, sem introduzir grandes inovações nas necessidades humanas e respectivos valores de uso, o que levou a um declínio tendencial nas taxas de lucro do capital que, por seu turno, foi combatido, em registro antitético, pelos novos valores de uso concebidos na segunda revolução industrial que ocorreu entre os séculos XIX e XX, os quais apresentavam elevados preços pela sua utilidade inédita e, demais disso, ao revolucionarem os meios de comunicação e transporte, exibiam o condão de aumentar a velocidade de circulação de capital.
A revolução microeletrônica, ou digital, do segundo quartel do século passado, por seu turno, parece configurar uma síntese desta dinâmica histórica das revoluções industriais do capital, ao afetar de forma homogênea e na mesma intensidade, ao que parece, os processos de produção e circulação de capital, aumentando a velocidade de ambos numa rotação mais célere do capital.
São singelas incursões sujeitas a ulterior desenvolvimento e ao crivo crítico.
(por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador)
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