Quem, sinceramente, aprecia seu próprio trabalho de jaez heterônomo?
A necessidade diária de trabalhar para o próprio sustento é um fardo mundial que somente fenecerá quando a sociedade resolver adequadamente o problema da produção e reprodução da vida material imediata dos seres humanos, algo que o modo capitalista de produção não encerra o condão de oferecer.
E enquanto o capitalismo não for sobrepujado e substituído pelo comunismo, em âmbito mundial, a política somente pode versar sobre essa produção e reprodução diária da vida imediata material do Homo sapiens, ou, de forma mais prosaica, sobre economia, ainda que em última instância.
Quando a planificação econômica comunista mundial resolver esse problema, provavelmente mediante adoção da inteligência artificial para coletar e processar dados da oferta e demanda econômicas, em ambiente de propriedade coletiva dos meios de produção, aí então a política poderá versar sobre outros assuntos que não a economia, sendo certo que o trabalho heterônomo tenderá ao desaparecimento.
O genial Antônio Gramsci já divisava isso ao vaticinar sobre a sociedade regulada, quando toda a velha merda, na locução de Marx, daria lugar ao comunismo.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
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