sábado, 5 de abril de 2025

MEMÓRIA E RELATIVIDADE, OU BREVÍSSIMO ENSAIO DE PSICOLOGIA.

Quer nos parecer que não é apenas no âmbito do mundo físico objetivo que vigora uma teoria da relatividade, de tal sorte que sou compelido a acreditar, com a convicção própria das conjecturas, em uma certa relatividade subjetiva, ou psicológica.

Sem embargo, somos dotados de memória e, portanto, o tempo subjetivamente percebido é cumulativo, o que forja a sensação de identidade individual apesar do envelhecimento corporal: por isso dizemos, quando nos perguntam a idade, que temos, digamos, cinquenta e quatro anos de idade, isto é, uma soma, vale dizer, um acúmulo dos anos do calendário que já se passaram desde o nosso nascimento. 

Também por isso, nossa percepção subjetiva da passagem ou velocidade do tempo exibe-se relativa à nossa idade, de tal modo que quanto mais idosos, mais rápido o tempo parece correr, isto é, mais veloz parece o curso do tempo: com efeito, para uma criança de um ano de idade, um período seis meses corresponde a metade do seu tempo de vida, ao passo que, para uma pessoa de sessenta anos de idade, um semestre corresponde a apenas um cento e vinte avos de seu tempo de vida, sendo certo que a velocidade do tempo subjetivamente percebida é tanto maior quanto mais idoso o sujeito considerado. 

Denominaria isto, provisoriamente, de relatividade subjetiva. 

Conjecturas sub judice. 



por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.  

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