sexta-feira, 25 de abril de 2025

O ESGOTAMENTO DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL E A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A grande revolução industrial inglesa do século XVIII foi uma decorrência direta do esgotamento do antigo sistema colonial, tão bem investigado pelo historiador brasileiro Fernando Novais, senão vejamos. 

Sem embargo, nesse sistema colonial antigo, os lucros eram hauridos no processo de circulação de mercadorias, mediante preços administrados pelo monopólio comercial ou exclusivo colonial, através das diferenças de preços entre metrópole e colônia, mas este sistema demandava um aparato burocrático-militar extremamente oneroso que acabou por ensejar um desequilíbrio econômico que ulteriormente conduziu-o ao colapso.

A superação de tal crise sistêmica emergiu na forma de introdução do dinheiro ou circulação de mercadorias no âmago mesmo da produção de mercadorias, com a transformação da própria força de trabalho em mercadoria e a subsunção real do trabalho no capital propriamente dito, o que adquiriu os contornos de uma revolução industrial no século dezoito na Inglaterra, com o advento da maquinaria e grande indústria.

Os lucros agora passaram a ser hauridos no âmbito não da circulação, mas no da produção de mercadorias, e o oneroso aparato burocrático-militar poderia ser enfim descartado para maximizar os ganhos do capital.

Mas esta ilusão falaciosa do liberalismo econômico, que estigmatizava a intervenção estatal, de pronto foi afastada pela crise de superprodução e pelo declínio tendencial da taxa de lucro do capital industrial, o que conduziu à constituição do grandiloquente império britânico no século XIX, um fabuloso novel aparato burocrático-militar de jaez colonialista que colimava o escoamento das mercadorias inglesas praticamente no mundo inteiro.

Mas este império britânico também esgotou-se e entrou em colapso, cedendo lugar ao capitalismo monopolista do século XX, com o retorno dos preços administrados e lucros hauridos no processo de circulação de capital mediante tais preços.




por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador. 

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