Sob enfoque estritamente dialético, o capital produz sua negação ou antítese no proletariado ou classe proletária que, integralmente despojada da propriedade dos meios de produção e, portanto, socialmente compelida a alienar sua força de trabalho, encerra um jaez universal que a habilita a superar mundialmente o capital e os Estados nacionais para instituir um novo e superior modo de produção denominado comunismo, em que a ineficiência econômica e a injustiça social ínsitas ao modo capitalista de produção serão resolvidas.
Tal caráter universal do proletariado reflete-se na ciência social que lhe serve de supedâneo teórico, o socialismo científico, o qual encerra uma superioridade epistemológica patente em relação às variegadas formas de individualismo burguês e capitalista, máxime o liberalismo econômico.
Logo, não há cogitar-se em relativismo epistêmico na luta de classes: o proletariado carrega, sim, a verdade mais definitiva nas ciências sociais através do socialismo científico que lhe serve de espeque.
Mas o partido proletário não se confunde com a classe proletária, pois é um mero instrumento político, uma mera representação política para que o proletariado alcance seus objetivos e cumpra sua tarefa histórica.
O Ministério da Verdade, controlado pelo Partido que se confunde com o Estado na nação correspondente à Oceania, na imaginação fértil de George Orwell em seu romance intitulado 1984, representa precisamente este tipo de relativismo epistêmico descabido quando se cuida do proletariado como classe social potencialmente universal e revolucionária, pelos motivos acima deslindados.
Mas não há que se descurar dos erros históricos do passado, pois o partido proletário não pode submeter politicamente a classe proletária ao se convolar no próprio Estado, mas deve superar a própria política eminentemente burguesa e sobrepujar toda forma de jugo estatal e político.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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