Tintas para as artes plásticas, bem assim instrumentos para a música, não existem prontos na natureza, mas são frutos do engenho humano: eles servem para remover as cores e os sons de seus suportes encontradiços na natureza, colimando sua existência individual e abstrata para uso da espécie humana: a nota dó e a cor vermelha, verbi gratia, somente existem nessa forma individual e abstrata nos instrumentos musicais e nas tintas por força do engenho e da indústria humanos.
Simetricamente, eu diria que tal processo de abstração, que verificamos nas artes, acima, também ocorre nas ciências: consoante se dessume do texto “Breve discurso das hipóstases”, publicado neste portal eletrônico e onde postulo a vertente nominalista da matemática, o número consiste em abstração elevada à máxima potência, pois pode referir-se a qualquer coisa, mas não existe pronto na natureza, pois é fruto do intelecto humano; bem assim na álgebra como na geometria, em que conceitos como ponto e reta, por exemplo, são construtos da engenhosidade do Homo sapiens.
Eis o princípio da abstração nas artes e nas ciências, que produz para nosso serviço as cores, os sons e os números.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
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