De proêmio, exoro licença para remeter os eventuais leitores ao texto intitulado “Sobre dinheiro e mais-valia”, publicado neste portal eletrônico aos 23 de abril do corrente ano.
Demais, é de rigor ponderar que Marx e Engels, fundadores do socialismo científico, legaram-nos um ensinamento perene: enquanto os seres humanos não resolverem o problema da produção e reprodução material imediata de suas vidas, o âmbito econômico remanescerá determinante de suas ideias e ideologias.
Nesse diapasão, antes do advento do modo capitalista de produção, a indústria cingia-se ao artesanato, em que o trabalhador permanece como proprietário dos meios de produção, sendo certo que Marx, em O Capital, sua obra magna, livro primeiro, descreve as formações sociais pré capitalistas para deduzir sua teoria do valor, em que o tempo de trabalho abstrato socialmente necessário para produzi-la é que determina o valor de certa mercadoria.
Ora, tempo de trabalho abstrato, bem entendido, pois é ele que constitui o elemento comum a duas mercadorias diversas que se permutam.
Dessume-se daí que o tempo abstrato da física, aquele do relógio, é fruto das formações econômicas pré capitalistas cuja indústria funda-se no artesão individual que é dono dos próprios meios de produção.
Com o advento da subsunção real do trabalho no capital típico da maquinaria e grande indústria capitalistas, já não é mais exequível relacionar a mercadoria a um trabalhador individual artesão, do que segue que a teoria do valor acima exposta vai sendo paulatinamente corroída, até que o dinheiro, corroído pelo fenômeno inflacionário, perde sua materialidade por completo, iniciando como dinheiro mercadoria cunhado em metais preciosos, passando pela moeda fiduciária e culminando nas atuais criptomoedas.
No âmbito das ideias, o tempo abstrato e absoluto dos relógios vai sendo substituído pela acepção de espaço-tempo da teoria da relatividade.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
Este texto é dedicado ao camarada Maurício Barbara, com admiração e apreço.
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