sábado, 3 de junho de 2023

Por uma nova ética

 Max Weber estabeleceu de forma duradoura a conexão entre a ética protestante e o espírito do capitalismo, ao passo que Karl Marx evidenciou que tal conexão deriva diretamente de relações de produção alienadas, as quais encerram no lucro do capital o objetivo primordial da sociedade moderna, ou seja, o lucro, para tais autores, representa o valor moral mais elevado da sociedade capitalista. Eis a ética do capital: valorização de valor, vale dizer, obtenção de mais-valia e lucro.


Por óbvio, cuida-se de ética alienada, imposta aos indivíduos por relações de produção que eles contraem entre si de forma heterônoma, ou seja, a despeito e mesmo contra a sua vontade. 


Friedrich Nietzsche, conquanto extremamente polêmico, estava certo ao suscitar a necessidade de uma nova ética, o que denominou "transvaloração de todos os valores", ao identificar a metafísica como responsável por submeter os homens a certa moral infensa à sua mais recôndita e verdadeira natureza, mas descurou de estabelecer, por assim dizer, as condições materiais para essa nova moral, já que as relações de produção alienadas do capitalismo e a decorrente divisão entre classes sociais antagônicas limitam a "humanidade" a um conceito vago e abstrato. 


Mister, pois, suplantar a alienação capitalista e sua divisão entre classes sociais antagônicas para que exsurja uma humanidade concreta, real e prática, condição inafastável de uma nova ética humana, demasiado humana. 


(por Luis Fernando Franco Martins Ferreira)

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