sábado, 16 de setembro de 2023

Um todo artístico

 Ápice da crítica da economia política, obra magna de Karl Marx, O Capital constitui também o ponto culminante da historiografia mundial, ao haurir a essência do evolver das civilizações com a exposição das sucessivas relações de produção contraídas involuntariamente pelos seres humanos.


Mas olhem:


Conquanto de grandes dimensões, tal obra seria apenas o primeiro livro de um total de seis planejados pelo respectivo autor, um projeto de arquitetura colossal que não foi concluído, lamentavelmente, por força do perfeccionismo do Mouro de Trier.


Marx denominou seu projeto de “um todo artístico”, muito embora esteja habitualmente inserido no elenco das obras de ciências econômicas.


Acontece que O Capital, consoante já antecipado acima, exibe-se obra típica de historiografia, e nesse sentido encerra também um jaez artístico, em consonância com a dualidade entre ciência e arte que caracteriza a disciplina da História.


Ora, se a ciência deve ser breve, a arte deve ser longa como a vida, daí a dimensão colossal do projeto marxiano, esse todo artístico que colima abroquelar todos os aspectos da produção e reprodução da vida material do Homo sapiens.



Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário