A produção e reprodução da vida material humana em sociedade realiza-se por duas vertentes angulares, a saber: a reprodução sexuada e o trabalho.
Mas tanto o universo da reprodução sexuada quanto o mundo do trabalho pareciam demasiado indignos e desagradavelmente feios aos olhos da arte plástica do romantismo pictórico, que os submergia na representação do amor lírico e da natureza em suas telas assépticas.
O pintor britânico Laurence Stephen Lowry, no entanto, parece ter sido um dos arautos infensos a essa modalidade romântica da representação pictórica da realidade social, ao retratar em suas telas precisamente o universo das fábricas e dos trabalhadores da indústria de seu país.
Malgrado ainda restrito a certo figurativismo que alguns classificaram até mesmo como naif, sua obra antolha-se-nos mais revolucionária do que a ramificação de jaez formalista que vai dos impressionistas ao abstracionismo, passando por Van Gogh e Picasso, porquanto, ao contrário do racionalismo destes, Lowry dirige-se diretamente ao coração dos trabalhadores, encerrando o condão mais de comover do que de fazer pensar abstratamente.
Seria a obra de Lowry uma espécie ou vertente de realismo socialista ocidental?
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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