Enfim, a festejada economista liberal DEIRDRE NANSEN McCLOSKEY acertou na mosca, especificamente no artigo publicado hoje na versão eletrônica do jornal Folha de SP, em que se dedica a criticar veementemente a famigerada sigla STEM, iniciais em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática, a qual pressupõe uma certa hostilidade contra as assim denominadas ciências humanas e a cultura em geral.
Com todo o devido respeito, todavia, essa economista, liberal que é, esqueceu-se de acrescentar que a STEM decorre precisamente de ideologia liberal de jaez burguês, a qual se inclina a enaltecer o assim denominado departamento 1 da vida econômica, voltado à produção de meios de produção, em detrimento do departamento 2, destinado à produção de meios de consumo.
Isso tem uma explicação.
Ora, o capital consiste precisamente na propriedade privada de meios de produção, os quais são portanto enaltecidos normalmente pela ideologia burguesa, afora o fato de que a primeira grande revolução industrial do capitalismo, a inglesa do século XVIII, tenha incidido basicamente sobre os meios de produção, deixando os meios de consumo, notadamente de natureza têxtil, quase incólumes.
A atual revolução digital, ao contrário, incide com maior intensidade justamente nos meios de consumo e de circulação de capital.
Eu me inclinaria a cumprimentar efusivamente a respeitável senhora Deirdre McCloskey pelo artigo acima aludido, mas, como lembra meu camarada Lincoln Secco, um relógio parado também acerta de vez em quando.
por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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