segunda-feira, 18 de março de 2024

Adam Smith e a inteligência artificial.

 Quando trabalhei como procurador da Previdência Social no âmbito da infortunística, em meados da década de 1990, havia uma verdadeira epidemia de mesopatias relacionadas às lesões por esforços repetitivos, também conhecidas por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho.


Na verdade, o aprofundamento histórico da divisão social ou fabril do trabalho é manifestamente ambivalente, pois, se aumenta a força produtiva do trabalho, também o faz repetitivo, monótono e prejudicial à saúde do trabalhador, cabendo destacar que o custo social e previdenciário dessa prejudicialidade talvez diminua ou mesmo anule os ganhos de produtividade econômica.


Por isso, hodiernamente, a inteligência artificial e a robótica atuam em sentido contrário da divisão do trabalho que o torna repetitivo e monótono, substituindo tarefas laborais desse jaez.


Talvez, então, Adam Smith estivesse equivocado ao enaltecer os benefícios sociais e econômicos da divisão do trabalho e da especialização do trabalhador, considerando o atual movimento contrário a esse fenômeno histórico.





Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.

2 comentários:

  1. Camarada, não acho que os atuais desenvolvimentos da IA atuem no sentido contrário ao da divisão alienante do trabalho, mas que seu objetivo é pura e simplesmente substituir força de trabalho sob a lógica da diminuição de custos com capital variável. Somente sob relações de produção socialistas, as possibilidades desalienadoras da IA poderiam se realizar. Algo que a meu ver ainda está bem distante de se concretizar. Abraço

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    1. Concordo parcialmente: também estou convicto de que sob o pálio do capital a IA não é libertadora, mas há um movimento patente de substituição de tarefas repetitivas, um prenúncio do que poderá vir sob o pálio do modo comunista de produção, grande abraço camarada!

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