sexta-feira, 3 de maio de 2024

CIÊNCIA E HISTORICISMO

Neste exato momento, estou na posse de uma biografia de Isaac Newton elaborada por James Gleick, mas, dominado pela dúvida, reluto em iniciar a leitura, pois uma indagação comove-me: qual seria a importância de uma biografia para elucidar a obra de um grande cientista?

Questão deveras complexa, devo admitir. 

Certa vertente historicista alegaria que o contexto ou a conjuntura histórica exibe-se inafastável para a devida intelecção da obra de um cidadão que tem significativa contribuição para a humanidade, como é o caso do cientista em testilha. Inclino-me a discordar. 

Ora, se a contribuição é de fato relevante, ela ultrapassa, em muito, a conjuntura e o contexto histórico que produziram o indivíduo, seja ele artista, cientista, ou seja lá o que for.

Socorro-me, neste caso, do anti-humanismo teórico postulado por Louis Althusser: importa somente o desenvolvimento histórico das relações de produção, mas não a história dos seres humanos que estabelecem involuntariamente tais relações entre si. 

Nesse caso, as biografias seriam inúteis. 

Moral da história: lerei detidamente a biografia de Isaac Newton, mas para puro deleite de fim-de-semana, sem pretensão de elucidar sua obra atemporal. 

Agora, se se tratasse de uma obra marxista de história das relações de produção para explicar a teoria newtoniana da gravidade, poderíamos até mesmo elucidar o pioneirismo britânico na Revolução Industrial do século XVIII, quem sabe?





Por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA 

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