Neste exato momento, estou na posse de uma biografia de Isaac Newton elaborada por James Gleick, mas, dominado pela dúvida, reluto em iniciar a leitura, pois uma indagação comove-me: qual seria a importância de uma biografia para elucidar a obra de um grande cientista?
Questão deveras complexa, devo admitir.
Certa vertente historicista alegaria que o contexto ou a conjuntura histórica exibe-se inafastável para a devida intelecção da obra de um cidadão que tem significativa contribuição para a humanidade, como é o caso do cientista em testilha. Inclino-me a discordar.
Ora, se a contribuição é de fato relevante, ela ultrapassa, em muito, a conjuntura e o contexto histórico que produziram o indivíduo, seja ele artista, cientista, ou seja lá o que for.
Socorro-me, neste caso, do anti-humanismo teórico postulado por Louis Althusser: importa somente o desenvolvimento histórico das relações de produção, mas não a história dos seres humanos que estabelecem involuntariamente tais relações entre si.
Nesse caso, as biografias seriam inúteis.
Moral da história: lerei detidamente a biografia de Isaac Newton, mas para puro deleite de fim-de-semana, sem pretensão de elucidar sua obra atemporal.
Agora, se se tratasse de uma obra marxista de história das relações de produção para explicar a teoria newtoniana da gravidade, poderíamos até mesmo elucidar o pioneirismo britânico na Revolução Industrial do século XVIII, quem sabe?
Por LUIS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA
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