André Bazin defendia o plano-sequência para captar o real com mais fidelidade nas artes cinematográficas, colimando simular o tempo vivido pelo indivíduo.
Mas esse tempo vivido pelo indivíduo corresponde ao tempo linear e abstrato do relógio, que não retrata a realidade fielmente, eis que resulta das limitações da experiência e da memória de uma vida humana, vale dizer, cuida-se de um tempo derivado do acúmulo das memórias empíricas do indivíduo, um tempo anterior ao advento da teoria da relatividade.
Já o espaço-tempo da relatividade de Albert Einstein, decorrente do movimento relativo dos corpos, que transcende o tempo abstrato e linear decorrente da experiência empírica individual, exibe-se mais próximo da montagem dialética postulada por Sergei Eisenstein, com sua justaposição de imagens para compor uma ideia no cérebro do respectivo espectador.
A montagem de Eisenstein retrata melhor o espaço-tempo da teoria da relatividade, inacessível à experiência empírica de uma vida individual, e se mostra mais consentâneo também com a história marxista das relações de produção ou dos modos de produção, de longa duração e que suplanta a duração de uma vida individual.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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