quarta-feira, 22 de outubro de 2025

DO ABSURDO EXISTENCIALISTA (ao camarada LINCOLN SECCO, exímio curador marxista brasileiro)

Muito provavelmente, a faceta mais radical do existencialismo consista na ideia de absurdo, esta ausência de sentido no mundo, desenvolvida teoricamente, verbi gratia, por Albert Camus e conduzida ao paroxismo por Emil Cioran, para quem, no limite, o suicídio pode configurar uma saída trágica, mas honesta, para esta falta de esperança na existência humana.

Mas, efetivamente, o que conduz a esse pessimismo exacerbado, a esse abismo vertiginoso?

O contraponto dos existencialistas ao racionalismo absoluto de Hegel, na verdade, não introduziu nada de sistemático em seu lugar, remanescendo no âmbito do irracionalismo individualista que conduz, em última instância, àquela ideia de abismo e absurdo suicidas. 

Um esforço concentrado para devolver sentido à existência humana foi logrado, todavia, pelo socialismo científico, que deslocou o indivíduo do centro das investigações para entronizar a sociedade dividida em classes sociais antípodas, em que o sentido da necessidade revolucionária de constituição da verdadeira Humanidade, despojada de antagonismos de classes sociais e Estados nacionais, e onde cada indivíduo poderá desenvolver suas plenas capacidades ao obter uma existência materialmente digna desse nome, substitui o vazio e o absurdo individuais existencialistas. 

Nesse diapasão, o socialista Louis Althusser costumava asseverar que os indivíduos, por ora, são meros vetores de determinações estruturais do capital, sendo certo, portanto, que o vazio existencial e o absurdo individual decorrem precisamente do fato de que os seres humanos estabelecem entre si relações de produção, ou de propriedade dos meios de produção, heterônomas e alienadas, que os governam à sua revelia e que os destitui de sentido próprio para existir no mundo. 

Tais relações de produção atingem o apogeu no capital, esta faceta abstrata da forma-mercadoria que obtém autonomia e governa o destino dos seres humanos de forma alienada e heterônoma, parecendo lícito ventilar que, precisamente, este jaez ABSTRATO do capital é que produz a sensação individual de vazio existencial e absurdo do mundo. 

Mas a verdadeira Humanidade já aludida, a ser alcançada no comunismo mundial vindouro, restituirá o sentido da existência aos invidíduos humanos, mas agora em chave coletiva, e não egoísta. 

Eis, portanto, o sentido e a tarefa que se impõem hodiernamente aos seres humanos enquanto coletividade: a revolução que suplantará o capital para alcançar o comunismo mundial. 





por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.          

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