Não resta dúvida de que o último grande sistema filosófico coincide com o idealismo de George Wilhelm Friedrich Hegel, o pioneiro a descortinar, pela entronização da razão absoluta, a lógica dialética que rege a história, asseverando que o real é racional e o racional é real.
Demasiado abstrata, porém, a razão idealista de Hegel, que rege a história universal, reflete, na verdade, o mundo burguês das relações de produção alienadas e heterônomas do capital, em que os seres humanos, segundo Louis Althusser, não são mais do que meros vetores de determinações estruturais deste capital, e que produziu nossa arte e nossa ciência também abstratas, fundadas no indivíduo como proprietário privado dos meios de produção.
Soren Kierkegaard parece ter sido o primeiro a insurgir-se contra o sistema idealista de Hegel com a lapidar senteça: "O filósofo constrói um castelo de ideias e mora numa choupana", no que foi seguido pelo niilismo de Friedrich Nietzsche, que preconizava liquidar a marteladas com todas as abstrações em nome do advento do sobre-humano e da transvaloração de todos os valores.
Malgrado sua eloquência, todavia, esses precursores existencialistas, críticos de Hegel, deixaram de estabelecer os fundamentos da superação da alienação em que se funda a razão abstrata idealista, quedando, portanto, confinados no âmbito do irracionalismo filosófico.
Mas Karl Marx logrou superar a razão abstrata do sistema idealista mediante um sistema materialista histórico, fundado na praxis social e na razão concreta, e não no indivíduo isolado dos existencialistas, ao preconizar que "os filósofos cingiram-se a interpretar diferentemente o mundo: cabe, porém, transformá-lo"
Destarte, no comunismo mundial, previsto por Marx, a razão concreta prevalecerá sobre a razão abstrata, mediante o advento de um algoritmo central alimentado com todos os dados de produção e consumo mundiais de todos os agentes econômicos, ao qual caberá tratar e processar tais dados para atribuir a cada um segundo suas necessidades, e para exigir de cada um segundo suas possibilidades, consoante a máxima comunista inspirada nas Sagradas Escrituras da tradição judaico-cristã.
Nesse novel e vindouro modo de produção social, comunista mundial, o real tornar-se-á racional e vice-versa, concretizando o vaticínio do último filósofo, Hegel.
por LUÍS FERNANDO FRANCO MARTINS FERREIRA, historiador.
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