A rifa de um mito
O mês de agosto mal começou e já nos surpreendeu. Embora seja sedo para afirmar, o Governo Dilma se aproxima de completar sua guinada aos interesses do Capital e busca contornar a crise política na base do do "salve-me enquanto puder."
Alguns Blogs progressistas já conseguiram detectar o movimento que o
Governo vem fazendo no sentido de se salvar. Dizem a respeito de um acordo desse com os meios de comunicação, encabeçado pela Globo. O propósito
seria o de arrefecer o ânimo dos golpistas, mas também no sentido de
ceder ainda mais ao favorecimento às classes dominantes: juros altos,
arrocho, e nada, nada de aumento de impostos sobre os ricos, transmissão
de heranças ou qualquer coisa que o valha. A conta ficará para quem
sempre a pagou: a classe pobre. Assim completa-se um ciclo de transição,
em que o Governo Dilma aparece definitivamente desfigurado de identidade
popular.
Soma-se à economia as ações próprias da política. Na lógica do "salve-me quem puder" está implícita a imobilidade em relação as
ações criminosas contra o Estado Democrático de Direitos,
principalmente em relação às prisões arbitrárias, que podem atingir em
cheio o mito Lula.
E, se há um acordo para que a oposição se acomode, é exigida a garantia de que Lula não será novamente candidato em 2018. Essa costura está sendo
construida agora em torno do "grande pacto nacional". Preso,
desterrado ou simplesmente coagido a não disputar, Lula não pode ser
candidato em 2018 para que o Governo Dilma se salve, simples assim.
A "Justiça Republicana", com seus braços replantados está a segurar duas
bandejas: numa delas a cabeça de Eduardo Cunha, na outra a de Lula
A prisão de José Dirceu, o atentado ao instituto Lula, a prometida delação de Duque e uma operação Lava-jato, cujos procuradores e delegados da PF, não disfarçam mais o desejo de colocar o ex-presidente na cadeia: "chefe de quadrilha", como já afirmaram outros em outros tempos, provam de um lado a inoperância republicana do Governo, e de outro, a afirmação popular que diz: "cada um com seus problemas".
Ao PT fica a lição das eleições que disputou e ganhou e que provam que o mito Lula é maior que ele.
Carlos Cesar Felix
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