É cediço que Karl Marx tinha Charles Darwin em alta consideração e enxergava pontos de convergência entre sua obra O Capital e a obra do naturalista inglês, intitulada A origem das espécies, a ponto de mandar um exemplar de sua crítica da economia política ao biólogo britânico.
Com efeito, em O Capital Marx investiga a evolução histórica das relações de produção, cabendo destacar que, se os indivíduos humanos morrem, não é menos verdadeiro que as relações de produção que eles contraem entre si são perenes e se reproduzem com seus descendentes e sucessores, parecendo lícito aventar que tais relações evoluem de forma cumulativa e se tornam cada vez mais complexas, a exemplo das relações de produção consubstanciadas sucessivamente na mercadoria, no dinheiro, no capital industrial, na renda fundiária e no capital financeiro.
Há uma simetria flagrante entre a evolução das relações de produção e a evolução das espécies biológicas.
Sem embargo, os indivíduos da fauna e da flora morrem, mas as suas espécies biológicas permanecem nos seus descendentes e sucessores, cabendo destacar que tais espécies também evoluem de forma cumulativa e cada vez mais complexa, como é o caso da história natural que vai dos indivíduos unicelulares à complexa espécie do homo sapiens.
Por Luís Fernando Franco Martins Ferreira, historiador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário